sexta-feira, 1 de julho de 2011

palNiassa 2011 diário de expedição - Julho 1

Se, no lugar de qualquer preconceito pudéssemos colocar uma prudente ausência de espectativas, não teríamos desilusões, mas pena viria de nem o espanto ter sentido.

As referências à situação geopolítica na África austral sucedem-se e vêmo-nos mergulhados em nomes, tratados e negociações desconhecidos. O almoço, no mercado do peixe, serve-se só depois de escolhida a garoupa. Enquanto grelha esperamos e o cartão de visita de Moçambique é servido como entrada. Camarão tigre, grande, gordo e fresco.

Se dúvidas houvesse fica a certeza que a humanidade é muito mais igual que diferente e lá por termos passado o equador e a estrela polar deixar de ser visível o que nos orienta é sempre o mesmo.

Todos admiramos a beleza, a inteligência e a audácia. Poderá existir combinação mais irresistível e perigosa?

O dia começou na Universidade Eduardo Mondlane.

Nove e meia em ponto, temos o auditório meio cheio e dez minutos depois já há pessoas sentadas no chão. Não sabemos o que nos espera mas, ao que consta, em periodo de exames é inédito.

Passada uma hora a falar sobre aberturas crânianas e filogenética, suspeitamos que a mensagem possa não ter sido a melhor para um público essencialmente composto por geológos.

O erro é nosso e o silêncio dá lugar a um bombardemento de dúvidas e sugestões críticas. Desde a Evolução das espécies à tectónica de placas estamos rodeados de interesse e, se ao almoço foi a garoupa e o camarão tigre que nos deliciou, ao inicio do dia foram as perguntas e a motivação de todos por saber mais que alimentaram o nosso espanto.

Sempre que ouvimos dizer que a ciência fundamental não tem interesse, convencemo-nos que quem não tem interesse são as pessoas que passam a vida a repetir isso.


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