terça-feira, 20 de abril de 2010
Igreja e pedofilia
Mas, como qualquer bom provocador, o Conjurado não podia ficar sem postar nada.
Copio, um texto de José Luís Seixas que encontrei por aí...
« Primeiro lugar-comum: A Igreja Católica é constituída por homens sujeitos às fragilidades da sua condição é um lugar-comum. Poucos são os ungidos pela Santidade. O Povo de Deus é formado por pecadores que esperam a remição das suas faltas. E tantas são.
Segundo lugar-comum: As denunciadas práticas de pedofilia imputadas a sacerdotes católicos são chocantes e indignam de forma especial os próprios católicos. São ofensas gravíssimas às crianças e a Deus, cometidas por quem as devia proteger e educar.
Terceiro lugar-comum: O ocorrido em instituições da Igreja Católica passou-se em instituições de outras Igrejas, de organizações laicas, do próprio Estado e passa-se, infelizmente, no seio de muitas famílias. Entre nós o infindável “Processo Casa Pia” deixou no ar muitas e muitas interrogações sobre os comportamentos de uns e as omissões de outros. E falamos de tempos recentes. Não remontamos a meio século atrás em que a valoração destes actos era outra e os silêncios acobertavam prevaricadores com relevância pública conhecida.
Quarto lugar-comum: Esta factualidade nada justifica ou branqueia. Ao contrário do mundo secular, a Igreja prostrou-se perante o sacrifício e a dor das vítimas de tais perversões. Pediu desculpa num gesto de profundo sofrimento. Reparou o que pôde reparar. E submeteu à Justiça dos homens os crimes praticados.
O que também é lugar-comum: Tudo isto é indiferente ao fundamentalismo ateísta, alimentado por ódios, recalcamentos e muita irresponsabilidade. Ver beliscada a autoridade moral da Igreja através de comportamentos indignos de alguns sacerdotes é uma prebenda que desfruta com indizível deleite. Ao pé desta campanha, o anticlericalismo jacobino da Carbonária era um jogo de playstation! »
domingo, 14 de outubro de 2007
Curioso
Descubram as diferenças entre este texto e este:
« Ictiossauros
(...)
Os Ictiossauros eram Répteis bem adaptados à vida aquática que durante o Mesozóico, do Triásico ao Cretácico, teriam ocupado um nicho ecológico mais tarde reservado a alguns Cetáceos, nomeadamente aos golfinhos, com quem aliás manifestavam notáveis convergências morfológicas. Tinham o corpo fusiforme e as extremidades dos membros, devido a um fenómeno de hiperfalangia, estavam transformadas em "barbatanas" próprias para a natação. As suas caudas eram heterocercas com o lobo inferior prolongado. Deviam levar uma vida exclusivamente pelágica sem qualquer contacto com o meio terrestre. Alimentar-se-iam de Cefalópodes, Peixes e, ocasionalmente, ao que parece, de Pterossauros. Eram vivíparos. Foram encontrados embriões no interior de alguns exemplares fossilizados.
Nesta época viveriam na área actualmente correspondente ao nosso país, pelo menos duas espécies distintas de Ictiossauros - Ichthyosaurus (=Temnodontosaurus) intermedius Conybeare e Stenopterygius aff. uniter v. Huene. A primeira é conhecida de vários depósitos Liásicos marinhos: S. Pedro de Muel, Alvaiázere, Casal de Cambra e Praia da Nossa Senhora da Vitória (Sinemuriano); a segunda, de Alhadas, Pentalheira, Praia de Nossa Senhora da Vitória e Tomar (Aaleniano). Restos atribuídos a Ichthyosaurus, são igualmente referidos como provenientes de Cádima, Murtede, Cantanhede e Figueira da Foz e a Stenopterygius de Condeixa e Tomar.
Várias peças ósseas de Ictiossauros encontram-se depositadas no Museu do Instituto Superior Técnico Mineiro e no Museu Minerológico e Geológico da Faculdade de Ciências de Lisboa.»
in http://anabiogeo11.blogspot.com/2007_03_01_archive.html
E agora para algo completamente diferente...
«Os Ictiossauros eram Répteis bem adaptados à vida aquática que durante o Mesozóico, do Triásico ao Cretácico, teriam ocupado um nicho ecológico mais tarde reservado a alguns Cetáceos, nomeadamente aos golfinhos, com quem aliás manifestavam notáveis convergências morfológicas. Tinham o corpo fusiforme e as extremidades dos membros, devido a um fenómeno de hiperfalangia, estavam transformadas em "barbatanas" próprias para a natação. As suas caudas eram heterocercas com o lobo inferior prolongado. Deviam levar uma vida exclusivamente pelágica sem qualquer contacto com o meio terrestre. Alimentar-se-iam de Cefalópodes, Peixes e, ocasionalmente, ao que parece, de Pterossauros. Eram vivíparos. Foram encontrados embriões no interior de alguns exemplares fossilizados.
Nesta época viveriam na área actualmente correspondente ao nosso país, pelo menos duas espécies distintas de Ictiossauros - Ichthyosaurus (=Temnodontosaurus) intermedius Conybeare (fig.9) e Stenopterygius aff. uniter v. Huene (fig.10) (Veiga-Ferreira 1958). A primeira é conhecida de vários depósitos Liásicos marinhos: S. Pedro de Muel (Toarciano Inferior), Alvaiázere, Casal de Cambra e Praia da Nossa Senhora da Vitória (Sinemuriano); a segunda, de Alhadas, Pentalheira, Praia de Nossa Senhora da Vitória e Tomar (Aaleniano). Restos atribuídos a Ichthyosaurus (=Temnodontosaurus) sp., são igualmente referidos como provenientes de Cádima, Murtede, Cantanhede e Figueira da Foz e a Stenopterygius sp., de Condeixa e Tomar.
Várias peças ósseas de Ictiossauros encontram-se depositadas no Museu do Instituto Superior Técnico Mineiro e no Museu Minerológico e Geológico da Faculdade de Ciências de Lisboa (Zbyszewski & Almeida 1952; Veiga-Ferreira 1958).»
In E.G. CRESPO
PALEO-HERPETOFAUNA DE PORTUGAL (2001)
Adivinha:
Qual é a palavra qual é ela que começa por "P", tem "lági" no meio e acaba em "O"?
.
.
.
.
É tão querido omitir as fontes, não é?
terça-feira, 21 de agosto de 2007
No Abrupto (sobre os verdeufémios)
Todos sabemos a resposta."
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
sexta-feira, 20 de abril de 2007
Parabéns Bush!

É raro dar os parabéns a G. W. Bush, mas desta vez tenho (temos ?) de lhe tirar o chapéu:
«High Court Upholds Curb on Abortion
5-4 Vote Affirms Ban on 'Partial-Birth'
Procedure By Robert Barnes
Washington Post Staff Writer
Thursday, April 19, 2007
The Supreme Court broke new ground yesterday in upholding federal restrictions on abortion, with President Bush's two appointees joining a court majority that said Congress was exercising its license to "promote respect for life, including the life of the unborn."The court's 5 to 4 decision upholding the Partial Birth Abortion Ban Act passed by Congress in 2003 marked the first time justices have agreed that a specific abortion procedure could be banned.(...)»
Parabéns George W. Bush!
sexta-feira, 13 de abril de 2007
Do Portugal Profundo
Se (como disse na entrevista da RTP) o Sr. José Sócrates Pinto de Sousa nunca pretendeu inscrever-se na ordem dos engenheiros e nunca quis exercer engenharia civil, POR QUE CARGA DE ÁGUA É QUE ESTEVE 6,5 ANOS EM 3 UNIVERSIDADES DIFERENTES PARA ACABAR O CURSO?
Os gato fedorento não fariam melhor:
Quis ser engenheiro? Não.
Mas foi tirar o curso? Sim.
Então queria exercer? Não.
Mas não estudou 6,5 anos para isso? Sim.
Então é engenheiro? Não.
Mas não foi para isso que até se inscreveu numa universidade que tinha regime pós-laboral? Sim.
Então era por que queria ser engenheiro? Não.
Não acha isso um bocadinho incoerente? Chiiiu.
PS: E já agora haja alguém que explique duas coisas:
O curso de engenharia civil do ISEL já era reconhecido pela Ordem dos Engenheiros?
E, se sim, por que raio é que o Sr. Pinto de Sousa trocou um curso reconhecido pela Ordem e numa universidade Pública (onde se pagava bastante menos) por um curso equivalente que não era reconhecido e numa universidade Privada (onde tinha de desembolsar muito mais)?
domingo, 11 de março de 2007
O Estado-polícia
10.03.2007, Vasco Pulido Valente
Em Portugal, nenhum perigo imediato exige que as polícias passem a depender de Sócrates. Pior ainda: o SIRP, que superintende e coordena o Serviço de Informações de Segurança (SIS) e o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), dois serviços secretos, também ficará sob a tutela do primeiro-ministro. E a tudo isto, António Costa juntou dois novos meios de fiscalização e vigilância. O bilhete 4 em 1, que reúne o bilhete de identidade, o cartão de contribuinte, o cartão da Segurança Social e o cartão de utente do SNS. E o cartão que reúne a carta de condução, o livrete e o título de propriedade do automóvel.
Com estas medidas, o Governo socialista criou um novo Estado-polícia, que a Assembleia não controla e que não dá ao português comum a menor garantia de privacidade. E, se a privacidade é, como é, o fundamento da liberdade, não lhes concede mais do que uma liberdade condicional e fictícia.
Não se trata aqui do indivíduo Sócrates, que não abusará dos seus poderes. Mas da própria existência desses poderes, que nada impede um sucessor, ou mesmo um ajudante obscuro, de eventualmente desviar para fins perversos. Só que nessa altura será tarde para desfazer a máquina que hoje com tanta inconsciência e sem protesto público se anda a pôr em pé.
Claro que vivemos num mundo perigoso e é preciso coordenar as polícias. Sucede que das várias formas de coordenação o Governo escolheu a pior: a que mais reforça (e compromete) o chefe do Executivo, a que não inclui um droit de regard do Parlamento e a que deixa os portugueses sem defesa perante a prepotência e o arbítrio. O que de resto não espanta. A liberdade nunca foi por aqui muito estimada.
(Eu sei que não é meu hábito transcrever artigos de outros no Conjurado mas esta excepção justifica-o...)
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
Sic transit gloria mundi

“…nada impede e tudo aconselha que a lei venha a prever uma consulta prévia e um período de dilação da execução do aborto.”
Vital Moreira (Público 23 de Janeiro de 2007)
Um dia depois:
«Alberto Martins e Sócrates responsáveis por nova lei

Modelo alemão com aconselhamento inspira PS
O projecto do PS para a lei do aborto, que deverá começar a ser trabalhada esta semana no Parlamento, é inspirado no modelo alemão para a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).
O modelo em causa obriga a que a mulher comprove que foi a uma consulta de aconselhamento, em centros oficiais criados par ao efeito, destinada a prestar esclarecimentos médicos e sociais sobre os apoios para ter um filho e sobre os riscos de fazer um aborto.»
(TSF 12 de Fevereiro de 2007)
Dois dias depois:
«O líder parlamentar socialista, Alberto Martins, afirmou hoj

“Não haverá naturalmente aconselhamentos obrigatórios, à revelia do que foi o mandato popular”, frisou o líder parlamentar socialista.»
(Público.pt 13 de Fevereiro de 2007)
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
Conversas com LGR e PG...

Post:
Independentemente dos critérios que levarão os portugueses a votar «SIM» ou «NÃO» no próximo referendo sobre a despenalização do aborto, e (longe vá o agoiro) se o «NÃO» ganhar?
O que mudará neste caso em Portugal?
A resposta é por demais simples, e tão óbvia que até chateia: nada vai mudar; tudo ficará na mesma como agora.
Quer então isto dizer que depois do referendo vai deixar de haver mulheres a abortar em Portugal?
Claro que não!
Como é por demais óbvio, nem uma só mulher em Portugal que pretenda abortar (e independentemente dos motivos que a tiverem levado a tomar essa decisão) e tenha decidido nesse sentido, vai deixar de o fazer em função do resultado de um referendo.
O número de abortos que se vão realizar em Portugal será precisamente o mesmo.
Então, e se o «NÃO» ganhar, a prática do aborto que não se insira na lei já actualmente em vigor (violação, malformação do feto ou perigo para a saúde da mãe) continuará a ser criminalizada e penalizada.
Mas, apesar disso continuará a haver abortos em Portugal, já que a penalização, como é sabido, nunca constituiu o menor motivo de dissuasão para as mulheres que pretendam abortar.
É por isso que as mulheres que tenham decidido abortar se dividirão em dois grupos: as que têm dinheiro e as que não têm.
As que têm dinheiro irão fazê-lo em clinicas inglesas, ou até aqui bem pertinho, em Badajoz. E o número de abortos, quanto a estas, será precisamente o mesmo.
Aliás, se eu fosse um dono sem escrúpulos de uma clínica de Badajoz o que eu faria melhor era financiar o mais possível a campanha do «NÃO». Mas isso é outra conversa.
As mulheres que não têm dinheiro e que tenham decidido abortar recorrerão a uma clínica clandestina, a um qualquer «vão de escada», ou até a uma «parteira» amiga, que tem muita experiência em meter agulhas de tricot por mulheres adentro, e até lhes faz um desconto.
Então, por sua vez, as mulheres sem dinheiro que tenham decido abortar clandestinamente dividir-se-ão em dois grupos: aquelas a quem a coisa corre bem, e aquelas a quem a coisa corre mal.
Aquelas a quem a coisa correr bem, pode ser que se safem e que não sejam descobertas pelas autoridades policiais.
Aquelas a quem a coisa correr mal, vão de urgência para o Hospital.
Mas são estas que se safam precisamente aquelas que vão ter um processo crime às costas, porque o médico que as safou é obrigado a participar a ocorrência à Polícia.
Quer então isto dizer que se o «NÃO» ganhar no referendo as mulheres que abortem e as pessoas que as auxiliem continuarão a ser perseguidas criminalmente.
Serão julgadas e, provado o crime, serão condenadas na pena correspondente, já que o aborto é punido com pena de prisão até três anos.
Mas atenção: só as mulheres que não têm dinheiro.
Porque as que têm dinheiro não terão praticado qualquer crime, porque terão abortado num país estrangeiro onde, porque essa conduta não é punível, ela não deixará qualquer rasto.
Serão então julgadas somente as mulheres mais pobres e com menos recursos que tenham abortado num «vão de escada» e, mesmo dentre estas, provavelmente só aquelas a quem «a coisa correu mal» e que por isso tenham sido «apanhadas».
Essas serão sentadas no correspondente «banco dos réus».
Serão fotografadas por jornalistas à entrada e à saída do tribunal, serão humilhadas perante toda a gente e obrigadas a contar e a explicar, para quem quiser ouvir, os motivos mais íntimos e pessoais que as terão levado a uma decisão tão trágica como é a de abortar.
Provado o crime, serão então condenadas na pena correspondente, já que o aborto é punido com pena de prisão até três anos.
Em suma, se o «NÃO» ganhar, tudo ficará na mesma em Portugal.
Porque foi nesse sentido que as pessoas que terão votado «NÃO» no referendo terão decidido.
E terá sido nesse mesmo sentido, aliás, que terão decidido as pessoas que optem por abster-se no referendo.
Todas elas terão decidido por si próprias e, obviamente, e porque se acham nesse pleno direito, terão decidido também pelas outras pessoas.
Se o «NÃO» ganhar, presumo que essas pessoas fiquem satisfeitas.
Afinal, e pelos vistos, pensam que como está é que tudo está bem....
Comentários:
Por outro lado se o «Sim» ganhar tudo, repito, TUDO o que disseste será verdade mas depois das dez semanas.
Porque depois já não faz mal nenhum, pois não?
"Afinal, e pelos vistos (depois das dez semanas), pensam que como está é que tudo está bem...."
Rui Castanhinha
Pois é, Rui: deixaste de fazer sentido.
E o pior é que não te apercebes disso.
Mas sei que és um bom e fervoroso católico.
E que, como tal, tomas a vida como um bem absoluto. Sem excepções!
És, portanto, contra o aborto em todas e quaisquer circuntâncias. Sem excepções.
És contra os comprimidos abortivos, mesmo antes da nidação do ovo.
És contra o aborto mesmo em caso de violação da mulher, de malformação do feto ou de perigo para a mãe.
Porque mesmo em todos esses casos existe vida.
E a vida é um bem absoluto.
E como bom católico, és também contra a mastrubação.
Porque os espermatozóides também são vida.
E a vida é um bem absoluto.
E és contra a pílula anticoncepcional.
E contra o preservativo.
Afinal, és um bom católico, é isso que a Igreja Católica defende.
E a vida é um bem absoluto.
És também a favor da pena de morte.
Porque como és um bom católico, aceitas a pena de morte, porque o Catecismo da Igreja Católica também o admite.
E aqui a vida é um valor relativo.
Mas só aqui, não é.
Porque só aqui é que a Igreja Católica assim o determinou.
E assim tu o aceitas.
Porque és um bom católico.
E como és um bom católico, queres determinar a tua vida de acordo com os cânones da Igreja Católica.
E como és um bom católico, queres também determinar a vida das OUTRAS pessoas, de acordo com os cânones da Igreja Católica.
Porque são esses que são bons.
Para ti, e para os outros.
Afinal foi a Igreja Católica que assim o disse.
E tu és um bom católico.
E se és um bom católico, para ti a vida é um valor absoluto.
E como é absoluto, aplica-se a TODOS os casos.
Bem, a não ser na pena de morte.
Mas essa não conta.
Afinal, vem no Catecismo da Igreja Católica.
E os bons católicos sabem que o Catecismo da Igreja Católica é que é, afinal, o valor absoluto.
Para os católicos e para os que não são católicos, claro está.
Parabens, Rui: és um bom católico!
Eu devia aprender a estar calado...
..mas eu gosto de ti e acho-te piada, pronto, tu és uma boa pessoa.
Só tenho pena que neste caso estejas errado (para dizer a verdade não é só sobre o aborto, mas enfim aqui é evidente).
Caro Luís:
Antes de começares a procurar incoerências e falsidades nos outros responde sinceramente à única pergunta que te fiz e que, pelos vistos, te irritou tanto:
Caso vença o Sim, o que deve dizer um médico a uma mulher desesperada que está grávida de 11 semanas?
«A senhora desculpe lá mas agora tem de se aguentar à bronca! Viesse umas semanas mais cedo! Agora é crime!»
Como ateu, ser racional e lógico diz-me se isto faz sentido...
Foi só isto que perguntei.
Até posso responder uma a uma, todas a acusações que me fizeste mas isso seria fugir ao que te perguntei e não me respondeste.
Rui Castanhinha
Rui:
A resposta à tua pergunta está na pergunta que vai ser referendada.
É tão óbvio, que até chateia!
LGR
...............................
Boas!!
Eu devo dizer que sou um dos indecisos, mas que nesta altura estou assim 55% não, 45% sim...
Concordo... se o não ganhar, os números estatísticos de abortos clandestinos ou de abortos "estrangeirados" vão se manter. Mas será que, se o sim ganhar, irão o número de abortos efectivos aumentar?? Primeiro, deixam de se fazer abortos clandestinos, e segundo deixam as mulheres de ter de ir a badajós abortar... segundo, criam-se até condições que podem até facilitar a decisão de uma mulher abortar. Se calhar actualmente, uma mulher com poucos recursos, sabe o risco que corre ao tomar uma decisão de abortar clandestinamente, e muitas são as que, por receio, não o fazem... será que com o aborto despenalizado, não irão essas mulheres ter menos "argumentos" contra o aborto que pretendem fazer??
Porque, há uma coisa que eu defendo, e que julgo todos (ou quase todos) os defensores do sim, tambem devem defender: que é o ser contra o Aborto. Será que uma despenalização, não irá permitir a mais mulheres poderem abortar??
Pedro Garcia
Caro Pedro Garcia:
A resposta à sua pergunta é evidente...
...basta ver o que aconteceu nos outros países:
Suécia (1960-2004)......aumentou 1134%
Reino Unido (1968-2002)..aumentou 733%
Espanha (1987-2003).....aumentou 376%
Grécia (1989-2001) ......aumentou 201%
(dados do EUROSTAT)
Rui Castanhinha
Caro Pedro Garcia:
Não dê muita importância ao Rui.
Ele é daqueles que acha que como está é que tudo está bem.
Dotado de uma misoginia conatural à sua condição de católico, repugna-lhe que a uma mulher possa ser dada capacidade de escolha.
Prefere antes ser ele a escolher por elas...
Ao mesmo tempo, como católico, tem uma peculiar forma de avaliar os valores e tem critérios éticos muito próprios.
Por exemplo, diz que a vida humana é um valor absoluto.
Mas isso não é para levar a sério.
O que é para levar a sério e aquilo que ele pensa mesmo é que o que é um valor absoluto é o «Catecismo da Igreja Católica».
Por exemplo, ele, como católico, enquanto é contra o aborto porque se acha a «favor da vida», já acha perfeitamente natural ser a favor da pena de morte, pois o Catecismo é isso que admite também.
Ao mesmo tempo tem uma outra curiosa forma de ver as coisas.
Por exemplo, pergunte-lhe se um dia ele se casar e a mulher dele (longe vá o agoiro) tiver uma gravidez ectópica e der entrada nas urgências de um hospital em risco de vida, permitirá que abortem o feto.
Vai ver que diz que prefere que morram os dois, a mulher e o feto, pois é CONTRA o aborto.
Porque a vida é um valor absoluto.
A não ser no caso da pena de morte.
Mas isso, como já vimos, é só porque o Catecismo da Igreja Católica vale mais que os valores absolutos...
Mas, apesar de tudo, ele é bom rapaz!
As missas é que o têm estragado um pouco...
LGR
Luís:
Só tenho pena que sempre que alguém discorda de ti tu aches que não deves responder aos seus argumentos com argumentos lógicos o é estranho para um advogado (ou talvez não).
achas que a melhor forma de responderes é criticar um bocadinho ao lado, é a mentalidade do como-não-consigo-rebater-arranjo-outro-suposto-problema-e-pode-ser-que-ele-se-cale.
É pena, mas um dia como pessoa lógica que normalmente és verás a Luz...
Um abraço,
Rui Castanhinha
Caro Rui:
Faz como aconselhas: rebate.
Ou pensas que isso de acusares os outros de falta de argumentos te serve de argumento?...
LGR
Luís:
Ainda bem que mostraste que tinha razão...
até parece que estavas a falar de ti:
«Ou pensas que isso de acusares os outros de falta de argumentos te serve de argumento?...»
um abraço, toma juízo...
Rui Castanhinha
Acho que há uma questão que entra em jogo nesta coisa do "SIM" e do "NÃO". Liberalizar totalmente uma acção deixada ao livre arbítrio da mulher;
Parece-me aqui uma coisa: um feto, tenha ele 1 semana, 2 semanas 3 meses, 9 meses, é uma vida humana, num estado "parasital" (perdoem-me o termo forte e bruto) em que a sua mãe o concebe dentro de si, partilhando parte do seu corpo, do seu ar, do seu alimento, das suas celulas, etc, etc, etc...
Deve ser da escolha da mulher saber se quer conceber um filho ou não, mas tambem deve a sociedade, enquanto sociedade, mobilizar-se para proteger todos os indivíduos que dela façam parte. Aquilo que a sociedade deve fazer, em primeira instancia, é ajudar a educar a mulher, com valores morais, que possam ajudá-la a evitar situações em que tenha de tomar essa decisão. Depois, se for decisão da mulher assumida e pensada, deve a sociedade garantir que essa mulher será apoiada nessa decisão. Porque, efectivamente, essa e todas as mulheres é que estão sob alçada da sociedade, não ainda o ser que habita dentro dela (esta é a minha opinião).
Acho que a liberalização é um passo "fácil" que nos faz abrir os olhos para um problema de responsabilização, não pelos abortos, mas pelo bem estar das mulheres que o praticam. E julgo que, nesta altura, é o passo a dar... no entanto, não pode (nem deve) a sociedade ficar por aqui, e deve educar os seus membros de que o aborto é uma prática que deve ser evitada. Não podemos permitir a criação de clínicas cuja principal fonte de rendimentos sejam os "abortos"... não devemos permitir que o aborto seja mais uma opção para uma mulher jovem e vivaça... o aborto deve ser a última opção pensada e julgada, e antes de pensar "se engravidar, ainda tenho hipótese de resolver o problema com um aborto", temos de continuar a educar nas nossas jovens assumam as responsabilidades e consequencias dos actos. E esta deve ser o próximo passo concreto a dar pela sociedade.
Voto pelo SIM, e voto tambem para que a sociedade evolua, não no sentido de negar a preciosidade de um feto de 10 semanas, mas para que lhe de ainda mais valor!! Quero votar SIM, lamentando e chorando a decisão das mulheres que optem por fazer, mas afirmando que as devemos apoiar na (má) decisão que tomem, procurando educar toda a gente, que um aborto não é uma solução fácil para um problema difícil... tem o aborto de continuar a ser uma decisão difícil e penosa para quem a toma, e compete a nós todos ajudar a manter esse tom.
Abraços!!
Pedro Garcia
Caro Pedro Garcia:
É pena de facto que vá votar para que tudo aquilo que disse que era contra se venha a verificar, eu explico:
Disse «um feto, tenha ele 1 semana, 2 semanas 3 meses, 9 meses, é uma vida humana, num estado "parasital" (...) em que a sua mãe o concebe dentro de si, partilhando parte do seu corpo, do seu ar, do seu alimento, das suas celulas...»
Repare que um recém-nascido também é uma vida humana num estado "parasital" da sua mãe, ou da sua familia ou em última instância da sociedade como um todo. E não é por isso que deve caber à mãe (ou à familia, ou à sociedade) o direito de vida ou morte desse ser humano inocente.
Desde quando é que o direito à vida varia consoante a maior ou menor dependência de terceiros? Terá menor direito à vida um idoso demente do que um jovem saudável só porque o primeiro se encontra totalmente dependente do segundo para comer, beber, dormir, ir à casa-de-banho, até respirar (caso necessite de oxigénio)? Terá mais direito à vida um feto com 12 semanas (ou 16, ou 24, ou 9 meses) do que um com 10 semanas? Não estão os primeiros igualmente dependentes e num "estado parasital" igualzinho ao feto de 10 semanas (como você próprio admitiu)?
Então porque protegemos uns e apoiamos a morte de outros com os nossos impostos e sem nos preocuparmos com alternativas?
Acho que é claro que o direito à vida depende exclusivamente da existência de uma vida e não do grau de autonomia que essa vida possui.
Se você é o primeiro a admitir que:«... um feto, tenha ele 1 semana, 2 semanas 3 meses, 9 meses, é uma vida humana(...)» então porque não concorda que ao destruir essa vida humana se está perante um delito? Só porque a vida é frágil? porque é dependente?
Repare que até existe uma diferença entre a vida de 10 semanas e a outra que apresentei: é que esta vida deixará em breve de ser dependente, irá ser autónoma muito em breve (ou seja a sua dependência é transitória e decrescente), enquanto que a do idosos só tende a piorar (tenderá a estar cada vez mais num estado "parasital", ou seja, é crescentemente dependente).
Porque damos o direito sobre a vida do feto (cada dia mas autónomo) e não sobre o avozinho doente (cada dia mais dependente)?
Isto só acontece porque nos reconhecemos muito mais numa vida de um idoso do que na de um feto, é o argumento da invisibilidade do feto: como não o vemos como um igual podemos matá-lo.
Foi precisamente este tipo de argumentos que permitiu as maiores atrocidades ao longo dos tempos:
como não são como nós (cristãos) podemos matá-los (muçulmanos)
como não são iguais a nós (brancos) podemos matá-los (pretos)
como não são iguais a nós (arianos) podemos matá-los (judeus)
como não são iguais a nós (homens) podemos espancá-las (mulheres)
E todos estes raciocínios horrorosos foram a prática corrente em diferentes sociedades (algumas delas continuam infelizmente) e foram aceites por pessoas de bem.
Não se engane, não foram só psicopatas que mataram judeus, escravizaram populações, bateram nas mulheres, ou queimaram ínfieis. Muitas dessas pessoas (eu diria a maioria delas) foram pessoas que estavam profundamente convencidas que estavam a fazer um bem, só que acontecia por que estavam ENGANADAS.
Tudo isto mudou quando reconhecemos no outro um igual, alguém que partilha connosco algo fundamental: ser-se Humano!
É este o pondo fundamental que estaremos a votar dia 11.
Reconhecemos ou não que os mais fracos de entre nós, os seres humanos com 10 semanas de gestação, devem ou não ter protecção legal.
Será uma votação entre visões diferentes do Mundo, podemos não estar conscientes disso mas o resultado (espero) enviará uma mensagem a todos, que o caminho não é retirar direitos ao feto, mas sim protegê-lo e apoiar a sua mãe para que o possa ter em condições dignas.
Será um "pequeno passo" na nossa democracia mas um "enorme salto" civilizacional para o nosso país: fomos os primeiros a abolir a pena de morte para os culpados, não nos tornemos nos últimos a permiti-la para os inocentes!
Rui Castanhinha
Caro Rui:
Continuas com uns critérios éticos engraçados.
Por isso, é já agora, faço-te copy/paste de um comentário que fiz mesmo lá em cima, e a que curiosamente não respondeste...
Cá vai:
Pois é, Rui: deixaste de fazer sentido.E o pior é que não te apercebes disso.
Mas sei que és um bom e fervoroso católico.
E que, como tal, tomas a vida como um bem absoluto.
Sem excepções!
És, portanto, contra o aborto em todas e quaisquer circuntâncias. Sem excepções.
És contra os comprimidos abortivos, mesmo antes da nidação do ovo.
És contra o aborto mesmo em caso de violação da mulher, de malformação do feto ou de perigo para a mãe.
Porque mesmo em todos esses casos existe vida.
E a vida é um bem absoluto!
E como bom católico, és também contra a mastrubação.
Porque os espermatozóides também são vida.
E a vida é um bem absoluto!
E és contra a pílula anticoncepcional. E contra o preservativo.
Afinal, és um bom católico, é isso que a Igreja Católica defende.
E a vida é um bem absoluto!
És também a favor da pena de morte.
Porque como és um bom católico, aceitas a pena de morte, porque o Catecismo da Igreja Católica também o admite.
E aqui a vida é um valor relativo.
Mas só aqui, não é?
Porque só aqui é que a Igreja Católica assim o determinou.
E assim tu o aceitas.
Porque és um bom católico.
E como és um bom católico, queres determinar a tua vida de acordo com os cânones da Igreja Católica.
E como és um bom católico, queres também determinar a vida das OUTRAS pessoas, de acordo com os cânones da Igreja Católica.
Porque são esses que são bons.
Para ti, e para os outros.
Afinal foi a Igreja Católica que assim o disse.
E tu és um bom católico.
E se és um bom católico, para ti a vida é um valor absoluto.
E como é absoluto, aplica-se a TODOS os casos.
Bem, a não ser na pena de morte.
Mas essa não conta.
Afinal, vem no Catecismo da Igreja Católica.
E os bons católicos sabem que o Catecismo da Igreja Católica é que é, afinal... o valor absoluto.
Para os católicos e para os que não são católicos, claro está.
Parabens, Rui: és um bom católico!
LGR
Queres mesmo que te responda a essas barbaridades todas...?
Eu faço-te a vontade, pronto, como prometido é devido:
«Mas sei que és um bom e fervoroso católico.
E que, como tal, tomas a vida como um bem absoluto.
Sem excepções!»
Sim, tens razão (nem sequer é preciso ser católico para defender isto, como é o teu caso).
«És, portanto, contra o aborto em todas e quaisquer circunstâncias. Sem excepções.»
Não.
Existe uma excepção em que caberá á mãe decidir (e tem toda a gravidez para o fazer, não só até às dez semanas!!!!), é o caso de perigo de vida da mulher grávida.
Aqui estão duas vidas em perigo e se, só podemos salvar uma delas, então que decida a única que o pode fazer.
Mas isto já está na lei e nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«És contra os comprimidos abortivos, mesmo antes da nidação do ovo.»
Depende, porque a maioria das pilula-do-dia-seguinte não provocam a morte de um embrião.
Eu explico:
A maioria das relações sexuais (mesmo sem qualquer tipo de contracepção), não originam uma gravidez, isto é, a probabilidade de isso acontecer depende de:
1º O sémen introduzido no corpo da mulher tem de ser suficiente e em qualidade e quantidade para poder fecundar o óvulo que se encontra numa das trompas de Falópio;
2º A mulher tem de estar em período fértil e isso só ocorre durante 3-4 dias num mês (no resto dos dias não existe óvulo disponível para ser fecundado);
3º Mesmo que ocorra uma fecundação, existe uma enorme quantidade de embriões que (por razões naturais, independentemente de se tomar a pílula-do-dia-seguinte) nunca chegam a nidar na parede do útero e acabam por ser expelidos na próxima menstruação.
Assim a probabilidade de, ao se tomar a pílula do dia seguinte, a mulher provocar um aborto é muito (mesmo muito) menor do que habitualmente se pensa.
Mas essa possibilidade existe, não o escondo.
E só nos casos em que ela actua é que podemos considerar que evitou uma gravidez (destruindo um embrião é certo).
E sempre que isto acontece, só posso ser contra, mas como quem toma pílula do dia seguinte não sabe se está a matar um ser humano, tem mais atenuantes que alguém que o faz sabendo que ele já existe (por exemplo às 5,6,7,8,9,10 semanas !!).
Eu só posso ser favorável ao actual regime de distribuição da pílula-do-dia-seguinte se com isso se evitar a morte de outros seres humanos e se a mulheres que recorrem a essa contracepção de emergência não a utilizarem como contracepção de recorrência (que é o que acontece cada vez mais). Aliás foi este o argumento que os defensores da livre distribuição sempre defenderam (como as mulheres iriam ser responsáveis e saberiam ser moderadas no uso dessa pílula). Vê-se que tem sido verdade, não é?
Mas isto tudo já existe e nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«És contra o aborto mesmo em caso de violação da mulher, de malformação do feto ou de perigo para a mãe.
Porque mesmo em todos esses casos existe vida.
E a vida é um bem absoluto!»
Acho que já respondi a isto.
E isso já está na lei e nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«E como bom católico, és também contra a mastrubação.
Porque os espermatozóides também são vida.
E a vida é um bem absoluto!»
Vou fazer um esforço para não te responder no mesmo tom ridículo.
É claro que quando se fala em "vida" na questão do aborto estamos sempre a referir-nos à Vida de um Ser Humano, não à vida de parte de um ser humano!
Os espermatozóides são células que pertencem ao corpo do pai e os óvulos são células que pertencem ao corpo da mãe e que, em condições naturais têm como destino natural a sua destruição (a maioria dos espermatozóides formados pelo homem ao longo da sua vida são reabsorvidos ainda interior dos testículos).
Se entregares um espermatozóide do pai e um óvulo da mãe a um biólogo molecular ele dir-te-á que aquele espermatozóide provém do corpo do "João" e não de outro, e que o óvulo provém da "Maria" e não de outra mulher.
Agora, nada disto é verdade se lhe apresentares um zigoto humano ( = óvulo fecundado), aqui ele diz-te que essa célula é totalmente diferente da do João e da Maria, ele dirá que provem de um ser humano que não consta na sua base de dados (não consta porque só surgiu naquele momento único).
Ou seja é um outro ser humano, um novo Ser Humano.
Por isso é óbvia a diferença entre destruir óvulos + espermatozóides e destruir embriões humanos, neste caso o todo é diferente da soma das partes.
Assim como cada célula individual do teu corpo não possui direito à vida, mas o TODO das células do teu corpo têm. Não é isto óbvio?
É esta a diferença que eu suspeito que tu já soubesses, não é Luis?
E isto nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«E és contra a pílula anticoncepcional. E contra o preservativo.
Afinal, és um bom católico, é isso que a Igreja Católica defende.
E a vida é um bem absoluto!»
Ser católico não quer dizer que não se lute dentro da Igreja para a mudar e melhorar, tu sabes disso.
Em algumas situações sou a favor noutras sou contra, nestas questões nem se põem o direito à vida dos espermatozóides ou dos óvulos, como já vimos, não é Luís?
São outras questões ao lado e isto nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«És também a favor da pena de morte.
Porque como és um bom católico, aceitas a pena de morte, porque o Catecismo da Igreja Católica também o admite.
E aqui a vida é um valor relativo.
Mas só aqui, não é?
Porque só aqui é que a Igreja Católica assim o determinou.
E assim tu o aceitas.
Porque és um bom católico.»
E tu como bom ateu devias ser mais humilde e aceitar quando alguém te mostra através de factos que (como foi o caso do PKS) o que acabas de escrever não corresponde à verdade.
Mas isto nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«E como és um bom católico, queres determinar a tua vida de acordo com os cânones da Igreja Católica.»
Sim.
Mas não é isto vai a referendo, não é Luis?
«E como és um bom católico, queres também determinar a vida das OUTRAS pessoas, de acordo com os cânones da Igreja Católica.»
Não.
Lutarei sempre por uma sociedade onde todos tenham direito a pensar e agir de formas diversas da minha, mesmo que não concordem comigo, principalmente pelo direito a discordar de mim (acho que aqui estamos de acordo).
Agora o que não me peçam é que permita que o Estado se descarte das suas responsabilidades e permita que (sobre o pretexto de estar a dar maior liberdade) os mais fortes imponham sobre os mais fracos o seu livre arbítrio.
«Porque são esses que são bons.
Para ti, e para os outros.
Afinal foi a Igreja Católica que assim o disse.
E tu és um bom católico.»
Sim, o que não implica que queira impor nada a ninguém, nem admito que alguém imponha a sua concepção individual de quando começa a vida a todo um país (principalmente quando todas a evidências apontam para que a vida começa muito antes das 10 semanas)!
«E se és um bom católico, para ti a vida é um valor absoluto.
E como é absoluto, aplica-se a TODOS os casos.
Bem, a não ser na pena de morte.
Mas essa não conta.
Afinal, vem no Catecismo da Igreja Católica.
E os bons católicos sabem que o Catecismo da Igreja Católica é que é, afinal... o valor absoluto.
Para os católicos e para os que não são católicos, claro está.
Parabens, Rui: és um bom católico!»
Muito provavelmente nem sequer sou um bom católico, mas procuro estar bem informado e ser honesto no que defendo.
Penso que um bom ateu como tu concordará comigo.
Em resumo defendo que:
Primeira premissa: É um crime matar um ser humano inocente.
Segunda premissa: Um feto humano é um ser humano inocente.
Conclusão: Logo, é um crime matar um feto humano.
Perante este raciocínio só podes discordar da conclusão se provares que alguma das premissas está errada.
Prova-o, converterás todos o apoiantes do Não, caso contrário põem em causa a lógica da tua posição.
Pois é, Rui:
Só te falta perceberes uma coisa:
- Um valor que não é absoluto, é um valor relativo.
E uma vez que admites que a vida é um valor relativo, a menos tem a honestidade intelectual de admitires que és contra o aborto não porque defendes a «vida», mas por qualquer outro motivo.
Porque a «vida», já vimos que só defendes... às vezes...
Admite que vais votar «não», porque queres impor os teus critérios éticos às outras pessoas.
Queres, isso sim, impor-lhes as tuas escolhas.
Porque se o «sim» ganhar, abre-se a possibilidade de uma mulher que queria abortar o poder fazer, e se outra mulher, pelos seus valores, não quiser abortar, não é, obviamente, obrigada a fazê-lo.
Ganhando o «não», são impostos a ambas as mulheres os valores, as escolhas e as opções de quem acha que não se deve abortar.
E um critério ético de um grupo, acaba a ser imposto a outro grupo.
Isto, caro Rui, não é correcto!!!
*
Só mais uma coisa, porque tenho (como sabes) muita consideração e amizade por ti:
Por favor lê a minha última resposta e diz-me que não és da mesma opinião que o PKS...
LGR
……………………………………
Só posso sentir pena...
Não percebeste nada do que disse, não respondes ao que te perguntei e foges constantemente sempre que vês que não tens razão.
É pena que assim seja.
Afinal nem só de lógica vive um ateu!
Um abraço,
Rui Castanhinha
…………………………………
Caro Rui:
Ainda bem que não disseste.
Ufff!!!
LGR
domingo, 4 de fevereiro de 2007
Ser pelo Sim.

Ser pelo Sim é ser contra a humilhação das mulheres nos tribunais mas armar um circo mediático tão grande à volta dos poucos julgamentos que tiveram lugar, de forma a que toda a gente ficasse a conhecer os nomes e as caras das mulheres que só querem permanecer incógnitas e ao mesmo tempo dizer que como os julgamentos são uma vergonha, temos que mudar a lei, porque toda a gente viu o circo que armámos em frente aos tribunais para atrair atenções precisamente para aquilo a que nenhuma mulher que aborta quer que se saiba mas é preciso que se saiba porque senão não há razão para mudar a lei.
Ser pelo Sim é querer uma outra lei que não condene as mulheres porque são todas umas coitadinhas mas que as condene depois das dez semanas porque aí já são umas debochadas, e isso é inadmissível!
Ser pelo Sim é ser pela tolerância antes das dez semanas mas nunca depois porque aí já não se admite ser-se tolerante!
Ser pelo Sim é confiar na decisão íntima de cada mãe quando esco

Ser pelo Sim é querer acabar com uma lei que julgue uma dúzia de mulheres por década porque isso é inadmissível e dizer que essa lei não é aplicada e que é hipócrita porque não prende as mulheres que ninguém quer prender. É isto tudo e defender uma formidável alteração, para acabar com a hipocrisia de existir uma norma que não é cumprida, e simultaneamente propor uma outra que julgue e condene centenas de mulheres anualmente depois das dez semanas mesmo sendo essa a razão para acabar com as penas antes dessa data.
Ser pelo sim é querer acabar com todas as clínicas clandestinas porque são uma mina de ouro para pessoas horrorosas e sem escrúpulos mas defender que essas mesmas pessoas serão as mais honestas e responsáveis se se legalizarem e pagarem impostos porque aí já está tudo bem: podem viver só à custa do desespero de inúmeras grávidas mas desde que contribuam com impostos até serão ajudadas através de comparticipações a 100% das IVG com o orçamento geral do Estado. Porque assim é que está certo!
Porque, como o SNS não vai dar conta do recado, vão ser as clínicas privadas que irão garantir que exista alguém para ouvir e dissuadir a grávida de exercer um direito seu (legal, seguro e gratuito) e muito proveitoso para a clínica.
Porque até vão ser essas clínicas que vão verificar se as mulheres que lá chegam foram ou não coagidas por alguém e se suspeitarem que sim, mandarão logo investigar o caso.
Ser pelo Sim é ainda ir a tempo de aprovar uma lei que dá o direito a

Ser pelo Sim é achar que ainda vamos bem a tempo de fazer passar uma lei que muitos países já se arrependeram de a ter e estão agora a tentar mudá-la. Sim, ainda vamos bem a tempo de nos arrependermos (talvez com um atrasozinho de trinta anos, mas ainda vamos bem a tempo) , isto é ser pelo Sim!
Ser pelo Sim é querer proteger a liberdade de escolha das mulheres mais fracas mas não se ralar com a liberdade das que já existem mas ainda não nasceram. É querer proteger os mais fracos mas só os mais fracos que tenham passado para lá das dez semanas, porque assim é que é ser moderado.
Ser pelo Sim é não falar sobre quando começa a vida humana porque isso é

Ser pelo Sim é defender que financiar anualmente, com os impostos de todos, milhares de IVG é um enorme passo em frente com a certeza que só pode contribuir para que haja cada vez menos abortos no país. É defender que legalizar faz diminuir uma prática, é defender que tornar uma prática gratuita vai fazer baixar o seu número e defender que esse é o caminho para acabar com o aborto, porque se houvessem indícios de que a legalização aumentava o número de abortos isso seria inadmissível!
Ser pelo Sim é ser pela vida humana das mulheres grávidas que querem "interromper" essa gravidez já que em Portugal todos os anos morrem dezenas (?), ou centenas (?), ou milhares (?), ou serão milhões (?) de mulheres só pelo simples facto de serem pobres e quererem acabar com a vida do seu próprio filho, que ainda não é filho porque não é pessoa mas é um ser humano que não tem os direitos de todos os seres humanos porque é só mais-ou-menos-ser-humano, e assim é que está certo!
Ser pelo Sim é achar que a gravidez pode tornar-se uma doença bastando

Ser pelo Sim é pensar que não há qualquer problema em obrigar as nossas mulheres a irem parir a Badajoz mas se lá forem abortar já é um grande problema porque não pode ser, não pode ser, e não pode ser. E se alguma mulher levantar esta questão basta chamá-la de nacionalista xenófoba para a calar e podermos descansar porque temos razão!
Ser pelo Sim é permitir que uma mulher possa "optar" cedendo às pressões do marido, da família, do patrão, da sociedade para que ela possa escolher em "liberdade" e para que não seja: espancada (pelo marido), renegada (pela família), despedida (pelo patrão), desapoiada (por todos nós) só por ser teimosa e querer ser mãe.
Ser pelo Sim é querer um mundo onde nos revoltamos com isto mas ajudamos os mais fortes a pressionar os mais fracos ao legalizar e tornar gratuito o que esses horrorosos querem impor às coitadas das grávidas.
É fazer o jogo dos horrorosos que condenamos e dizer com toda a certeza que é para o bem das mulheres.
Ou será que é para que todos possamos ter sempre mulheres bonitas, magras e disponíveis (?), afinal assim é que é ser jovem, moderno e desenvolvido: pelas mulheres-mulheres desprezando as mulheres-mãe. Que descanso é ser feminista e progressista, sempre contra todas as ideias machistas e conservadoras dos que defendem o Não...
Ser pelo Sim não é criar associações para apoiar todas as grávidas que estão desesperadas, isso não? isso é trabalho para os intolerantes obscurantistas do Não, ser pelo Sim é ver mais longe e oferecer um aborto em vez de ajuda, isso é sim é ser Sim!
Ser pelo Sim é ser-se coerente e ser-se superior aos outros, "é ser maior do que os homens" e ver mais alto.
É ser honesto intelectualmente e possuir uma lógica aristotélica inatacável já que nunca se contradiz nem é o resultado dos mais básicos sentimentos humanos mas sim o

Assim Sim, vale a pena ir votar...
Viva a liberdade, igualdade e fraternidade!
Assim é o SIM. Viva o Sim!
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
Ribeiro 2
Sr. R. Ribeiro:
Já agora deixe-me levantar uma questão: porque é que ninguém se lembra de acusar os defensores do Sim de não terem feito nada para apoiar as mulheres que tanto apregoam defender?
Se de um lado estão os "defensores do feto" e do outro os "defensores das mulheres" é estranho que a coerência só imponha aos primeiros o apoio ás mulheres e aos segundos não. (diga-se de passagem que os primeiros aceitaram o desafio enquanto os segundos só os ouvimos nos últimos 8 anos aos berros sempre que existiam julgamentos e mesmo que as mulheres julgadas tivessem abortado muito depois das 10 ou 12 semanas).
Há-de convir que se temos que exigir a alguém que apoie as mulheres grávidas esse alguém são aqueles que estão sempre com a boca cheia da "liberdade da mulher para decidir".
Ou pode haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria com mais um filho para alimentar ou o aborto? Será que ganhando o SIM existirá liberdade de escolha?
É curioso que de todas as associações que lidam com mulheres que já abortaram não exista nenhuma que se manifeste pelo Sim.
É curioso, não acha?
Sr Rui castanhinha
É de facto curioso!!! Porquê os do "sim"? Não são os do "não" que se arreganham todos contra essas mulheres a ponto de as quererem meter na cadeia e de as humilharem publicamente? E não são as mulheres mais desprotegidas que vão a tribunal? Então, se são tão defensores da vida como valor absoluto, por que não as defendem, repito, defendem para que não tenham necessidade de praticarem o que os senhores condenam? É de facto curioso. E é curioso, como de facto o sr cai em contradição: "Ou pode haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria mais um filho para alimentar ou o aborto"? Esqueceu-se de dizer ...e a seguir a cadeia. É também curioso que o Sr não entenda que a maioria das mulheres que abortaram não venham fazer gala do seu acto. Entende as consequências, não? Mas, mesmo assim, se estivesse com atenção, algumas já o afirmaram publicamente.
O sr tem os seus argumentos e eu respeito-os. Só não aceito que a igreja católica venha com comparações ridículas como as apresentadas pelos bispos de Viseu, Guarda e Bragança. Sem esquecer as afirmações da vigararia episcopal de Vila Real e sem esquecer certos procedimentos como uma missa seguida de uma procissão com a imagem de Nossa Senhora da Esperança (imagem com a santa grávida) numa paróquia lá para os lados de Alcobaça, suplicando e apelando contra o voto na despenalização. Não acha isto lamentável? Finalmente, quero dizer-lhe que muitas das associações que protegem mulheres em dificuldades têm gente que votou e votará "sim" e "não". Mas, se desconhece associações defensoras do "sim" formadas depois do referendo, eu desconheço as formadas pelos defensores do "não". Curiosamente, depois do referendo, os defensores do "não" na época continuaram a encher os meios de comunicação social com NADA...
R. Ribeiro
Caro R.Ribeiro, começando pelo fim quando diz:
«Mas, se desconhece associações defensoras do "sim" formadas depois do referendo, eu desconheço as formadas pelos defensores do "não".»
Eu não disse é que desconhecia.
Eu disse que não existiam! (por acaso até o ajudo e digo que existe uma, a APF, mas é a excepção que infelizmente só confirma a regra)
Mas se acha que estou enganado desminta-me, basta dizer onde estão elas!
O ónus da prova é de quem afirma que existem!
Se quiser uma lista de associações que se preocupam e lidam de perto com mães desesperadas e bebés não desejados tome nota:
Ajuda de Berço
Associação Missão Vida
Associação Portuguesa das Famílias Numerosas
Federação Portuguesa pela Vida
Fórum da Família Juntos pela Vida
Movimento de Defesa da Vida
Ponto de Apoio à Vida
Sinais de Vida
Refúgio Aboim Ascensão
Vida Universitária
Vinhas de Raquel
ETC (são mais de 50!!!!)...
(Quase todas têm site na net, vá lá ver e deixe de dizer: «eu desconheço as associações formadas pelos defensores do "não"»)
Antes de prosseguir gostaria de lhe pedir para não entrarmos numa conversa ridícula sobre quem é que tem mais "soldadinhos de chumbo".
Até poderia ser ao contrário, seria irrelevante para a validade dos argumentos de fundo sobre o referendo.
Eu apenas quero alertar para o ridículo que é criticar o Não por não se ralar com as mulheres, quando do lado do Sim nada se vê de concreto.
Só isso, mais nada, acho que aqui concorda comigo e é pena que só um lado se empenhe em ajudar as mulheres desesperadas.
A bem da verdade você vai dizer-me que também quer ajudar as mulheres: quer ajudar as que querem abortar!
Mas quanto às que estão indecisas e às que querem ter os filhos nada diz, ou seja, o Sim só ajuda com um aborto quem pondera abortar, o Não ajuda todas as mulheres para que esse aborto não tenha razão de ser e mesmo que decidam abortar nunca é recusado o apoio posterior. Protegendo a mãe e o filho.
Não acha que é diferente?
Quando pergunto:
«poderá haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria e ter mais um filho para alimentar ou o aborto?» refiro-me a um cenário de liberalização do aborto. Onde as mães deveriam poder escolher livremente, isto é, num cenário onde a escolha para a mulher é: de um lado uma sociedade que abandona a mulher a si própria e não se organiza para a apoiar e, do outro, um Estado que lhe oferece em alternativa um aborto rápido, gratuito, e limpo!
Que mundo é este?
Ela continuará miserável mas pelo menos pode escolher entre matar ou não o seu filho!
É esta a sociedade que a esquerda quer mais livre, mais justa e mais fraterna?
É irónico que, se ganhar o Sim, sejam precisamente os movimentos que defenderam o Não que mais vão lutar para que a mãe possa ter condições para ter o filho. Serão essas associações que permitirão, aí sim, que haja uma escolha livre entre duas alternativas: entre um aborto e uma maternidade com ajuda!
Eu quase que aposto que, seja qual for o resultado, assim que passar o dia 11 não existirá um único movimento pelo Sim a dar origem a uma organização que ajude as mulheres.
Foi assim em 1998 e será assim em 2007 (infelizmente). Quer apostar?
Rui Castanhinha
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
Sabiam ?...
Não há mulheres detidas pelo crime de aborto em Portugal.
Em 2005 realizaram-se 906 abortos legais em Portugal.
Em 2005 houve 73 casos, e não milhares, de mulheres atendidas na sequência de abortos clandestinos.
O número de abortos clandestinos está calculado em 1800 por ano.
62% dos abortos realizados em países europeus com legislação semelhante à pretendida em Portugal, são realizados por mulheres com rendimentos familiares superiores a 65.000 euros por ano.
6% dos abortos realizados em países europeus com legislação semelhante à pretendida em Portugal, são realizados por mulheres com rendimentos familiares inferiores a 7000 euros.
Em todo o mundo, o aborto sem invocar qualquer razão é permitido em 22 de um total de 193 países.
A pílula do dia seguinte é comercializada em Portugal desde 1999, sem necessidade de receita médica. É dispensada gratuitamente em centros de saúde desde 1 de Dezembro de 2005.
A taxa de natalidade em Portugal baixou para metade nos últimos 40 anos.
Em 2005, a média de filhos por casal foi de 1,5, tendo-se registado apenas 109.000 nascimentos, permanecendo abaixo do nível de renovação das gerações (2,1).
Em 2006, a Alemanha aprovou um incentivo à natalidade de 25 mil euros por cada nascimento.»
(www.assimnao.org)
Claro que já sabiam, isto são factos que "toda a gente" sabe, não é?
sexta-feira, 19 de janeiro de 2007
Não ao aborto, sim no referendo (!?)

Pode parecer estranho mas racionalmente não faz nenhum sentido, repito, não faz nenhum sentido que alguém diga:
- Eu sou contra o aborto mas vou votar sim. Sim pela despenalização do aborto.
É que se este tipo de afirmações fosse proferida por meia dúzia de pessoas mais-ou-menos mal informadas e que nunca tivessem dedicado 5 minutos a pensar no assunto, eu até podia compreender. Mas não. O que constato é que são todos, repito, TODOS os partidários do Sim.
Existirá algum outro crime em que alguém diga que mesmo sendo contra a sua prática seria a favor da sua liberalização?
Terá sentido dizer:
- Eu sou contra o homicídio mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).
- Eu sou contra a pedofilia mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).
- Eu sou contra o tráfico de cocaína mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).
- Eu sou contra o aborto a pedido depois das 10 semanas mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).
É bastante comum ouvirmos dizer aos partidários da Vida:
- Eu sou contra o aborto porque sei que existe uma Vida Humana que está em causa, por isso vou votar Não. Voto Não, porque sou contra o aborto.
(Podemos até discordar, mas pelo menos é-se coerente e consequente.)
Agora o inverso nunca se ouve (pelo menos eu nunca vi ninguém defender):
- Eu sou pelo aborto porque sei que não existe uma Vida Humana até às 10 semanas, por isso vou votar Sim. Voto Sim, porque sou pelo aborto sempre que a mãe o desejar até às dez semanas.
O que estamos fartos de ouvir (talvez seja essa a táctica) até à nauseia é:
- Eu sou contra o aborto mas vou votar sim. Sim pela despenalização do aborto porque é uma questão de consciência.
Será que ninguém percebe que se se for favorável a que uma mãe possa matar o seu filho com dez semanas está-se a ser favorável ao aborto? (Não se está a ser favorável ao aborto obrigatório, como é claro!... mas também não é a este tipo de aborto a que alguém se refere quando diz que mesmo sendo contra é favorável à sua legalização.)
Acabamos por conseguir confundir as mentes menos atentas com o facto de se invocar a consciência individual. Mas a consciência individual nunca se pode sobrepor ao direito a viver do outro.
Diga-se, que nem sempre foi assim, em muitas sociedades eram questões de consciência: escravizar ou não, matar ou não matar judeus, bater ou não bater nas mulheres ou dispor da vida dos filhos já nascidos.
Actualmente todas estas liberdades não são toleradas pela lei, pelo simples facto que existe um outro e que esse outro é igual em dignidade e direito a viver. É inaceitável que alguém possa matar outro Ser Humano por uma questão de consciência. Ou poderá?
Se a resposta for não só podemos defender o aborto até às dez semanas se acreditarmos piamente que não existe uma Vida Humana até essa data (ou que algo de novo acontece nessa altura ou que a alma incorpora aí, conceito estranho à nossa esquerda, acho eu).

Portanto:
- Ninguém prova que a vida que é «interrompida» não é uma Vida Humana.
- Defende-se que deverá ser tratada como se não fosse, ou que essa questão é secundária.
- Logo podemos matar!
Isto tem cá um lógica! Eu até me arrepio...
Podemos sempre dizer que todas as comparações não são válidas porque um embrião de 10 semanas não é um Ser Humano, mas ninguém o faz. Repito, NINGUÉM diz:
- Eu sou pelo aborto porque sei que não existe uma Vida Humana até às 10 semanas, por isso vou votar Sim. Voto Sim, porque sou pelo aborto sempre que mãe quiser até às dez semanas.
Afinal são TODOS contra o aborto. Mas em que é que ficamos? Por que é que são contra? Será porque reconhecem que existe ali uma Vida Humana?
Das duas uma: ou existe ou não existe.
Se existe, claro que só podem ser contra o aborto, mas como conseguem então defender que abortar é uma questão de consciência individual?
Se não existe uma vida como podem dizer que são contra o aborto (?), quanto muito seriam indiferentes como no caso de se fazer uma cirurgia plástica.
O problema é que sempre que alguém defende a despenalização da interrupção voluntária da gravidez omite ( inocente ou propositadamente) do seu discurso a existência ou não de uma Vida Humana.
O discurso centra-se única e exclusivamente na Mulher grávida e sempre em torno desta! Se alguém mencionar o feto, embrião, bebé ou o outro Ser Humano é logo acusado de estar a desviar o debate ou de fazer chantagem emocional barata.

É como se se discutisse o holocausto sem se poder mostrar imagens dos campos de concentração, sem se poder mencionar os judeus, e centrar o debate exclusivamente nas condições de miséria em que viviam os alemães antes da guerra, no seu mercado interno deprimido e manipulado onde não se podiam estabelecer e criar riqueza, etc, etc.
Ou como falar da violência doméstica sem se poder mencionar a mulher, isto é, discursar sobre os problemas do marido que é despedido e vive na miséria e que por isso recorre ao álcool e depois não se controla ao chegar a casa e, concluir que todos somos contra a violência domestica, mas (como implicitamente só está em causa o marido) isso é uma questão de consciência, logo, não o devemos prender ou humilhar em praça pública pois ele é uma vítima.
Ainda assim o Não nunca responde na mesma moeda! O Não preocupa-se com as duas vítimas: o filho e a mãe. Por esta ordem e não a inversa, sabendo que ao proteger uma está a ajudar a outra. Criar condições para que a mãe não tenha de pensar em matar o filho que carrega é lutar por um Estado que não abandona os mais fracos à sua sorte. É lutar por uma sociedade melhor e mais justa uma sociedade onde todos têm lugar.
Será um enorme salto civilizacional se este referendo servir, não para dar o direito a todas Mães a livrarem-se do seu filho, mas sim, obrigar o Estado a criar uma sociedade onde a Vida é a causa de todas as Liberdades e não o oposto.
Um Estado mais Livre, mais Justo, mais Fraterno!
É muito estranho que não sejam estas as prioridades.
Ou falhou-me alguma coisa?
sexta-feira, 12 de janeiro de 2007
A nossa esquerda em pré-campanha.
Hoje, ao almoço, ouvi no telejornal um porta-voz do partido socialista dizer que a campanha do PS no referendo de dia 11 será baseada "nos argumentos racionais, científicos, e técnicos" e não "em argumentos de moral, ética ou outros".
Que quererá isto dizer?
Quererá dizer que sejam qual forem os argumentos éticos, morais ou outros que defendam o direito da mulher a abortar eles não vão ser utilizados?
Como podem dizer Sim se não defenderem que é moralmente aceitável que a mães possam matar os seus filhos até às 10 semanas de gravidez?
Já agora que tipo de argumentos exclusivamente científicos poderão ser utilizados para defender o aborto?
Gostava de ouvir algum responsável do PS dizer que "como está cientificamente comprovado que a Vida Humana só começa às 10 semanas então é racionalmente legitimo dizer Sim no referendo".
Mas ninguém o faz, porque será?
Estou curioso para saber que tipo de argumentos científicos-não-morais vão ser usados pelo PS na campanha...
Mas julgam que os disparates foram só estes? Não, o melhor ficou guardado para o fim.
A Mui ilustre e Digníssima paladina dos direitos das mulheres oprimidas e ostracizadas, Sra Odete Santos veio dizer com a excitação que lhe é habitual que: "(...) argumentos como não-sei-quê-não-sei-que-mais já bate um coração, são argumentos irracionais pois está mais que provado cientificamente que mesmo que bata um coração não existe uma Vida humana".
É preciso ter paciência...
Cara Sra Odete Santos:
Como era comum dizer-se há uns anos atrás: Ninguém pode ser fascista e ser ao mesmo tempo inteligente, honesto e estar bem informado. Uma das três (ou uma combinação delas) teria de falhar.
Podiam existir fascistas muito inteligentes e honestos mas só podiam ser pessoas terrivelmente mal informadas da realidade num pais fascista.
Podiam existir fascistas extremamente honestos e bem informados mas seriam com certeza pessoas muito pouco inteligentes.
E finalmente existiam os mais perigosos, os fascistas muito inteligentes e extremamente bem informados mas altamente desonestos.
Eu subscrevo estas frases (até certo ponto) e aproveito a boleia para lhe dizer que: ou está muito mal informada, ou não é minimamente inteligente, ou não está a ser honesta.

Não quero acreditar que nunca procurou saber quando começa a Vida Humana e que por desconhecimento total de como é um ser humano com dez semanas de gestação defende, honestamente, a liberalização do aborto a pedido.
Mas será que é uma total falta de honestidade (?) o que lhe permite defender tal afirmação, "(...)está mais que provado cientificamente que mesmo que bata um coração não existe uma Vida humana".
Desde quando? Em que se baseia essa afirmação? Onde estão esses estudos científicos que "provam" cabalmente que não existe uma vida humana? Esses estudos nunca ninguém os viu!
Seja honesta Sra Odete Santos, não ofenda a inteligência de muitos dos seus camaradas do PCP que sabem muito bem que está a mentir.
E não brinque com as palavras, não diga que quis dizer pessoa humana ou ser humano e que isso (seja lá o que isso for) ainda não existe às dez semanas, duvido que no fundo do seu coração acredite que fazer um aborto às dez semanas não é matar alguém.
Só para o caso de existirem dúvidas deixo-a com apenas uma de muitas possíveis citações de relatórios científicos internacionais.
«Em 1971 o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA pediu a mais de duzentos especialistas americanos, que elaborassem um relatório sobre o desenvolvimento embrionário. Esse documento diz o seguinte:
"Desde a concepção a criança é um organismo complexo dinâmico e em rápido crescimento. Na sequência de um processo natural e contínuo o zigoto irá, em aproximadamente nove meses, desenvolver-se até aos triliões de células do bebé recém-nascido. (...) No momento da fertilização um novo ser é criado o qual, embora recebendo metade dos seus cromossomas de cada um dos progenitores, é completamente diferente deles."
(Amicus Curiae, 1971 Motion and Brief Amicus Curiae of Certain Physicians, Professors and Fellows of the American College of Obstetrics and Gyneco1ogy, Supreme Court of the United States, October Term, 1971, No. 70-18, Roe v. Wade, and No. 70-40, Doe v. Bolton.) in (http://aborto.aaldeia.net/cientistas.htm)»
Terá a senhora descoberto algo de novo que não fosse do conhecimento destes duzentos especialistas? Se sim por favor diga o quê, convencerá todos os apoiantes do Não e ganhará seguramente o Nobel da medicina.
Caso contrário perdeu uma irrepetível oportunidade para estar calada!