terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Sinopse – Os 8 porquinhos – Stephen Jay Gould (ed.Europa América)

Leiam em português ou inglês!

É um livro fantástico (recomendo vivamente a todos os amantes da evolução!!!) e aqui fica um pequeno resumo de algumas partes...

PARTE I
O início deste livro é acima de tudo: aparentemente paradoxal. O autor explica-nos, através de estórias, como todo o processo de extinção é inevitável e esperado (chegamos mesmo a crer que ele é previsível, o que de certa forma pode ser verdade) mas ao mesmo tempo ele é impossível de determinar quer no espaço quer no tempo. A priori não se sabe o “quando”, o “onde”, nem o “porquê”, a posteriori e vendo toda a evolução da vida encontramos facilmente respostas retrospectivas para as perguntas.
Termina “depois esta primeira secção (...) com uma perspectiva muito generalizada baseada no tema (...) as escalas do tempo e os seus limitados campos de aplicação” (Gould)

PARTE II
Esta parte é uma lição através de “quatro princípios básicos para explicar os legados e transições evolutivos” (Gould): os oito dedos os primeiros vertebrados, a cauda do ictiossáurio, a evolução dos ossos do ouvido, e a “evolução das bexigas natatórias em pulmões”(Gould). É um conjunto de dissertações sobre a importância da redundância e do uso múltiplo na evolução, bem como de toda a flexibilidade que permite à evolução moldar (diferente de criar) as antigas estruturas em “modernas”, fruto de uma “bricolagem natural”. Mostra-nos ainda como mudanças aparentemente complicadas podem revelar-se simples alterações de padrões embriológicos.

Novas descobertas na história primitiva da vida multicelular
Estes capítulos alertam para um perigo bastante comum: o rejeitar do herético e do supérfluo. Gould fala-nos de grupos como os onicóforos que já foram em tempos quase omnipresentes e que actualmente se encontram restringidos espacialmente a pequenos grupos e habitats. É um alerta para a perenidade do “domínio na terra”. É “uma história maravilhosa (...) das surpresas que documentam a vasta explosão anatómica que anuncia o primeiro aparecimento da vida multicelular”.

PARTE VII
Os ensaios da secção VII apontam-nos para uma mudança de paradigma na evolução retirando a importância normalmente abusiva da selecção natural como motor principal da evolução. Os ensaios debruçam-se sobre os “princípios adicionais à (e, com certa preponderância restritivos da) selecção natural – condicionalismos internos e legados históricos e à arbitrariedade como força de mudança” (Gould) contrastando com a tradicional ideia de uma mera fonte moldável pela selecção natural.
Tudo isto é apresentado através das diferentes fases de Darwin apresentando casos caricatos de teorias diferentes que foram suportadas exactamente pelos mesmos factos.

PARTE VIII
É efectivamente uma inversão baseada em espécies e iconografia e não em cientistas. O autor utiliza-as para retractar três grandes perspectivas sobre a origem e evolução das espécies, chegando a desmontar a construção dicotómica da ciência relativista/realista. Não existe em ciência uma simples acumulação de conhecimentos sem uma quota-parte de influência social que não deve ser vista como distorcedora da verdade mas sim, e inevitavelmente como uma constante na procura da verdade.
O último é sem dúvida um “fim adequado para o livro” (Gould). É uma estória de como nem sempre os factos podem alterar as teorias. Retirando assim a razão (sem deixar de lhe fazer justiça no postscritp) a T.H. Huxley: “uma bela teoria, destruída por um pequeno facto incómodo e desagradável”.

Leiam a maravilhem-se!

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