sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

A nossa esquerda em pré-campanha.

Nem sei por onde começar...

Hoje, ao almoço, ouvi no telejornal um porta-voz do partido socialista dizer que a campanha do PS no referendo de dia 11 será baseada "nos argumentos racionais, científicos, e técnicos" e não "em argumentos de moral, ética ou outros".
Que quererá isto dizer?

Quererá dizer que sejam qual forem os argumentos éticos, morais ou outros que defendam o direito da mulher a abortar eles não vão ser utilizados?
Como podem dizer Sim se não defenderem que é moralmente aceitável que a mães possam matar os seus filhos até às 10 semanas de gravidez?

Já agora que tipo de argumentos exclusivamente científicos poderão ser utilizados para defender o aborto?

Gostava de ouvir algum responsável do PS dizer que "como está cientificamente comprovado que a Vida Humana só começa às 10 semanas então é racionalmente legitimo dizer Sim no referendo".
Mas ninguém o faz, porque será?
Estou curioso para saber que tipo de argumentos científicos-não-morais vão ser usados pelo PS na campanha...


Mas julgam que os disparates foram só estes? Não, o melhor ficou guardado para o fim.

A Mui ilustre e Digníssima paladina dos direitos das mulheres oprimidas e ostracizadas, Sra Odete Santos veio dizer com a excitação que lhe é habitual que: "(...) argumentos como não-sei-quê-não-sei-que-mais já bate um coração, são argumentos irracionais pois está mais que provado cientificamente que mesmo que bata um coração não existe uma Vida humana".

É preciso ter paciência...


Cara Sra Odete Santos:

Como era comum dizer-se há uns anos atrás: Ninguém pode ser fascista e ser ao mesmo tempo inteligente, honesto e estar bem informado. Uma das três (ou uma combinação delas) teria de falhar.

Podiam existir fascistas muito inteligentes e honestos mas só podiam ser pessoas terrivelmente mal informadas da realidade num pais fascista.

Podiam existir fascistas extremamente honestos e bem informados mas seriam com certeza pessoas muito pouco inteligentes.

E finalmente existiam os mais perigosos, os fascistas muito inteligentes e extremamente bem informados mas altamente desonestos.


Eu subscrevo estas frases (até certo ponto) e aproveito a boleia para lhe dizer que: ou está muito mal informada, ou não é minimamente inteligente, ou não está a ser honesta.

Não quero acreditar que seja uma tontinha inocente e bem informada sobre quando começa a Vida Humana e que até já viu imagens como a deste texto (8 semanas!!) mas não tem capacidade intelectual suficiente para retirar as devidas conclusões.

Não quero acreditar que nunca procurou saber quando começa a Vida Humana e que por desconhecimento total de como é um ser humano com dez semanas de gestação defende, honestamente, a liberalização do aborto a pedido.

Mas será que é uma total falta de honestidade (?) o que lhe permite defender tal afirmação, "(...)está mais que provado cientificamente que mesmo que bata um coração não existe uma Vida humana".

Desde quando? Em que se baseia essa afirmação? Onde estão esses estudos científicos que "provam" cabalmente que não existe uma vida humana? Esses estudos nunca ninguém os viu!
Seja honesta Sra Odete Santos, não ofenda a inteligência de muitos dos seus camaradas do PCP que sabem muito bem que está a mentir.
E não brinque com as palavras, não diga que quis dizer pessoa humana ou ser humano e que isso (seja lá o que isso for) ainda não existe às dez semanas, duvido que no fundo do seu coração acredite que fazer um aborto às dez semanas não é matar alguém.

Só para o caso de existirem dúvidas deixo-a com apenas uma de muitas possíveis citações de relatórios científicos internacionais.

«Em 1971 o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA pediu a mais de duzentos especialistas americanos, que elaborassem um relatório sobre o desenvolvimento embrionário. Esse documento diz o seguinte:

"Desde a concepção a criança é um organismo complexo dinâmico e em rápido crescimento. Na sequência de um processo natural e contínuo o zigoto irá, em aproximadamente nove meses, desenvolver-se até aos triliões de células do bebé recém-nascido. (...) No momento da fertilização um novo ser é criado o qual, embora recebendo metade dos seus cromossomas de cada um dos progenitores, é completamente diferente deles."
(Amicus Curiae, 1971 Motion and Brief Amicus Curiae of Certain Physicians, Professors and Fellows of the American College of Obstetrics and Gyneco1ogy, Supreme Court of the United States, October Term, 1971, No. 70-18, Roe v. Wade, and No. 70-40, Doe v. Bolton.) in (http://aborto.aaldeia.net/cientistas.htm)»

Terá a senhora descoberto algo de novo que não fosse do conhecimento destes duzentos especialistas? Se sim por favor diga o quê, convencerá todos os apoiantes do Não e ganhará seguramente o Nobel da medicina.

Caso contrário perdeu uma irrepetível oportunidade para estar calada!

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