Sr. R. Ribeiro:
Já agora deixe-me levantar uma questão: porque é que ninguém se lembra de acusar os defensores do Sim de não terem feito nada para apoiar as mulheres que tanto apregoam defender?
Se de um lado estão os "defensores do feto" e do outro os "defensores das mulheres" é estranho que a coerência só imponha aos primeiros o apoio ás mulheres e aos segundos não. (diga-se de passagem que os primeiros aceitaram o desafio enquanto os segundos só os ouvimos nos últimos 8 anos aos berros sempre que existiam julgamentos e mesmo que as mulheres julgadas tivessem abortado muito depois das 10 ou 12 semanas).
Há-de convir que se temos que exigir a alguém que apoie as mulheres grávidas esse alguém são aqueles que estão sempre com a boca cheia da "liberdade da mulher para decidir".
Ou pode haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria com mais um filho para alimentar ou o aborto? Será que ganhando o SIM existirá liberdade de escolha?
É curioso que de todas as associações que lidam com mulheres que já abortaram não exista nenhuma que se manifeste pelo Sim.
É curioso, não acha?
Sr Rui castanhinha
É de facto curioso!!! Porquê os do "sim"? Não são os do "não" que se arreganham todos contra essas mulheres a ponto de as quererem meter na cadeia e de as humilharem publicamente? E não são as mulheres mais desprotegidas que vão a tribunal? Então, se são tão defensores da vida como valor absoluto, por que não as defendem, repito, defendem para que não tenham necessidade de praticarem o que os senhores condenam? É de facto curioso. E é curioso, como de facto o sr cai em contradição: "Ou pode haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria mais um filho para alimentar ou o aborto"? Esqueceu-se de dizer ...e a seguir a cadeia. É também curioso que o Sr não entenda que a maioria das mulheres que abortaram não venham fazer gala do seu acto. Entende as consequências, não? Mas, mesmo assim, se estivesse com atenção, algumas já o afirmaram publicamente.
O sr tem os seus argumentos e eu respeito-os. Só não aceito que a igreja católica venha com comparações ridículas como as apresentadas pelos bispos de Viseu, Guarda e Bragança. Sem esquecer as afirmações da vigararia episcopal de Vila Real e sem esquecer certos procedimentos como uma missa seguida de uma procissão com a imagem de Nossa Senhora da Esperança (imagem com a santa grávida) numa paróquia lá para os lados de Alcobaça, suplicando e apelando contra o voto na despenalização. Não acha isto lamentável? Finalmente, quero dizer-lhe que muitas das associações que protegem mulheres em dificuldades têm gente que votou e votará "sim" e "não". Mas, se desconhece associações defensoras do "sim" formadas depois do referendo, eu desconheço as formadas pelos defensores do "não". Curiosamente, depois do referendo, os defensores do "não" na época continuaram a encher os meios de comunicação social com NADA...
Caro R.Ribeiro, começando pelo fim quando diz:
«Mas, se desconhece associações defensoras do "sim" formadas depois do referendo, eu desconheço as formadas pelos defensores do "não".»
Eu não disse é que desconhecia.
Eu disse que não existiam! (por acaso até o ajudo e digo que existe uma, a APF, mas é a excepção que infelizmente só confirma a regra)
Mas se acha que estou enganado desminta-me, basta dizer onde estão elas!
O ónus da prova é de quem afirma que existem!
Se quiser uma lista de associações que se preocupam e lidam de perto com mães desesperadas e bebés não desejados tome nota:
Ajuda de Berço
Associação Missão Vida
Associação Portuguesa das Famílias Numerosas
Federação Portuguesa pela Vida
Fórum da Família Juntos pela Vida
Movimento de Defesa da Vida
Ponto de Apoio à Vida
Sinais de Vida
Refúgio Aboim Ascensão
Vida Universitária
Vinhas de Raquel
ETC (são mais de 50!!!!)...
(Quase todas têm site na net, vá lá ver e deixe de dizer: «eu desconheço as associações formadas pelos defensores do "não"»)
Antes de prosseguir gostaria de lhe pedir para não entrarmos numa conversa ridícula sobre quem é que tem mais "soldadinhos de chumbo".
Até poderia ser ao contrário, seria irrelevante para a validade dos argumentos de fundo sobre o referendo.
Eu apenas quero alertar para o ridículo que é criticar o Não por não se ralar com as mulheres, quando do lado do Sim nada se vê de concreto.
Só isso, mais nada, acho que aqui concorda comigo e é pena que só um lado se empenhe em ajudar as mulheres desesperadas.
A bem da verdade você vai dizer-me que também quer ajudar as mulheres: quer ajudar as que querem abortar!
Mas quanto às que estão indecisas e às que querem ter os filhos nada diz, ou seja, o Sim só ajuda com um aborto quem pondera abortar, o Não ajuda todas as mulheres para que esse aborto não tenha razão de ser e mesmo que decidam abortar nunca é recusado o apoio posterior. Protegendo a mãe e o filho.
Não acha que é diferente?
Quando pergunto:
«poderá haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria e ter mais um filho para alimentar ou o aborto?» refiro-me a um cenário de liberalização do aborto. Onde as mães deveriam poder escolher livremente, isto é, num cenário onde a escolha para a mulher é: de um lado uma sociedade que abandona a mulher a si própria e não se organiza para a apoiar e, do outro, um Estado que lhe oferece em alternativa um aborto rápido, gratuito, e limpo!
Que mundo é este?
Ela continuará miserável mas pelo menos pode escolher entre matar ou não o seu filho!
É esta a sociedade que a esquerda quer mais livre, mais justa e mais fraterna?
É irónico que, se ganhar o Sim, sejam precisamente os movimentos que defenderam o Não que mais vão lutar para que a mãe possa ter condições para ter o filho. Serão essas associações que permitirão, aí sim, que haja uma escolha livre entre duas alternativas: entre um aborto e uma maternidade com ajuda!
Eu quase que aposto que, seja qual for o resultado, assim que passar o dia 11 não existirá um único movimento pelo Sim a dar origem a uma organização que ajude as mulheres.
Foi assim em 1998 e será assim em 2007 (infelizmente). Quer apostar?
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