segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Random Precision

Tenho constatado que existe uma enorme falta de informação sempre que se discute o Sim ou Não no próximo referendo. Mas mais grave que isso, sempre que se discute o aborto são usadas falácias que dificilmente seriam toleradas noutros contextos.

Para melhor ilustrar o que quero dizer vejamos o tipo de argumentos utilizados por J. Ribeiro e G. Carvalho quando tentavam explicar o seu ponto de vista nos comments no blog Random Precision .
(Peço desde já desculpa por algumas gralhas, mas optei por copiar os textos na integra preservando a sua forma original).


O debate seguiu-se a este post de Luís Rodrigues (4 de Janeiro):



«Contribuir com os meus impostos para financiar clínicas de aborto? Não, obrigada».
- Cartaz publicitário da campanha do «não» no referendo sobre o aborto.

«Contribuir com os meus impostos para financiar tratamentos médicos a mulheres que abortaram clandestinamente? Não, obrigado».

«Contribuir com os meus impostos para financiar tratamentos médicos a fumadores? Não, obrigado».
- Prováveis próximos cartazes publicitários da campanha do «não» no referendo sobre o aborto.

# posted by Luis Grave Rodrigues @ 10:06 PM


Comentários:


«Sim para acabar com a humilhação.»
- Cartaz publicitário da campanha do «sim» no referendo sobre o aborto.

«Sim para acabar com a humilhação depois das 10 semanas»

«Sim para acabar com a humilhação depois das 24 semanas»

«Sim para acabar com a humilhação até aos nove meses»

ou

«Sim para continuar com a humilhação depois das 10 semanas. (como foi o caso em Aveiro, Setúbal e Maia)».

- Prováveis próximos cartazes publicitários da campanha do «sim» no referendo sobre o aborto.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 12:01 pm | #




Contribuir com os meus impostos para autopsiar mulheres que abortaram? Não, obrigado!

Contribuir com os meus impostos para julgar mulheres que abortaram? Sim!Sim!

Contribuir com os meus impostos para sustentar na cadeia mulheres que abortaram? Sim! Sim!
J. Ribeiro | 01.05.07 - 3:14 pm | #




Contribuir com os meus impostos para autopsiar mulheres que abortaram? Não, obrigado!»
Quando é que algum defensor do Não disse isso?


«Contribuir com os meus impostos para julgar mulheres que abortaram? Sim!Sim!»
Quem defende que a lei deve ser para cumprir deve explicar o que faremos a todas as mulheres que abortam depois das 10 semanas...

...ou seja, será que defendem o slogan: «Contribuir com os meus impostos para julgar mulheres que abortaram depois das 10 semanas?Sim!Sim»

ou o slogan:
«Contribuir com os meus impostos para sustentar na cadeia mulheres que abortaram depois da 10 semanas? Ai Sim!Ai Sim, é metê-las na cadeia!»
Algo que não acontece há décadas com a tal lei hipócrita.

Coerência? Não, obrigadinho.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 4:05 pm | #




Seja do sim ou não, uma campanha agressiva que se possa fazer não leva a nada. se pudessemos escolher onde os nossos impostos eram aplicados seriamos certamente egoístas, logo não nos podemos basear nesse conceito.
o post é válido e pertinente, foi um acto de campanha estúpido, ponto final.
como viram até neste simples blog gerou confusão...
G. Carvalho | Homepage | 01.05.07 - 4:39 pm | #




Então é-te completamente indiferente onde e como é que os teus impostos são gastos?
Essa é a questão.

Será um «acto de campanha estúpido» perguntar aos Portugueses se querem que os abortos sejam pagos pelo orçamento geral do estado? Não será isso pertinente? Não estará isso também em causa neste referendo?
Tudo isto não é ser agressivo, é apenas por as pessoas a pensar nas consequências do Sim.

Agora, slogans como:
«Sim para acabar com a humilhação.»
Esses sim não são esclarecedores. Esses sim não explicam o que acontecerá a quem abortar às 11 semanas.
E depois disso já é bem feita a humilhação das mulheres, ou a lei também não será para cumprir??
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 5:22 pm | #




...E a propósito: o que é mais egoísta querer gastar 20 ou 30 milhões de euros anuais em abortos a pedido ou gastar esse montante em planeamento sexual e apoio directo às mulheres que, se tivessem ajuda do Estado, nunca abortariam?
Deixa-me adivinhar:
- «É um acto de campanha estúpido discutir isto, ponto final.»
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 5:28 pm | #




...a propósito: eu já ouvi isso da boca de pessoas como o sr. Castanhinha há cerca de 8 anos... e ...? qual o contributo que o sr. Castanhinha deu à sociedade e mais precisamente às mulheres que abortaram? Que esforço foi feito de então para cá? Continuo a ver sobretudo mães e repito, sobretudo mães, com uma vida completamente desfeita por terem tido um filho com deficiência profunda e sem prespectivas de futuro para ele...
Viu o decomentário na tv em que uma mãe, mulher a dias, com um filho deficiente profundo que teve de se prostituir para garantir a sua sobrevivência? Quantas famílias numerosas e extremamente pobres visitou no ano transacto? Quantos cafés deixou de tomar para acudir a casos graves? Venha comigo e eu mostro-lhe a miséria...
Por outro lado, não venha com a contra-argumentação dos impostos poderem servir para e para...a conveniência de não saber ou não querer compreender a ironia...
J. Ribeiro | 01.05.07 - 6:41 pm | #




Bom vamos por partes, para ver se nos entendemos:

«...a propósito: eu já ouvi isso da boca de pessoas como o sr. Castanhinha há cerca de 8 anos... e ...?»

e depois sr. Ribeiro? Os argumentos que ouviu «da boca de pessoas como o sr. Castanhinha» correspondem ou não à realidade? É verdade ou mentira que os paladinos do fim à humilhação não sabem o que fazer a uma mulher que aborte depois do prazo legal? Lá porque já tinha ouvido argumentos semelhantes há 8 anos isso quer dizer que não sejam válidos? Datar um argumento não o torna anacrónico.

«qual o contributo que o sr. Castanhinha deu à sociedade e mais precisamente às mulheres que abortaram? Que esforço foi feito de então para cá? Continuo a ver sobretudo mães e repito, sobretudo mães, com uma vida completamente desfeita por terem tido um filho com deficiência profunda e sem prespectivas de futuro para ele...»
Nem vou devolver as perguntas, parece-me mais que evidente. De entre os partidários do Não em 1998 nasceram variadíssimas organizações que se empenham em acolher e apoiar as mulheres que abortaram ou que quiseram ter os filhos mesmo sendo muito pobres. O mesmo não pode ser dito dos partidários do Sim (os tais que estão sempre com a boca cheia de respeito e solidariedade para com as mulheres, mas que se estão marimbando para o filho que ela carrega), esses nem vê-los.


«Viu o decomentário na tv em que uma mãe, mulher a dias, com um filho deficiente profundo que teve de se prostituir para garantir a sua sobrevivência? Quantas famílias numerosas e extremamente pobres visitou no ano transacto? Quantos cafés deixou de tomar para acudir a casos graves? Venha comigo e eu mostro-lhe a miséria...
Por outro lado, não venha com a contra-argumentação dos impostos poderem servir para e para...a conveniência de não saber ou não querer compreender a ironia...»

- Realmente se tivéssemos um país decente o Estado providenciaria um limpo, rápido e gratuito aborto para que ela não tivesse de se prostituir, não é? Isso sim seria a melhor ajuda que se poderia dar a uma mulher que teve a coragem para não matar o filho antes deste nascer.

Ou será que a miséria se resolve com dinheiro, educação e melhores condições de vida. A morte dos filhos de quem menos tem não é a solução.
É para isso que um estado moderno deve servir, para defender os mais fracos: o bebé perante a sociedade e a mãe perante as suas dificuldades. Por esta ordem e não a inversa.
Quem é que «não querer compreender a ironia»?

Quanto ao «decomentário» de que fala não vi. Mas compreendo a sua revolta, só não concordo com as conclusões que retira.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.05.07 - 7:31 pm | #




Realmente o sr Castanhinha consegue fazer-me rir...Responda...Esperamos tudo do estado e esquecemos o que nós podemos fazer. É fácil ser pelo "não", pelo seu "não". As organizações criadas de então para cá são tantas que francamente deixei de ver tanta miséria aqui ao meu lado, deixei de ver essa miséria nas páginas dos jornais, deixei de ver atrasos na concessão de pensões de alimentos devidos por pais a crianças, atrasos que demoram anos a fio. Eu não sou a favor do aborto, sou a favor da sua despenalização...entenda como quiser, sr Castanhinha. Porém, uma coisa é certa, todos os dias vejo nos jornais portugueses anúncios de clínicas espanholas sobre a interrupção voluntária da gravidez. E, se esses anúncios existem, é porque as portuguesas mais bem informadas e com algum poder económico as utilizam. Utilizam-nas porque têm dinheiro, apenas, mais nada. As que não têm essa possibilidade fazem-no às escondidas.
E, por outro lado, não lhe passa pela cabeça que uma mulher que queira abortar em condições "legais" possa,recuar na sua pretensão? Será através da repressão que se acaba com o aborto? Já imaginou o que se passa no íntimo de uma mulher que aborta? Sim? Eu não, não consigo. Gosto (!) de as ver achincalhadas num qualquer tribunal!!!!! São tantas as razões que levam mulheres a abortar que não vale a pena continuar. Vamos esperar sentados que os sucessivos governos resolvam a questão. Não acha?
J. Ribeiro | 01.05.07 - 11:36 pm | #




Parabéns, conseguiu escrever 25 linhas sem responder a nenhuma das minhas perguntas anteriores.
Convido-o a visitar o meu blog www.conjurado.blogspot.com talvez venha a mudar de opinião, caso contrário, desejo-lhe um bom ano de 2007 sr. Ribeiro.
Rui Castanhinha | Homepage | 01.06.07 - 1:16 am | #

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1 comentário:

FC disse...

TAMOS ctg bro!da.lhe esse ribeiro é o k o nome indica...é como um ribeiro..vê a vida a passar;)