quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Sabiam que...



...quem destruir um ninho de ovos de uma águia pesqueira é punido com uma pena até três anos de prisão?



...quem fotocopiar um livro incorre numa pena de prisão até três anos?



...segundo a lei portuguesa o embrião (independentemente da semana em que se encontra) pode receber heranças deixadas em testamento e mesmo que ganhe o sim esta lei não será alterada ?



...a lei que está por detrás do referendo não prevê nenhum acompanhamento psicológico à mulher que aborta?



...a mãe poderá abortar mesmo que o pai tenha condições e vontade de acolher e educar o seu filho?



...para duas pessoas casadas se desfazerem de uma casa ou de um carro só o podem fazer de mutuo acordo?



...mesmo contra a sua vontade, assim que nascer o bebé, o pai é obrigado por lei a dar-lhe o seu nome e a contribuir financeiramente com uma mensalidade?



...NADA na nova lei proposta obriga (ou aconselha) a mulher a consultar o pai da criança?


Ainda querem votar SIM???

.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Babel

Que monumento!
Um filme realista, tão realista que nos obriga a contorcer para o digerirmos.
O tema? A incompreensão, a irresponsabilidade, a realidade.

"Quando um peixe nada alegremente no mar a ultima coisa que se lembra é da existência de toda aquela água que o rodeia e envolve."

O inverso poderia ser dito de Babel, desperta-nos para o que existe e está sempre connosco mas que nem sempre está "presente". A vida. O outro.

É um sopro sobre as relações humanas, todas elas.

Ao longo da acção todos os recursos da montagem se centram na falta de comunicação e consequente irresponsabilidade humana.
É uma dura lição: comunicar pode não pressupor amar mas é a única forma de conhecer o outro e de o respeitar.

Difícil mas completo, cheio, transbordante.

Obrigado Alejandro Iñárritu.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Soho 2

Sabiam ?...

«Sabia que...

Não há mulheres detidas pelo crime de aborto em Portugal.

Em 2005 realizaram-se 906 abortos legais em Portugal.


Em 2005 houve 73 casos, e não milhares, de mulheres atendidas na sequência de abortos clandestinos.

O número de abortos clandestinos está calculado em 1800 por ano.

62% dos abortos realizados em países europeus com legislação semelhante à pretendida em Portugal, são realizados por mulheres com rendimentos familiares superiores a 65.000 euros por ano.

6% dos abortos realizados em países europeus com legislação semelhante à pretendida em Portugal, são realizados por mulheres com rendimentos familiares inferiores a 7000 euros.

Em todo o mundo, o aborto sem invocar qualquer razão é permitido em 22 de um total de 193 países.

A pílula do dia seguinte é comercializada em Portugal desde 1999, sem necessidade de receita médica. É dispensada gratuitamente em centros de saúde desde 1 de Dezembro de 2005.

A taxa de natalidade em Portugal baixou para metade nos últimos 40 anos.

Em 2005, a média de filhos por casal foi de 1,5, tendo-se registado apenas 109.000 nascimentos, permanecendo abaixo do nível de renovação das gerações (2,1).

Em 2006, a Alemanha aprovou um incentivo à natalidade de 25 mil euros por cada nascimento.»

(www.assimnao.org)

Claro que já sabiam, isto são factos que "toda a gente" sabe, não é?


sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Não ao aborto, sim no referendo (!?)

Gostaria que alguém me explicasse por que razão todos os partidários da despenalização da interrupção voluntária da gravidez se proclamam contra o aborto.

Pode parecer estranho mas racionalmente não faz nenhum sentido, repito, não faz nenhum sentido que alguém diga:
- Eu sou contra o aborto mas vou votar sim. Sim pela despenalização do aborto.

É que se este tipo de afirmações fosse proferida por meia dúzia de pessoas mais-ou-menos mal informadas e que nunca tivessem dedicado 5 minutos a pensar no assunto, eu até podia compreender. Mas não. O que constato é que são todos, repito, TODOS os partidários do Sim.

Existirá algum outro crime em que alguém diga que mesmo sendo contra a sua prática seria a favor da sua liberalização?

Terá sentido dizer:
- Eu sou contra o homicídio mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).
- Eu sou contra a pedofilia mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).
- Eu sou contra o tráfico de cocaína mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).
- Eu sou contra o aborto a pedido depois das 10 semanas mas sou a favor da sua despenalização (descriminalização ou liberalização).


É bastante comum ouvirmos dizer aos partidários da Vida:
- Eu sou contra o aborto porque sei que existe uma Vida Humana que está em causa, por isso vou votar Não. Voto Não, porque sou contra o aborto.
(Podemos até discordar, mas pelo menos é-se coerente e consequente.)

Agora o inverso nunca se ouve (pelo menos eu nunca vi ninguém defender):
- Eu sou pelo aborto porque sei que não existe uma Vida Humana até às 10 semanas, por isso vou votar Sim. Voto Sim, porque sou pelo aborto sempre que a mãe o desejar até às dez semanas.

O que estamos fartos de ouvir (talvez seja essa a táctica) até à nauseia é:
- Eu sou contra o aborto mas vou votar sim. Sim pela despenalização do aborto porque é uma questão de consciência.

Será que ninguém percebe que se se for favorável a que uma mãe possa matar o seu filho com dez semanas está-se a ser favorável ao aborto? (Não se está a ser favorável ao aborto obrigatório, como é claro!... mas também não é a este tipo de aborto a que alguém se refere quando diz que mesmo sendo contra é favorável à sua legalização.)

Acabamos por conseguir confundir as mentes menos atentas com o facto de se invocar a consciência individual. Mas a consciência individual nunca se pode sobrepor ao direito a viver do outro.

Diga-se, que nem sempre foi assim, em muitas sociedades eram questões de consciência: escravizar ou não, matar ou não matar judeus, bater ou não bater nas mulheres ou dispor da vida dos filhos já nascidos.
Actualmente todas estas liberdades não são toleradas pela lei, pelo simples facto que existe um outro e que esse outro é igual em dignidade e direito a viver. É inaceitável que alguém possa matar outro Ser Humano por uma questão de consciência. Ou poderá?
Se a resposta for não só podemos defender o aborto até às dez semanas se acreditarmos piamente que não existe uma Vida Humana até essa data (ou que algo de novo acontece nessa altura ou que a alma incorpora aí, conceito estranho à nossa esquerda, acho eu).


Portanto:
  1. Ninguém prova que a vida que é «interrompida» não é uma Vida Humana.
  2. Defende-se que deverá ser tratada como se não fosse, ou que essa questão é secundária.
  3. Logo podemos matar!
(Ou melhor, o embrião será tratado como Vida Humana com direito a ser protegido se a mãe assim o entender mas, se ela mudar de ideias até (mas nunca depois de) às dez semanas, ele poderá ser destruído sem qualquer justificação. )

Isto tem cá um lógica! Eu até me arrepio...

Podemos sempre dizer que todas as comparações não são válidas porque um embrião de 10 semanas não é um Ser Humano, mas ninguém o faz. Repito, NINGUÉM diz:
- Eu sou pelo aborto porque sei que não existe uma Vida Humana até às 10 semanas, por isso vou votar Sim. Voto Sim, porque sou pelo aborto sempre que mãe quiser até às dez semanas.

Afinal são TODOS contra o aborto. Mas em que é que ficamos? Por que é que são contra? Será porque reconhecem que existe ali uma Vida Humana?

Das duas uma: ou existe ou não existe.
Se existe, claro que só podem ser contra o aborto, mas como conseguem então defender que abortar é uma questão de consciência individual?
Se não existe uma vida como podem dizer que são contra o aborto (?), quanto muito seriam indiferentes como no caso de se fazer uma cirurgia plástica.

O problema é que sempre que alguém defende a despenalização da interrupção voluntária da gravidez omite ( inocente ou propositadamente) do seu discurso a existência ou não de uma Vida Humana.

O discurso centra-se única e exclusivamente na Mulher grávida e sempre em torno desta! Se alguém mencionar o feto, embrião, bebé ou o outro Ser Humano é logo acusado de estar a desviar o debate ou de fazer chantagem emocional barata.

É o argumento da invisibilidade do feto: se não falarmos nele podemos raciocinar como se não existisse.

É como se se discutisse o holocausto sem se poder mostrar imagens dos campos de concentração, sem se poder mencionar os judeus, e centrar o debate exclusivamente nas condições de miséria em que viviam os alemães antes da guerra, no seu mercado interno deprimido e manipulado onde não se podiam estabelecer e criar riqueza, etc, etc.
Ou como falar da violência doméstica sem se poder mencionar a mulher, isto é, discursar sobre os problemas do marido que é despedido e vive na miséria e que por isso recorre ao álcool e depois não se controla ao chegar a casa e, concluir que todos somos contra a violência domestica, mas (como implicitamente só está em causa o marido) isso é uma questão de consciência, logo, não o devemos prender ou humilhar em praça pública pois ele é uma vítima.


Ainda assim o Não nunca responde na mesma moeda! O Não preocupa-se com as duas vítimas: o filho e a mãe. Por esta ordem e não a inversa, sabendo que ao proteger uma está a ajudar a outra. Criar condições para que a mãe não tenha de pensar em matar o filho que carrega é lutar por um Estado que não abandona os mais fracos à sua sorte. É lutar por uma sociedade melhor e mais justa uma sociedade onde todos têm lugar.

Será um enorme salto civilizacional se este referendo servir, não para dar o direito a todas Mães a livrarem-se do seu filho, mas sim, obrigar o Estado a criar uma sociedade onde a Vida é a causa de todas as Liberdades e não o oposto.
Um Estado mais Livre, mais Justo, mais Fraterno!

É muito estranho que não sejam estas as prioridades.
Ou falhou-me alguma coisa?

Soho

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

A nossa esquerda em pré-campanha.

Nem sei por onde começar...

Hoje, ao almoço, ouvi no telejornal um porta-voz do partido socialista dizer que a campanha do PS no referendo de dia 11 será baseada "nos argumentos racionais, científicos, e técnicos" e não "em argumentos de moral, ética ou outros".
Que quererá isto dizer?

Quererá dizer que sejam qual forem os argumentos éticos, morais ou outros que defendam o direito da mulher a abortar eles não vão ser utilizados?
Como podem dizer Sim se não defenderem que é moralmente aceitável que a mães possam matar os seus filhos até às 10 semanas de gravidez?

Já agora que tipo de argumentos exclusivamente científicos poderão ser utilizados para defender o aborto?

Gostava de ouvir algum responsável do PS dizer que "como está cientificamente comprovado que a Vida Humana só começa às 10 semanas então é racionalmente legitimo dizer Sim no referendo".
Mas ninguém o faz, porque será?
Estou curioso para saber que tipo de argumentos científicos-não-morais vão ser usados pelo PS na campanha...


Mas julgam que os disparates foram só estes? Não, o melhor ficou guardado para o fim.

A Mui ilustre e Digníssima paladina dos direitos das mulheres oprimidas e ostracizadas, Sra Odete Santos veio dizer com a excitação que lhe é habitual que: "(...) argumentos como não-sei-quê-não-sei-que-mais já bate um coração, são argumentos irracionais pois está mais que provado cientificamente que mesmo que bata um coração não existe uma Vida humana".

É preciso ter paciência...


Cara Sra Odete Santos:

Como era comum dizer-se há uns anos atrás: Ninguém pode ser fascista e ser ao mesmo tempo inteligente, honesto e estar bem informado. Uma das três (ou uma combinação delas) teria de falhar.

Podiam existir fascistas muito inteligentes e honestos mas só podiam ser pessoas terrivelmente mal informadas da realidade num pais fascista.

Podiam existir fascistas extremamente honestos e bem informados mas seriam com certeza pessoas muito pouco inteligentes.

E finalmente existiam os mais perigosos, os fascistas muito inteligentes e extremamente bem informados mas altamente desonestos.


Eu subscrevo estas frases (até certo ponto) e aproveito a boleia para lhe dizer que: ou está muito mal informada, ou não é minimamente inteligente, ou não está a ser honesta.

Não quero acreditar que seja uma tontinha inocente e bem informada sobre quando começa a Vida Humana e que até já viu imagens como a deste texto (8 semanas!!) mas não tem capacidade intelectual suficiente para retirar as devidas conclusões.

Não quero acreditar que nunca procurou saber quando começa a Vida Humana e que por desconhecimento total de como é um ser humano com dez semanas de gestação defende, honestamente, a liberalização do aborto a pedido.

Mas será que é uma total falta de honestidade (?) o que lhe permite defender tal afirmação, "(...)está mais que provado cientificamente que mesmo que bata um coração não existe uma Vida humana".

Desde quando? Em que se baseia essa afirmação? Onde estão esses estudos científicos que "provam" cabalmente que não existe uma vida humana? Esses estudos nunca ninguém os viu!
Seja honesta Sra Odete Santos, não ofenda a inteligência de muitos dos seus camaradas do PCP que sabem muito bem que está a mentir.
E não brinque com as palavras, não diga que quis dizer pessoa humana ou ser humano e que isso (seja lá o que isso for) ainda não existe às dez semanas, duvido que no fundo do seu coração acredite que fazer um aborto às dez semanas não é matar alguém.

Só para o caso de existirem dúvidas deixo-a com apenas uma de muitas possíveis citações de relatórios científicos internacionais.

«Em 1971 o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA pediu a mais de duzentos especialistas americanos, que elaborassem um relatório sobre o desenvolvimento embrionário. Esse documento diz o seguinte:

"Desde a concepção a criança é um organismo complexo dinâmico e em rápido crescimento. Na sequência de um processo natural e contínuo o zigoto irá, em aproximadamente nove meses, desenvolver-se até aos triliões de células do bebé recém-nascido. (...) No momento da fertilização um novo ser é criado o qual, embora recebendo metade dos seus cromossomas de cada um dos progenitores, é completamente diferente deles."
(Amicus Curiae, 1971 Motion and Brief Amicus Curiae of Certain Physicians, Professors and Fellows of the American College of Obstetrics and Gyneco1ogy, Supreme Court of the United States, October Term, 1971, No. 70-18, Roe v. Wade, and No. 70-40, Doe v. Bolton.) in (http://aborto.aaldeia.net/cientistas.htm)»

Terá a senhora descoberto algo de novo que não fosse do conhecimento destes duzentos especialistas? Se sim por favor diga o quê, convencerá todos os apoiantes do Não e ganhará seguramente o Nobel da medicina.

Caso contrário perdeu uma irrepetível oportunidade para estar calada!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Khaled Meshaal

Segundo o Público de hoje : «O líder político do Hamas reconheceu hoje, pela primeira vez, que a existência de Israel “é uma realidade” que não pode ser ignorada, mas insiste que o reconhecimento só surgirá quando for criado o Estado palestiniano.» será que chegando ao poder os extremistas islâmicos ficaram subitamente mais tolerantes?
De qualquer forma dizer que "é um realidade" mas ao mesmo tempo dizer que não se está a reconhecer (isso apenas acontecerá quando for criado o Estado Palestiniano) é algo incompreensível.

Mas afinal?!
- Existe mas não reconheço!

Ou será que este existe se deve ao facto dos «Os EUA e a União Europeia [terem suspendido] as ajudas ao Governo palestiniano, face à recusa do Hamas, no poder desde Março (...) em reconhecer o Estado israelita, renunciar à violência e aceitar os acordos de paz já assinados»?

Que raio de lógica é esta?

Eu é que digo: raciocínios destes existem, mas eu não os reconheço!

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Catedral de Burgos


A catedral de Burgos tem trinta metros de altura

E as pupílas dos meus olhos dois milímetros de abertura.

Olha a catedral de Burgos com trinta metros de altura!

António Gedeão


segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Random Precision

Tenho constatado que existe uma enorme falta de informação sempre que se discute o Sim ou Não no próximo referendo. Mas mais grave que isso, sempre que se discute o aborto são usadas falácias que dificilmente seriam toleradas noutros contextos.

Para melhor ilustrar o que quero dizer vejamos o tipo de argumentos utilizados por J. Ribeiro e G. Carvalho quando tentavam explicar o seu ponto de vista nos comments no blog Random Precision .
(Peço desde já desculpa por algumas gralhas, mas optei por copiar os textos na integra preservando a sua forma original).


O debate seguiu-se a este post de Luís Rodrigues (4 de Janeiro):



«Contribuir com os meus impostos para financiar clínicas de aborto? Não, obrigada».
- Cartaz publicitário da campanha do «não» no referendo sobre o aborto.

«Contribuir com os meus impostos para financiar tratamentos médicos a mulheres que abortaram clandestinamente? Não, obrigado».

«Contribuir com os meus impostos para financiar tratamentos médicos a fumadores? Não, obrigado».
- Prováveis próximos cartazes publicitários da campanha do «não» no referendo sobre o aborto.

# posted by Luis Grave Rodrigues @ 10:06 PM


Comentários:


«Sim para acabar com a humilhação.»
- Cartaz publicitário da campanha do «sim» no referendo sobre o aborto.

«Sim para acabar com a humilhação depois das 10 semanas»

«Sim para acabar com a humilhação depois das 24 semanas»

«Sim para acabar com a humilhação até aos nove meses»

ou

«Sim para continuar com a humilhação depois das 10 semanas. (como foi o caso em Aveiro, Setúbal e Maia)».

- Prováveis próximos cartazes publicitários da campanha do «sim» no referendo sobre o aborto.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 12:01 pm | #




Contribuir com os meus impostos para autopsiar mulheres que abortaram? Não, obrigado!

Contribuir com os meus impostos para julgar mulheres que abortaram? Sim!Sim!

Contribuir com os meus impostos para sustentar na cadeia mulheres que abortaram? Sim! Sim!
J. Ribeiro | 01.05.07 - 3:14 pm | #




Contribuir com os meus impostos para autopsiar mulheres que abortaram? Não, obrigado!»
Quando é que algum defensor do Não disse isso?


«Contribuir com os meus impostos para julgar mulheres que abortaram? Sim!Sim!»
Quem defende que a lei deve ser para cumprir deve explicar o que faremos a todas as mulheres que abortam depois das 10 semanas...

...ou seja, será que defendem o slogan: «Contribuir com os meus impostos para julgar mulheres que abortaram depois das 10 semanas?Sim!Sim»

ou o slogan:
«Contribuir com os meus impostos para sustentar na cadeia mulheres que abortaram depois da 10 semanas? Ai Sim!Ai Sim, é metê-las na cadeia!»
Algo que não acontece há décadas com a tal lei hipócrita.

Coerência? Não, obrigadinho.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 4:05 pm | #




Seja do sim ou não, uma campanha agressiva que se possa fazer não leva a nada. se pudessemos escolher onde os nossos impostos eram aplicados seriamos certamente egoístas, logo não nos podemos basear nesse conceito.
o post é válido e pertinente, foi um acto de campanha estúpido, ponto final.
como viram até neste simples blog gerou confusão...
G. Carvalho | Homepage | 01.05.07 - 4:39 pm | #




Então é-te completamente indiferente onde e como é que os teus impostos são gastos?
Essa é a questão.

Será um «acto de campanha estúpido» perguntar aos Portugueses se querem que os abortos sejam pagos pelo orçamento geral do estado? Não será isso pertinente? Não estará isso também em causa neste referendo?
Tudo isto não é ser agressivo, é apenas por as pessoas a pensar nas consequências do Sim.

Agora, slogans como:
«Sim para acabar com a humilhação.»
Esses sim não são esclarecedores. Esses sim não explicam o que acontecerá a quem abortar às 11 semanas.
E depois disso já é bem feita a humilhação das mulheres, ou a lei também não será para cumprir??
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 5:22 pm | #




...E a propósito: o que é mais egoísta querer gastar 20 ou 30 milhões de euros anuais em abortos a pedido ou gastar esse montante em planeamento sexual e apoio directo às mulheres que, se tivessem ajuda do Estado, nunca abortariam?
Deixa-me adivinhar:
- «É um acto de campanha estúpido discutir isto, ponto final.»
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 5:28 pm | #




...a propósito: eu já ouvi isso da boca de pessoas como o sr. Castanhinha há cerca de 8 anos... e ...? qual o contributo que o sr. Castanhinha deu à sociedade e mais precisamente às mulheres que abortaram? Que esforço foi feito de então para cá? Continuo a ver sobretudo mães e repito, sobretudo mães, com uma vida completamente desfeita por terem tido um filho com deficiência profunda e sem prespectivas de futuro para ele...
Viu o decomentário na tv em que uma mãe, mulher a dias, com um filho deficiente profundo que teve de se prostituir para garantir a sua sobrevivência? Quantas famílias numerosas e extremamente pobres visitou no ano transacto? Quantos cafés deixou de tomar para acudir a casos graves? Venha comigo e eu mostro-lhe a miséria...
Por outro lado, não venha com a contra-argumentação dos impostos poderem servir para e para...a conveniência de não saber ou não querer compreender a ironia...
J. Ribeiro | 01.05.07 - 6:41 pm | #




Bom vamos por partes, para ver se nos entendemos:

«...a propósito: eu já ouvi isso da boca de pessoas como o sr. Castanhinha há cerca de 8 anos... e ...?»

e depois sr. Ribeiro? Os argumentos que ouviu «da boca de pessoas como o sr. Castanhinha» correspondem ou não à realidade? É verdade ou mentira que os paladinos do fim à humilhação não sabem o que fazer a uma mulher que aborte depois do prazo legal? Lá porque já tinha ouvido argumentos semelhantes há 8 anos isso quer dizer que não sejam válidos? Datar um argumento não o torna anacrónico.

«qual o contributo que o sr. Castanhinha deu à sociedade e mais precisamente às mulheres que abortaram? Que esforço foi feito de então para cá? Continuo a ver sobretudo mães e repito, sobretudo mães, com uma vida completamente desfeita por terem tido um filho com deficiência profunda e sem prespectivas de futuro para ele...»
Nem vou devolver as perguntas, parece-me mais que evidente. De entre os partidários do Não em 1998 nasceram variadíssimas organizações que se empenham em acolher e apoiar as mulheres que abortaram ou que quiseram ter os filhos mesmo sendo muito pobres. O mesmo não pode ser dito dos partidários do Sim (os tais que estão sempre com a boca cheia de respeito e solidariedade para com as mulheres, mas que se estão marimbando para o filho que ela carrega), esses nem vê-los.


«Viu o decomentário na tv em que uma mãe, mulher a dias, com um filho deficiente profundo que teve de se prostituir para garantir a sua sobrevivência? Quantas famílias numerosas e extremamente pobres visitou no ano transacto? Quantos cafés deixou de tomar para acudir a casos graves? Venha comigo e eu mostro-lhe a miséria...
Por outro lado, não venha com a contra-argumentação dos impostos poderem servir para e para...a conveniência de não saber ou não querer compreender a ironia...»

- Realmente se tivéssemos um país decente o Estado providenciaria um limpo, rápido e gratuito aborto para que ela não tivesse de se prostituir, não é? Isso sim seria a melhor ajuda que se poderia dar a uma mulher que teve a coragem para não matar o filho antes deste nascer.

Ou será que a miséria se resolve com dinheiro, educação e melhores condições de vida. A morte dos filhos de quem menos tem não é a solução.
É para isso que um estado moderno deve servir, para defender os mais fracos: o bebé perante a sociedade e a mãe perante as suas dificuldades. Por esta ordem e não a inversa.
Quem é que «não querer compreender a ironia»?

Quanto ao «decomentário» de que fala não vi. Mas compreendo a sua revolta, só não concordo com as conclusões que retira.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 7:31 pm | #




Realmente o sr Castanhinha consegue fazer-me rir...Responda...Esperamos tudo do estado e esquecemos o que nós podemos fazer. É fácil ser pelo "não", pelo seu "não". As organizações criadas de então para cá são tantas que francamente deixei de ver tanta miséria aqui ao meu lado, deixei de ver essa miséria nas páginas dos jornais, deixei de ver atrasos na concessão de pensões de alimentos devidos por pais a crianças, atrasos que demoram anos a fio. Eu não sou a favor do aborto, sou a favor da sua despenalização...entenda como quiser, sr Castanhinha. Porém, uma coisa é certa, todos os dias vejo nos jornais portugueses anúncios de clínicas espanholas sobre a interrupção voluntária da gravidez. E, se esses anúncios existem, é porque as portuguesas mais bem informadas e com algum poder económico as utilizam. Utilizam-nas porque têm dinheiro, apenas, mais nada. As que não têm essa possibilidade fazem-no às escondidas.
E, por outro lado, não lhe passa pela cabeça que uma mulher que queira abortar em condições "legais" possa,recuar na sua pretensão? Será através da repressão que se acaba com o aborto? Já imaginou o que se passa no íntimo de uma mulher que aborta? Sim? Eu não, não consigo. Gosto (!) de as ver achincalhadas num qualquer tribunal!!!!! São tantas as razões que levam mulheres a abortar que não vale a pena continuar. Vamos esperar sentados que os sucessivos governos resolvam a questão. Não acha?
J. Ribeiro | 01.05.07 - 11:36 pm | #




Parabéns, conseguiu escrever 25 linhas sem responder a nenhuma das minhas perguntas anteriores.
Convido-o a visitar o meu blog www.conjurado.blogspot.com talvez venha a mudar de opinião, caso contrário, desejo-lhe um bom ano de 2007 sr. Ribeiro.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.06.07 - 1:16 am | #

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Anónimo

Como comentário ao post Déjà vu? (6 de Janeiro) um anónimo escreveu:

«Um embrião, nas primeiras semanas, nem sistema nervoso tem. Aconselho quem vota não, a tornar-se vegetariano, pois seriam coerentes. Dado ser dotada de sistema nervoso, o que faz com que sintam dor e eventualmente até tenham alguma forma mais básica de consciência, uma vaca ou um porco deverão ter bastantes mais direitos que um embrião. Inclusive o direito à vida.
Misturar seres humanos com consciência, com embriões, é um absurdo. »
7 de Janeiro de 2007 17:47

Gostaria de me debruçar sobre estas frases.

«Um embrião, nas primeiras semanas, nem sistema nervoso tem

Por favor, lhe peço que me diga onde leu isso. Onde? Ouviu alguém dizer isso, foi um amigo que lhe disse? Ou informou-se com algum médico?

Um embrião com 10 semanas é praticamente uma miniatura de um adulto, com é óbvio não está completamente formado, mas qualitativamente a diferença entre um embrião ás 10 semanas e um bebé recém-nascido é mínima. Sim, tem sistema nervoso, os órgãos estão todos formados, o coração bate, os dedos fecham-se quando estimulados, reage a estímulos exteriores, etc. Veja as fotos no meu blog ou pergunte a qualquer médico, mas informe-se.

Até pode continuar a defender que matar um ser humano às dez semanas não deve ser crime mas por favor não fundamente a sua posição no boato, no “diz-que-disseou no “mas isso toda a gente sabe!”. Isso sim, seria um absurdo.

«Aconselho quem vota não, a tornar-se vegetariano, pois seriam coerentes. Dado ser dotada de sistema nervoso, o que faz com que sintam dor e eventualmente até tenham alguma forma mais básica de consciência, uma vaca ou um porco deverão ter bastantes mais direitos que um embrião. Inclusive o direito à vida.»

Não percebo onde quer chegar (?!). Será que quer dizer que não problema em abortar um ser humano com 10 semanas, porque este tem menos consciência que uma vaca ou um porco e que, como estes não têm direito à vida, um embrião de 10 semanas também não terá? Isso é perigoso, que, com esse tipo de argumento (baseado no direito à vida pela consciência) não haveria oposição ao aborto depois das 10 semanas, e agora depois das 12, e depois das 24, e até depois de nascer (um porco ou uma vaca têm uma consciência muito superior a um bebé acabado de nascer). Mas nesta fase do desenvolvimento todos nos arrepiamos, não é? Então o que mudou? Qual é a diferença que faz com que um bebé acabado de nascer tenha direito à vida e um que está dentro do corpo da mãe não tenha? De certeza que não é a consciência.

Quando defendo que o embrião deve ter o direito à vida defendo-o porque é um ser humano, com dignidade própria, e é por isso mesmo que não sou vegetariano mas é também por isso que (comendo carne) não somos canibais. Nós, os seres humanos, atribuímos mais valor e direitos aos indivíduos da nossa espécie tenham eles 10 semanas, 8 meses, 5 anos ou 100 anos. Todos eles são seres humanos iguais em dignidade e direito a viver.

«Misturar seres humanos com consciência, com embriões, é um absurdo

É de facto um absurdo se estivermos a falar de outros direitos como a liberdade de expressão, direito a votar, etc. Mas o direito à vida é o mais básico de todos sem esse não se pode ser nada, nem se pode ser.

Seres humanos com consciência e Seres humanos sem consciência (embriões, fetos, bebés, deficientes profundos, pessoas em coma, etc) são sem dúvida diferentes, mas têm todos em comum uma coisa: direito viver.
Não se está a misturar nada.

que falou e vegetarianismo, deixo-o com um excerto (com o qual eu espero que não concorde) do filósofo utilitarista Peter Singer:

« que reconhecer que estes argumentos se aplicam tanto ao bebé recém-nascido como ao feto. Um bebé de uma semana não é um ser racional nem autoconsciente. Por outro, muitos animais (não humanos) cuja racionalidade, autoconsciencia, sensibilidade à dor, etc., ultrapassam em muito a dos bebés humanos nascidos uma semana, um mês ou até um ano (sic).» Conclui dizendo que, como não se pode atribuir o direito à vida a um feto, «(...)o recém-nascido tem menos valor que um porco, um cão, ou um chimpanzé (sic).»

(Peter Singer, Taking life: abortion, - Pratical Ethics, London: Cambridge University Press, 1981. p.118)

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