sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva
Ao longo de vários anos a comunidade científica na área da Biologia Evolutiva tem vindo a crescer em Portugal. São prova disto as diversas teses académicas e artigos publicados na área por investigadores portugueses que trabalham nos melhores centros de investigação nacionais e estrangeiros, bem como, a organização de sete encontros nacionais ao longo de todo o país.
Em resultado deste crescimento surgiu a necessidade da criação de uma organização que representasse todos estes investigadores e que pudesse promover e apoiar a comunidade científica que se dedica ao estudo e divulgação da Biologia Evolutiva em Portugal.
No último Encontro Nacional de Biologia Evolutiva foi criada uma comissão fundadora que tratou de oficializar e criar a Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva. Desde então escreveram-se os estatutos, foram recolhidas quotas e tratou-se do registo oficial.
A APBE é uma realidade e é do interesse de todos nós que o número de associados cresca e que existam mais pessoas envolvidas no desenvolvimento da nossa associação.
Esperamos que todos os biólogos evolutivos que se identificam com os nossos objectivos estatutários se possam associar e fazer parte desta nossa associação.
Os membros fundadores da Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva,
Isabel Gordo
Rui Castanhinha
André Levy
Hugo Gante
Rita Campos
Alexandra Pinto
Alexandra Lopes
Sara Branco
Ricardo Pereira
Paula Campos
Rui Faria
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Projecto PalNiassa wins National Geographic Award
O National Geographic Society's Committee for Research and Exploration premiou-nos com um Young Explorers grant pelo nosso projecto "Projecto PalNiassa: mammal ancestors from an unexplored basin from the end-Permian Mass Extinction event".
Este apoio vem garantir a viabilidade da próxima expedição a Moçambique. Desta forma poderemos dar continuidade aos trabalhos que a equipa PalNiassa tem estado a desenvolver.
domingo, 30 de outubro de 2011
A vergonha no fim de Kadafi
"2006 termina com uma lição: aprendemos muito pouco.
Quem condena um culpado não pode, como penitência, seguir-lhe o exemplo."
E é tudo isto ainda mais triste, pois não tendo havido nenhum julgamento, Kadafi morre inocente nas mãos de um novo regime que não nasce sem mácula.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Relatórios e tretas...
Grande ideia, como é que ninguém pensou nisto antes?
Mais, neste relatório não há nem uma só palavra sobre a política de filho único na China e muito menos sobre a política de aborto forçado e/ou esterilização forçada, que ainda hoje é uma realidade no país que mais abortos faz em todo o mundo. Nada disso, o que faz falta é "Expand access to legal abortion and ensure that safe and legal abortion services are available to women in need."
Depois, tenho pena que o relatório não inclua os dados desde os primeiros anos em que o aborto foi legalizado no respectivos países, refere-se apenas a dados posteriores a 1995. Podem ver que pelo menos em alguns países aconteceu uma explosão nos número de abortos: http://conjurado.blogspot.com/2007/01/espanha-estados-unidos-e-gr-bretenha.html (os gráficos do link referem-se a abortos registados oficialmente desde os primeiros anos da legalização nos respectivos países e não apenas a dados posteriores a 1995).
Mas, e mesmo que tudo isto não fosse verdade e bastante para enojar qualquer um, saltam ainda à vista uma completa falta de coerência na argumentação e uma confusão clarissima.
A incoerência vem da aparente preocupação do relatório em demonstrar que a legalização ajuda a baixar o número total de abortos.
Como se isso fosse um problema para quem acha que tudo isto deve ser apenas uma questão de consciência da mãe.
Se partimos do princípio que não há problema em legalizar o aborto porque é uma questão de consciência, então por que razão estamos preocupados com o facto de a legalização fazer ou não baixar o número total de abortos?
Ou seja, se acho que fumar charros é apenas uma questão de consciência individual, por que razão me hei de me preocupar se a sua legalização baixa ou aumenta o número de charrados? Se fumar um charro é tão legitimo como fazer um aborto eu quero lá saber se há mais ou menos charrados(as) a engravidar e a abortar do que no ano passado!
Para ser claro, cá vai o raciocínio:
Nenhum de nós se deve preocupar em baixar o número de acções legítimas.
Logo, não nos devemos ralar com a diminuição do número de abortos.
Há algum erro que eu não esteja a ver?
O que é verdade é que, por mais coerente que seja, nunca ouvi ninguém defender algo parecido à conclusão do silogismo. Todos dizem que estão muito empenhados em fazer baixar o número de abortos e toda gente julga que isso é óbvio e nada tem que ver com "lado da barricada" em que se está. Ora isso não é bem verdade.
Se não há nenhum erro em nenhuma das premissas, temos de aceitar a conclusão e, de facto, pode perfeitamente deixar de fazer qualquer sentido continuarmos preocupados com as variações dos números de uma prática que consideramos legítima.
Podemos até cair numa posição tão caricata quanto coerente ao acabarmos por nos preocupar com a diminuição do número de abortos. Se há menos mulheres a praticar abortos então talvez esteja a haver uma pressão social para diminuir uma acção que é perfeitamente legítima, individual e que não deve nunca ser contrariada. Se andamos a fazer menos abortos talvez seja porque a sociedade se anda a meter na vida das mulheres e devemos contrariar esta intromissão inaceitável... ou, ou talvez isto seja ir longe demais.
No entanto é tudo resultado da confusão que mencionei antes.
Ela existe, é clara e baralha legitimidade com conveniência.
Mesmo que a legalização fizesse diminuir o número de abortos ela só deveria ter lugar se fosse legítima.
Uma lei para existir tem de ser legítima e conveniente, ambas as condições são necessárias e só juntas são suficientes para que possamos legislar algo.
São sempre necessárias as duas condições: legitimidade e conveniência.
E é por não ser conveniente que não se despedem centenas de milhares de funcionários públicos para reduzir o défice do estado. Esta medida é tão legítima como cortar dois meses de salários anuais e o nosso parlamento tem toda a legitimidade depois de eleito para poder fazer qualquer uma das coisas. No entanto parecem estar a optar pela segunda hipótese por acharem que, embora tão legitima como a primeira, é mais conveniente para todos. Mais uma vez só quando temos as duas condições satisfeitas é que devemos aceitar uma medida.
O ponto fundamental é saber se o aborto é legítimo ou não. Se é legítimo, a sua legalização resulta do facto de ser legítimo e não do facto de fazer diminuir a sua prática. E se o aborto é ilegítimo, como podemos legitimá-lo? Ou basta dizer que é extremamente conveniente para passar a ser legítimo?
Dizer "vamos legalizar X mesmo sabendo que é ilegítimo porque se o fizermos isso é muito conveniente pois ajuda a diminuir esse mesmo X", não me parece que seja uma boa prática pois deixa a porta aberta a todo o tipo de legalização. Trocando, na frase anterior, "X" por "pedofilia", "infanticídio" ou "aborto até aos 9 meses" talvez ajude a obviar o ridículo da questão.
Concluindo. Fico contente que, se os números do relatório estiverem correctos, desde 1995 até 2003, o número de abortos legais esteja alegadamente a diminuir no mundo mas julgo que as políticas de planeamento familiar e aumento global das condições de vida sejam as verdadeiras responsáveis por esse aparente facto: apesar do aborto ser legal e não por causa de o ser!
Mas continuo muito triste por saber que, todos os anos, morrem mais de 40 milhões de crianças antes de nascerem, porque a sociedade onde todos vivemos apenas tem para oferecer a uma mãe desesperada e grávida um aborto e não uma vida digna para deixar crescer o seu filho.
No final de lerem este texto devem ter sido abortadas a pedido da mãe, mais de 400 crianças!
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Fósseis de Moçambique, terra da boa terra.
Desde 2009 que uma equipa de investigadores Portugueses e Moçambicanos tem vindo a desenvolver, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, uma campanha de estudo dos fósseis de Moçambique intitulada Projecto PalNiassa (www.palniassa.org).
Há qualquer coisa de diferente na cor e no cheiro de África. Não é fácil saber o quê, mas existe. Quando se chega, há uma ligação com a terra, com as pessoas, com o ar e, sem se saber muito bem porquê, não conseguimos deixar de nos sentir em casa. O título "terra da boa gente" dado por Vasco da Gama após ter aportado em Moçambique no séc. XV é, ainda hoje, justamente célebre. Muito embora a fama da gente tenha vingado, pouco se sabe sobre a terra que essa mesma gente pisa. O solo de Moçambique é fecundo em recursos minerais e quase sempre fértil, mas há ainda muito por descobrir.
África, e especialmente Moçambique, não tem sido alvo de intensas campanhas paleontológicas. Muitas são as zonas com conflitos armados e é comum existirem áreas interditas por estarem minadas. Assim, e pela primeira vez, Moçambique conta com um projecto internacional exclusivamente dedicado ao estudo da paleontologia de vertebrados em todo o seu território - o projecto PalNiassa.
A equipa do projecto é composta por investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (Rui Castanhinha), do Museu Nacional de Geologia (Maputo), da Universidade Eduardo Mondlane, da Universidade Metodista do Sul (Dalas) e do Museu da Lourinhã. O projecto tem por objectivos fazer investigação, preservar o património paleontológico moçambicano e divulgar a ciência. Este triângulo de investigação, conservação, e educação é central em todo o trabalho desenvolvido pela equipa PalNiassa.
No âmbito da investigação foram recolhidos na província do Niassa mais de meia tonelada de fósseis que foram transportados para Portugal, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da TAP. Os animais descobertos encontram-se em excelentes condições e estão extremamente completos. A sua maioria pertence ao grupo evolutivo de onde surgiram todos os mamíferos: os sinapsídeos. Viveram há aproximadamente 250 milhões de anos, no final do Pérmico, período geológico que antecedeu a maior extinção visível no registo geológico. Julga-se que tenham desaparecido na transição do Pérmico para o Triásico mais de 95% de toda a biodiversidade do planeta, logo, importa compreender a fauna que habitou o sudoeste africano, numa altura em que todos os continentes se encontravam ligados.
Todo o material encontrado é património da República de Moçambique e regressará ao país de origem com técnicos formados, instalações museológicas para os receber e conhecimento científico para enriquecer o património não material moçambicano. Para além de vários artigos em curso e já submetidos a revistas científicas, na passada semana um dos fósseis mais completos foi analisado por tomografia de raios-X nas instalações alemãs do sincrotrão de Hamburgo (www.desy.de) de forma a reconstruir virtualmente o seu interior.
Neste momento existe um estagiário moçambicano (Salimo Mario) a receber formação em preparação de fósseis no Museu da Lourinhã com uma bolsa financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Este será o primeiro preparador de fósseis da história de Moçambique e estão em curso planos para a construção do laboratório de estudos paleontológicos em Maputo. Alguns destes fósseis podem ser observados no Museu Nacional de Geologia em Maputo bem como, até dia 9 de Outubro, numa exposição temporária do Museu da Lourinhã.
O projecto PalNiassa continuará por mais anos sempre em busca de mais descobertas, mais cientistas e melhores recursos para o desenvolvimento da ciência em Moçambique.
Por: Rui Castanhinha
Publicado na Newsletter da Fundação Calouste Gulbenkian, Outubro de 2011
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Fósseis de África no Museu da Lourinhã
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sexta-feira, 29 de julho de 2011
Projecto PalNiassa: artigo na Newsletter da GSAf (Geollogical Society of Africa)
Saíu na nova Newsletter da Geological Society of Africa um pequeno artigo sobre o Projecto PalNiassa. A interacção com a academia moçambicana, nomeadamente o geólogo Lopo Vasconcelos (mas também Mussa Achimo, João Mugabe, entre outros) tem sido crucial para o desenrolar do Projecto PalNiassa, do qual resultou este pequeno artigo sobre o Projecto. Estamos juntos!
Texto: Ricardo Araújo
terça-feira, 26 de julho de 2011
Reportagem RDP África
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Científica Mente 2011
PalNiassa 2011 - Moçambique investe no crescimento da Paleontologia no país
2011-07-23 RUI CASTANHINHA E RICARDO ARAÚJO REGRESSARAM A MOÇAMBIQUE PARA A TERCEIRA EDIÇÃO DO PROJETO PALNIASSA. DESTA VEZ SALIMO MURRULA, O ESPECIALISTA MOÇAMBICANO QUE ESTÁ EM PORTUGAL A FAZER FORMAÇÃO EM PREPARAÇÃO DE FÓSSEIS, ACOMPANHOU-OS. O MUSEU NACIONAL DE GEOLOGIA, EM MAPUTO, RECEBEU O PRIMEIRO VESTÍGIO RECOLHIDO NAS ANTERIORES EDIÇÕES, JÁ TRATADO E ESTUDADO.
A Paleontologia em Moçambique continua a crescer e consolidar-se. Passos seguros estão a ser dados pelo país, a partir de um projeto que começou de forma relativamente modesta em 2009, o PalNiassa. Nessa altura, dois jovens investigadores portugueses, Rui Castanhinha e Ricardo Araújo, foram procurar fósseis no Niassa. Contaram com apoio logístico das instituições moçambicanas e fizeram, logo nessa primeira expedição, descobertas muito interessantes. O esqueleto completo de um sinapsídeo, um pequeno vertebrado, antepassado longínquo dos mamíferos, terá sido a mais entusiasmante, mas outros vestígios da vida do Pérmico, há 250 milhões de anos, foram recolhidos e estão ainda a ser estudados.
Em 2010, na segunda expedição, o projeto cresceu e iniciou-se a ponte em sentido inverso: um técnico moçambicano iniciou uma formação de um ano, em Portugal, no Museu da Lourinhã, como preparador de fósseis, ao abrigo de uma bolsa concedida pela Fundação Calouste Gulbenkian. Salimo Murrula está há sete meses em Portugal e quando regressar será o primeiro preparador de fósseis da história de Moçambique.
O Museu Nacional de Geologia de Moçambique irá receber os fósseis à medida que estejam completamente preparados e estudados. O primeiro vestígio já chegou a casa e muitos outros, espera-se, farão esse mesmo caminho de regresso.
Nesta edição falamos com Rui Castanhinha, nesta altura a fazer um doutoramento no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras em Portugal, com Ricardo Araújo, a fazer um doutoramento na Universidade Metodista do Sul, no Texas, nos Estados Unidos e com Salimo Murrula especialista moçambicano a fazer formação no Museu da Lourinhã, em Portugal.
Em 2010, na segunda expedição, o projeto cresceu e iniciou-se a ponte em sentido inverso: um técnico moçambicano iniciou uma formação de um ano, em Portugal, no Museu da Lourinhã, como preparador de fósseis, ao abrigo de uma bolsa concedida pela Fundação Calouste Gulbenkian. Salimo Murrula está há sete meses em Portugal e quando regressar será o primeiro preparador de fósseis da história de Moçambique.
O Museu Nacional de Geologia de Moçambique irá receber os fósseis à medida que estejam completamente preparados e estudados. O primeiro vestígio já chegou a casa e muitos outros, espera-se, farão esse mesmo caminho de regresso.
Nesta edição falamos com Rui Castanhinha, nesta altura a fazer um doutoramento no Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras em Portugal, com Ricardo Araújo, a fazer um doutoramento na Universidade Metodista do Sul, no Texas, nos Estados Unidos e com Salimo Murrula especialista moçambicano a fazer formação no Museu da Lourinhã, em Portugal.
por : Ana Paula Gomes
Tags : Moçambique,Portugal
sábado, 23 de julho de 2011
Robert FitzRoy, Julho 23
Capt. FitzRoy was concern that he may have taken faulty measurements at San Salvador so he ordered the Beagle on a detour back to South America.
A sua personalidade, em muitos aspectos oposta a Darwin, muito deve ter contribuído para a consolidação e revisão de muitas das ideias revolucionárias deste brilhante cientista.
É também o oposto de Henslow, FittzRoy é um personagem carrancudo, autoritário e fundamentalista (Um típico capitão da marinha britânica do séc. XIX). Mas é, em igual medida, um homem forte, leal, honesto e extremamente meticuloso. Ficou para a História como o capitão da viagem que veio a provocar a maior revolução científica no campo da Biologia alguma vez operada na cabeça de um só homem: a teoria da evolução por selecção natural.
Sem a sua personalidade e sem o seu constante temperamento de debate e discussão com Darwin sobre todos os assuntos mais ou menos científicos, teria sido praticamente impossível a este último formular e reestruturar toda a sua visão sobre o mundo durante a viagem do Beagle.
A figura do capitão FitzRoy ensina-nos que os nossos opostos são úteis por nos obrigarem a repensar o que achamos certo e reformular o que está errado, ele é o símbolo de uma viagem de circum-navegação cheia de discussões críticas que, por isso mesmo, abriu caminho a mais e melhor ciência.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Site do MNG
A exposição foi reaberta pelo ex-presidente Joaquim Chissano no dia 21 de Setembro de 1992.
O MNG possui actualmente um total de 5853 amostras, das quais cerca de 800 estão expostas, despertando maior atenção e atracção as pedras preciosas e semi-preciosas, os minerais industriais tecnicamente valiosos e os cristais, invulgares pelas suas dimensões.
Visitando o museu, esta inicia com a sala 1 com a exposição do desenvolvimento da história da terra e alguns fósseis de Moçambique, alguns dos quais descobertos pela nossa equipa em 2009.
O seu actual director é o Dr. Luís Costa Júnior que é ainda um dos lideres do projecto PalNiassa, a ele se deve grande parte do mérito por todo o dinamismo e desenvolvimento do Museu.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Com atraso: Penúltimo dia
"It is not even the beginning of the end."
"But it is, perhaps, the end of the beginning."
sexta-feira, 15 de julho de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Julho, segunda quarta-feira
É sempre presente a voz de quem nos falta.
Julgo que apenas fui uma criança feliz enquanto vivi tudo pela primeira vez e, apesar de ser quase tão óbvio como curioso pensar que houve uma primeira vez que olhei para lua, que comi um gelado ou que ouvi o eco duma pedra a bater no fundo dum poço, parece triste saber que só alguns continuam a sentir esse constante espanto pela maravilha que nos rodeia.
É, é isto.
O universo faz sentido e o nosso tempo deve servir apenas para deixar conhecimento e beleza novos ao mundo, tudo o resto é trivial.
Nada tem maior valor do que o brilho nos olhos de alguém que percebeu algo de novo e nada há de mais generoso do que dedicar a vida a conhecer o mundo para que os outros se maravilhem com isso.
Há memórias que nunca se apagam e continua presente a voz de quem nos falta. Prefiro fazer ciência a ouvir falar dela. É quase sempre assim, em tudo, mas enquanto penso nisto pela primeira vez, sei que é um privilégio nunca desistir de ser criança.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Dia 12 de Julho
A realidade é outra num céu diferente, a lua não mente e a moral, essa, revela-se pequena e particular.
Pouco há a fazer quando os costumes nos são estranhos e a surpresa se antecipa a qualquer reacção mais coerente.
Dia de Palestra Pública, com letra maiúscula e no Hotel VIP que tem mais impacto, claro está, com direito a anúncio de meia página, gordo e a cores, no Notícias.
Algumas caras conhecidas por entre outros tantos olhos atentos ouvem sentados a introdução atrasada onde as palavras, simples e claras, são novidade e todos querem saber mais.
Parece que somos mais ricos do que pensávamos e há muito por descobrir.
O Diictodon que ilumina a sala projecta-nos de volta ao nosso passado distante de pedras, ossos e origens. Somos humanos, sinapsídeos e curiosos.
A imagem do bicho, roubada a um colega, serve o propósito estimulando a discussão e aguçando a curiosidade.
Mais algumas respostas intercaladas e uma salva de palmas alegra a sala.
Gostaram, nós também.
De volta ao Turismo o elevador encrava e a sirene de incêndio dispara.
Falso alarme mas o pânico cresce e há já quem se deite no chão para encontrar ar no respirador que roça os nossos tornozelos.
Eu não passo bem, não passo bem.
As portas abrem no décimo e chegamos ao quarto onde uma última lição nos aguarda.
Nunca nos podemos esquecer, a porta não pode estar aberta. O hotel não permite, pode entrar mosquito.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Convite para palestra pública: Fósseis de Mocambique
O Projecto PalNiassa é um programa científico internacional envolvendo instituições de Moçambique, Portugal e dos Estados Unidos da América com o objectivo de descobrir, estudar e preservar o património paleontológico do território moçambicano.
As expedições científicas anteriores foram claramente bem sucedidas tendo sido encontradas várias dezenas de crânios e esqueletos completos de ancestrais comuns de todos os mamíferos, bem como, alguns grupos de répteis desconhecidos para a região.
O projecto PalNiassa visa:
- Descobrir, estudar e publicar novos fósseis de Moçambique;
- Colaborar para melhorar as instalações museológicas em Moçambique, a fim de armazenar e exibir o material recolhido;
- Contribuir para a formação de novos cientistas e transferência de know-how entre os países envolvidos;
- Promover a divulgação da ciência e trabalhar com as comunidades para preservar o património paleontológico moçambicano.
Alguns dos fósseis recolhidos podem já ser observados no Museu Nacional de Geologia em Maputo.
Neste momento existe um estagiário moçambicano a receber formação em preparação de fósseis no Museu da Lourinhã com uma bolsa gentilmente financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Este será o primeiro prepardor de fósseis da História de Moçambique.
Decorrerá uma apresentação pública dos resultados do Projecto PalNiassa no dia 12 de Julho, pelas 16 horas no Hotel VIP em Maputo.
Imagens: https://picasaweb.google.com/rcastanhinha/PalNiassa2010Mocambique?authkey=Gv1sRgCJ6Q-aTDrMToTA
Ancestrals to all mammals discovered in Mozambique.
Over the past three years a team of Mozambican and Portuguese scientists have done important discoveries in the territory of Mozambique. All the findings are part of the PalNiassa Project.
The PalNiassa Project is an international scientific programme involving institutions from Mozambique, Portugal and the United States of America aiming to discover, study and preserve the paleontological heritage on the Mozambican territory.
The previous scientific expeditions have been clearly successful and several dozens of complete skulls and skeletons from the common ancestors of all mammals have been found, plus, new and unknown to the region groups of reptiles have been unearthed.
The PalNiassa project aims to:
Discover, study and publish new fossil material from Mozambique;
Collaborate to improve the museological facilities in mozambique in order to store and display the material collected;
Contribute to the formation of new scientists and know-how transference between the countries involved;
Promote science outreach and work with the communities to preserve mozambican paleontological heritage.
Some of the fossils collected can already be seen at the National Museum of Geology in Maputo.
There is currently a mozambican intern being trained in fossil preparation at the Museum of Lourinhã with a grant funded by the Fundação Calouste Gulbenkian.
This will be the first fossil preparator in the history of Mozambique.
There will be a public presentation of the results of Projecto PalNiassa on 12 July at the Hotel VIP, 4p.m.
domingo, 10 de julho de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
PalNiassa, Julho dia 6
Nada de exageros, trinta dias, que agora é lá que mora e é lá que tem de tratar do carimbo até ao final do ano.
Nada mudou no reino da Dinamarca.
Mais espuma, mais reforço, mais madeira e as caixas estão prontas a seguir.
- Já só falta o símbolo de frágil, amanhã tratamos disso.
A mistura de frio do mar da Inhaca, vento e pó do quarto foi explosiva e os pulmões ressentiram-se, há dois dias que não saem do hotel. Quando regressamos espera-nos mais tosse e dores de peito com o serão a terminar no ICOR. Cinco minutos de espera e saímos com xarope, anti-histamínicos, pastilhas de mentol e comprimidos para dormir.
terça-feira, 5 de julho de 2011
PalNiassa. Julho, dia 5
O dia começa cedo com apertos de mão seguidos de trocas de esperanças escritas em cartões pessoais. Depois das apresentações iniciais a conversa voa para descrições de animais extintos há milhões de anos, ainda antes dos primeiros dinossauros pisarem a Terra.
- Descobrimos vários sinapsídeos e, como somos mamíferos, todos nós pertencemos a este grupo. Desde a baleia azul ao morcego-nariz-de-porco, todos somos sinapsídeos a diferença é que estes se transformaram em pedra.
O ar impressionado dá lugar a um fascínio crescente e revela um sorriso cúmplice que, em silêncio, tudo diz.
Sabemos que teremos resposta e que a probabilidade de virmos a devolver a expressão é elevada.
Veremos.
No carpinteiro as caixas estão prontas, foram reforçadas e os fósseis aguardam que a espuma seja cortada para saltarem lá para dentro. Escreve-se a morada e bolinam-se os últimos detalhes enquanto cai a noite.
De volta ao hotel já só há tempo para comprar três laranjas e algumas bananas. Pode ser que as vitaminas ajudem a limpar os brônquios traiçoeiros.
domingo, 3 de julho de 2011
PalNiassa. Julho, dia 3
É uma ilha maravilhosa, a natureza pura e crua à nossa frente. Podem ver golfinhos, baleias, tubarões. Há lá tudo, tartarugas, corais e peixes sem fim. Façam mergulho é um espanto.
Têm de ir à Inhaca é já ali, duas horas de barco e pronto.
Têm mesmo de ir.
Fomos, e tínhamos mesmo de ir.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
palNiassa 2011 diário de expedição - Julho 1
Se, no lugar de qualquer preconceito pudéssemos colocar uma prudente ausência de espectativas, não teríamos desilusões, mas pena viria de nem o espanto ter sentido.
As referências à situação geopolítica na África austral sucedem-se e vêmo-nos mergulhados em nomes, tratados e negociações desconhecidos. O almoço, no mercado do peixe, serve-se só depois de escolhida a garoupa. Enquanto grelha esperamos e o cartão de visita de Moçambique é servido como entrada. Camarão tigre, grande, gordo e fresco.
Se dúvidas houvesse fica a certeza que a humanidade é muito mais igual que diferente e lá por termos passado o equador e a estrela polar deixar de ser visível o que nos orienta é sempre o mesmo.
Todos admiramos a beleza, a inteligência e a audácia. Poderá existir combinação mais irresistível e perigosa?
O dia começou na Universidade Eduardo Mondlane.
Nove e meia em ponto, temos o auditório meio cheio e dez minutos depois já há pessoas sentadas no chão. Não sabemos o que nos espera mas, ao que consta, em periodo de exames é inédito.
Passada uma hora a falar sobre aberturas crânianas e filogenética, suspeitamos que a mensagem possa não ter sido a melhor para um público essencialmente composto por geológos.
O erro é nosso e o silêncio dá lugar a um bombardemento de dúvidas e sugestões críticas. Desde a Evolução das espécies à tectónica de placas estamos rodeados de interesse e, se ao almoço foi a garoupa e o camarão tigre que nos deliciou, ao inicio do dia foram as perguntas e a motivação de todos por saber mais que alimentaram o nosso espanto.
Sempre que ouvimos dizer que a ciência fundamental não tem interesse, convencemo-nos que quem não tem interesse são as pessoas que passam a vida a repetir isso.
quinta-feira, 30 de junho de 2011
PalNiassa 2011 diário de expedição - Junho 30
E é no último dia de Junho que estamos e já sentimos mais o país e as pessoas. Estamos em casa.
Há quase qualquer coisa de estranho na proximidade das classes dirigentes com o povo. Tudo parece natural e honesto. As oportunidades existem e embora não seja possivel escrevê-lo, a quem meia palavra bastar facilmente perceberá que o projecto vai crescer.
Entre o carbonífero e o pérmico, no Museu Nacional de Geologia, há duas vistas para a avenida 24 de Julho. Entre as janelas está a vitrine onde alguns fósseis de sinapsídeos ficarão orgulhosos a descansar. Há que tratar de os limpar e iluminar. Como se o Sol africano que passa pelas duas grandes janelas não bastasse, o móvel apresenta seis pontos de luz e temos que lhe fazer chegar corrente.
Como é claro, é já sem qualquer surpresa que encontramos nos detalhes as mais fortes lições a aprender.
Um cabo eléctrico tem sempre duas pontas, uma de cada sexo. Ligar o móvel é simples, basta passar o cabo por ali, pegar na ponta macho e... BANG! O mindinho e o anelar estalaram num grito que chegou ao jardim. Tem sempre duas extremidades, mas nem sempre de sexos opostos.
Às vezes é melhor ter a certeza sobre o número de machos que está numa sala antes de se querer estabelecer qualquer tipo de ligação.
Amanhã com dois dedos dormentes há uma palestra na Universidade Eduardo Mondlane para alunos e professores. Esperemos que ninguém goste de apertar a mão com força.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
PalNiassa 2011 diário de expedição - Junho 29
June 29
Office Paleontology: that is the right term to describe what we’ve been doing. Interesting? Not really. Necessary? No doubts. As a result, the majesty of the idea of free will quickly becomes meaningless.
– So what are you doing here in Mozambique?
– We came here to study fossils. [the Portuguese word for fossils is “fósseis” which is quasi-homophonous to the word “fossas”, meaning septic tank]
– Ah! “Fossas”… there is lots of work to do here…
– Oh really! Where?
– You guys will have lots of work here! Sometimes the sealing of the tanks jump out and we have to clean it all.
terça-feira, 28 de junho de 2011
PalNiassa 2011 diário de expedição - Junho 28
Caminhar por Maputo é estar cercado de beleza. Colares, máscaras e estátuas flutuam num mar de artezanato que nos rodeia. Tem havido uma política de controlo e organização deste tipo de comércio ambulante e para tal foi criada a Feira de Artezanato, Flores e Gastronomia de Maputo. Tudo funciona de forma organizada e cordial onde os “bom dia amigo” acenam para as peças expostas ao Sol.
Este é o local ideal para casar a ciência com a arte.
Queremos um batik original e em poucos segundos somos encontrados por um artista que agradece a encomenda.
“Não tem problema amigo” e o nosso logotipo passa a existir em fundo laranja. O dicinodon volta à vida 250 milhões de anos depois, a duas dimensões e com novo brilho pintado num pano africano. O almoço é matapa de carangueijo com chima e o caminho faz-se de volta para o Museu.
Agora é tempo de encomendar as caixas para o despacho dos fósseis e de preparar mais uma apresentação.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
PalNiassa 2011: Diário de expedição - Junho 27
Poder-se-ia fácilmente imaginar que uma expedição em África seria apenas um safari com sabor diferente. Leões, pneus furados no meio da savana, jipes atolados, histórias da Guerra Colonial ... Mas não. Tudo isto demora... nos anos anteriores caminhámos por trilhos de elefantes, tivémos que parar de escavar devido a queimadas descontroladas e tivémos mesmo que nos esconder de um enxame de abelhas... mas é regra que a primeira semana nada tem de aventura. Muito em breve iremos para o campo... simplesmente não conseguimos esperar! Mantenham-se atentos.
Por agora, a coisa mais excitante que aconteceu conosco nada se parece a um ataque de leão. Hoje tivémos de pesar um bloco de 120 kg cheio de ossos com ... uma balança de 100 kg.
Como fazê-lo? Afinal a Física funciona!
Apostamos que o nosso professor do secundário ficaria orgulhoso. Para uma estimativa aproximada utilize o esquema abaixo e multiplique o número resultante por dois.
June 27
Someone could easily anticipate that an expedition in Africa would be just a different flavor of a safari. Lions on the background, flat tires in the middle of the savanna, swamped jeeps, stories of the Colonial War... But no. It takes a while to get there... in previous years we did walk along elephants trails, we did had to stop digging due to the forest fires, we had to hide from a bee's swarm... but usually the first week is generally everything but adventure. We will go to the field very soon... we simply can't wait! Stay tuned.
For now, perhaps, the most exciting thing it happened to us was nothing like a lion attack. Today we had to weight a 120kg block full of bones with... a 100kg-scale.
How to do it? Physics works, after all!
We bet our highschool teacher would get proud of us. For a rough estimate use the scheme below and multiply the resulting number by two.
domingo, 26 de junho de 2011
Junho 26
Domingo na capital.
Maracujá fresco e sumo de banana acompanham as tradicionais torradas e café com leite.
O plano do dia é revisto enquanto o pequeno almoço é servido. Há que tratar de emails, burocracias atrasadas e começar a esboçar mais planos e novos projectos.
Almoço num restaurante halal, rústico e caseiro. Boa comida, bom ambiente mas onde é recomendável algum espírito de aventura. Sendo a comida muito boa e generosamente servida, trouxemos o caril para o hotel. À noite servirá de jantar.
A baixa de Maputo é uma zona quase fantasma ao domingo de manhã. Quase não vemos carros, não vemos lojas abertas e os passeios não se movimentam cheios de gente como nos dias de semana.
Os nossos minutos estão contados e todo o trabalho que pudermos avançar será feito ainda esta noite. Amanhã começa uma nova semana e temos de ter tudo pronto para que nada falhe.
sábado, 25 de junho de 2011
Junho 25 - June 25
Junho 25
Criar um inventário pode ser uma tarefa entediante... muito entediante... e após algum tempo encontramo-nos a ouvir canto gregoriano enquanto empacotamos fósseis com papel higiénico no meio de Moçambique. Pouco há a fazer, é melhor continuar a embrulhar até o Sol se pôr, até termos os pés frios e os mosquitos acordarem e começarem a morder.
Os cantos gregorianos foram interrompidos pelo som de tambores de uma festa distante. Hoje, Moçambique celebra o dia da idependência. A indepência de um tempo colonial português deu agora lugar a uma cooperação productiva entre dois países unidos por laços históricos profundos.
June 25
Making an inventory can be a boring task.... veeeery boring... and after a while you find yourself listening to Gregorian music while wrapping fossils with toilet paper in the middle of Mozambique. Not much that we can do about it: better keep wrapping until the sun goes down, our feet get cold and the mosquitoes are all awake and happy biting us.
Our Gregorian songs were interrupted today by the sound of drums from a far distant party. Today Mozambicans celebrate the Day of Independence. The independence from the Portuguese colonial times is now replaced -- in our case -- by a fruitful cooperation between these two countries linked by historical bounds.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Junho 24
Passamos os olhos pelo que nos envolve e um símbolo chama a atenção.
As farmácias usam um símbolo original, uma serpente de Esculápio enrolada naquilo que parece ser um coqueiro com uma estrela no topo esquerdo da imagem. A transformação do bastão de Esculápio em coqueiro é bem mais divertida que a confusão mais comum com o caduceu de Hermes. Trocar um bastão com poderes de cura por uma planta, é inovar e materalizar a metáfora. Trocá-lo por um símbolo do comércio, é ofender a medicina e quem a pratica.
Após um ano reencontrámos os fósseis escavados em 2010, desta feita, bem guardados no museu. Há que desempacotar, fotografar, catalogar e acondicionar de forma a poder ser tudo transportado.
O dia avança. Como sempre, a “terra da boa gente” revela-se cheia de hospitalidade e é muito fácil encontrar um sorriso que nos aponte um restaurante ou a rua que procuramos.
E como é também claro, Portugal é bem mais difícil e a luta do Salimo continua para tratar do visto. Somos, todos, bem complicados.
A noite cerrada das seis da tarde denuncia o Inverno austral e por hoje regressamos ao hotel.
PalNiassa 2011 diário de expedição
sábado, 14 de maio de 2011
PalNiassa site
É com prazer que anunciamos o lançamento do site do Projecto PalNiassa, elaborado pelos líderes do projecto Luís Costa Júnior, Rui Castanhinha e Ricardo Araújo. Este é o site que servirá de interacção entre o público geral e as pessoas envolvidas no projecto.
Aqui vai: https://sites.google.com/site/palniassa/
Texto de: Ricardo Araújo e Rui Castanhinha
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
And He Shall Purify
O Thou That Tellest Good Tidings to Zion
For Unto Us a Child Is Born
Glory to God
His Yoke Is Easy
Behold the Lamb of God
Surely He Hath Borne Our Griefs
And With His Stripes We Are Healed
All We Like Sheep Have Gone Astray
He Trusted In God That He Would Deliver Him
Lift Up Your Heads, O Ye Gates
The Lord Gave The Word
Their Sound Is Gone Out
Let Us Break Their Bonds Asunder
Hallelujah
Since By Man Came Death
But Thanks Be To God
Worthy Is The Lamb/Amen