terça-feira, 13 de julho de 2010

Two razors, two Englishmen and some sense of humor

History is made of ironies.

It is curious that the Latin expression “entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem”, so often used by scientists in the search for ever simpler explanations, was first written by a medieval English Franciscan monk, William of Ockham.

The principle now known as Ockham’s razor says that variables must not be added beyond necessity and counsels that, if everything is equal, the simplest explanation is usually the correct one. In science it seems evident that this should be the case and I wouldn’t want to contradict it in any way. For practical reasons comes in very handy (sorry for the tautology) that we should always use this razor.

Although extremely useful, Ockham’s razor is not applicable to everything we come across. What should you do if all possible explanations are equally simple? In this case, which razor shall we use?

The first time I thought about this I felt I was going into freefall. We were never taught which criteria to use when facing, ceteris paribus, two equally simple and plausible solutions. Here, Ockham’s razor, as sharp as it may be, can’t do the job. Before finding a possible solution, let’s jump five centuries, from the medieval ages into the middle of the 19th century.

In November 1859 the most amazing book about science of all times was published. The reading of which should be compulsory for all biology based courses. It is shocking to find colleagues that call themselves biologists and yet have never read even one sentence of the Origin. I don’t even dare to ask how many PI’s in our beloved institute have not read it. On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life, was more than a stroke of genius. It is the result of hard labour by a reserved scientist, one not much given to adventures. This is one of the characteristics that amazed me most about Darwin’s personality: his modesty, almost blurring into lack of courage, where resistance to dramatic changes lived alongside the theory of evolution by natural selection. He turned biology upside down, shedding light on a world that had just started to have a purely empirical explanation basis. It is beautiful to see Mankind thinking about the world, explaining and understanding nature without turning to easy and so many times false, explanations.

Sometimes we may ask ourselves “if it hadn’t been for him...”.

Surely someone else would appear. Wallace came to almost the same conclusions independently. Only time would tell who else to credit.

The awe comes not from the thought that could be someone else, but from the fact that it was not someone else!

The young naturalist from Shrewsbury was always an underdog. He doesn’t conform to any of our stereotypes of a genius: not to Einstein, to Linnaeus, to Newton and even less to Galileo or Aristotle. Darwin was the most modest and shiest of them all, a simple British citizen of the 19th century: competent, hard working, a solid member of society and a well connected one. It was outrageous that one of them, a gentleman, was showing to the world that we are not superior to anyone from a different culture or society: that we all have the same origin. It was a common person that changed the way that we see ourselves. We are all brothers and no society or people are above others, neither in gender, colour or species. We all evolved together and, in this global dance, so many and so diverse life forms arose.

Darwin told a friend in 1884 that to publish his theory was “like confessing a murder”. This expression is unthinkable for any other revolutionary of science, but Darwin is like all of us, he was one amongst equals. He was a genius, yet closer to us than other incomprehensible eccentric figure from Physics, Mathematics, Chemistry, or any other field of show biz.

It may not be very intuitive, but is certainly funnier, to think that it was amongst the Victorian aristocratic classes that the most brilliant and subversive description for the origin of Life arose. Even so, and because it was so improbable, Darwin presented the most curious solution. To imagine millions of species sharing a common ancestor, and conceive that all of these forms have mutually modified each other over billions of years, giving rise to all this beauty that surround us, is by far more amusing than to believe in a static and immutable world.

Darwin observed, compiled and integrated a mountain of facts to present the conclusions that he wrote in the Origin of Species. Even at that time there was no equality of circumstances, yet it was the funnier solution that prevailed. If we have this principle in mind, we can add another razor to our epistemological tool bag proclaiming that, if all solutions are equally plausible and simple, choose the funniest.

At least, and until proven wrong, we will have a droller new world.


In Quinta Grande - The Newsletter of the Instituto Gulbenkian de Ciência - Summer 2010 - Issue 6

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Parabéns, capa da Nature

Notícia do expresso:

Afinal, o protão é mais pequeno e ameaça Teoria Quântica

Uma equipa de cientistas que inclui oito portugueses descobriu que o protão, um dos constituintes da matéria, é mais pequeno do que se pensava, o que pode por em causa a Teoria Eletrodinâmica Quântica. A descoberta é capa da "Nature".


PaleoArte na Lourinhã

Em Agosto próximo decorrerá na Lourinhã um curso de ilustração de científica de dinossauros.
A instituição promotora é o Museu da Lourinhã e já estão abertas as inscrições.
Não percam! Inscrevam-se.



Transcrevo o texto de apresentação:

O pintor italiano Fabio Pastori, vencedor da 6ª edição do Concurso Internacional de Ilustração de Dinossauros (entre 71 artistas, de 22 países) e o professor Sante Mazzei, especializado em técnicas de desenho apoiado por computador, vão proporcionar sob os auspícios do GEAL - Museu da Lourinhã, um inédito curso de verão que designaram por PaleoArt Teaching - The Complete Lost World Journey.

Ao longo de nove dias, haverá tempo para conhecer o Museu, prospectar jazidas próximas, aprender e conviver, com artistas consagrados e com os que buscam os saberes da ilustração científica e da pintura.

Mais informações aqui

sábado, 3 de julho de 2010

A tristeza vem de Espanha

De acordo com a BBC "Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas de Madrid, capital espanhola, protestar contra a lei aprovada recentemente pelo Parlamento que permite a realização de aborto por meninas a partir dos 16 anos, até a 14ª semana de gestação."


Num futuro mais o menos próximo o mesmo acontecerá em Portugal.

Já cansa repetir o que é por demais óbvio, mas o nosso querido Portugal terá o mesmo destino que os outros países.

Não é necessário ser nenhum Bandarra para saber que a nossa lei do aborto não ficará inalterada e (contrariamente a todas as garantias que foram dadas pelo apoiantes do Sim) tenderá a:

  • Ficar cada vez mais banal e comum - Depois do referendo a esquerda portuguesa tratou de fazer algo que os portugues não votaram. Não se limitou a tratar de por em prática o que foi referendado. A "despenalização da interrupção voluntária da gravidez" foi liberalizada, passando não só a ser legal mas também (coisa que ninguém votou) gratuita e executada com prioridade máxima no hospitais públicos (suspeito que actualmente se façam abortos em locais onde já se deixaram de poder fazer partos).
  • Menos polémico - Sendo banal deixou de ser discutido, é um direito assumido e ninguém quer deixar de ter esse "direito". Outros argumentos que se ouvirão, rezarão assim: "afinal a minha tia já abortou duas vezes, a minha irmã também e eu já fiz um, por que razão acham que isso deveria deixar de ser legal? Era o que faltava considerar toda a minha família , e eu própria, como criminosas!"
  • Aumentar em número - Especialmente nas jovens em idade fértil. Basta ver o que aconteceu nos outros países. Foi assim em Espanha e foi assim em todos os países onde se legalizou o aborto. Gostava de ver o números oficiais destes primeiros anos de aborto legal em Portugal.
  • Variados grupos políticos continuarão a tentar aumentar os prazos e condições em que as mães grávidas poderão abortar. Nenhum, repito, nenhum dos discursos que ouvi ou li defendendo o direito a abortar se debruçou sobre qual a razão das famosas 10 semanas. Disse várias vezes aqui no Conjurado que todos os argumentos que defendem o aborto até às 10 semanas são válidos depois desse prazo. Não acreditam? Experimente fazer o seguinte exercício, lembrem-se do(s) argumento(s)/razõe(s) mai(s) forte(s) que conheçam para defender o direito a abortar até às 10 semanas, agora repitam-no(s) mas troquem a expressão "até às 10 semanas" e coloquem "até às 11" ou "até às 12" e vão aumentando. Os argumentos perdem a validade? Se não perdem, esperem, que em breve os ouviram nos discursos dos nossos deputados muito em breve.
  • Contrariamente ao que foi sempre dito pelos apoiantes do Sim, o aborto passou a ser liberalizado, banal, muito mais comum e passou a ser usado como método contraceptivo. E sabem que mais? ninguém acha isto mal porque afinal é assim que tem de ser porque a lei o diz. Ou seja, a lei sempre ajuda a construir a moralidade de um Povo. Lembram-se quem dizia que isso era assim e quem defendia que o que a lei dizia pouco importava, já que, as pessoas que tivessem de fazer um aborto nunca o deixariam de o fazer, dissesse a lei o que dissesse? Afinal a lei sempre influência o comportamento dos cidadãos.

É muito triste, mas duvido que em breve possamos vir a ter qualquer correcção a este disparate enorme que é tornar a morte de pessoas inocentes legal e subsidiada pelo Estado. Suspeito também que seja em breve que as coisas vão piorar. Pelo menos, neste caso, a História não é um caminho inexorável em direcção ao aperfeiçoamento moral da humanidade.
Resta a esperança que a longo prazo passemos todos a achar que os direitos do Homem não são só para os que nascem mas para também para os que, já existindo, ainda não tiveram a oportunidade de nascer, mesmo que tenham menos de 10 semanas.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

Bomba relógio



O teu amor quando palpita
verdade seja dita
põe rastilho no meu peito
trinta batidas num só beijo
sem defeito.

Feito tac e tic
o teu amor rebenta o dique
feito tic e tac
o teu amor passa ao ataque
feito tac e tic
o teu amor rebenta o dique
feito tic e tac
eu à defesa ele ao ataque
e toca e foge e toca e foge
é uma bomba relógio

O teu amor quando palpita
verdade seja dita
faz-me atrasar os ponteiros
como a ostra esconde a pérola
aos viveiros.

Feito tac e tic
pérola solta-se a pique
feito tic e tac
faz-me o coração um baque
feito tac e tic
pérola solta-se a pique
feito tic e tac
faz-me o corpo todo um baque
e toca e foge e toca e foge
é uma bomba relógio.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Entrevista

Interview: Ricardo Araújo on Journal of Paleontological Techniques

Fossil preparators are the unsung heroes of paleontology. For every paper on a spectacular Archaeopteryx skeleton, or an exquisite new ceratopsian skull, there is at least one talented preparator who freed the fossil from its rocky tomb. Despite the importance of preparators for paleontology, there are surprisingly few formal publications devoted to the trade (beyond the occasional symposium volume). Even rarer are open access publications on fossil preparation. Thus, it is a real pleasure to share this interview with Ricardo Araújo, the executive editor for Journal of Paleontological Techniques.

Tell us a little aboutJournal of Paleontological Techniques. How did the journal get started?
The Journal of Paleontological Techniquesgot started due to the difficulties that we felt in theMuseu da Lourinha (in Portugal) to get access information relative to preparation. Unfortunately it is extremely hard for a peripheral country to have access to the know-how developed in the great centers of knowledge, namely central Europe and the US. So, we had to find an economical way without detriment of scientific rigor; publishing and editing articles using an open access philosophy seemed the right solution. Furthermore, the lack of a systematic compilation of paleontological techniques is evident in the literature.

What makes Journal of Paleontological Techniques unique?
There are a few things that make our journal unique:
  1. There is no other journal focused on the practical side of paleontology. Some typical paleontological journals publish sporadically on paleontological techniques, and there are a handful of printed publications. However, there is an immense quantity of knowledge acquired by generations of preparators that is hard to access if you cannot go to the main conferences or workshops.
  2. Also, preparation is practical in its essence. Thus, our papers can include videos and as many photos as necessary to make a technique easily perceptible. Most of the time it is difficult to express these techniques in words.
  3. Our publications are edited in volumes. Each article is published by itself as a volume, which decreases the total amount of time for publication. This flexibility allows us, for example, to publish annals of congresses or symposia.
  4. Our journal is totally open access and double-blind peer-reviewed. This doesn’t make our journal unique but certainly a “rare specimen.”

What advice would you give to authors who are interested in submitting their manuscripts to JPT?
Write! The preparation community is not used to writing about their findings, some of which are extremely important and can save thousands of euros for paleontological institutions. To spread paleontological techniques is to advance paleontology as a whole. Preparation is a science as well, in its most Popperian essence. To test and refute paleontological techniques is possible, and in fact, is done by all preparators everyday when we use different products, methods and tools, striving for the best way to do something efficiently.

What kind of difficulties, if any, have you encountered in editing JPT? How have these been solved?
When we embraced this project we quickly realized that the challenge was not to create the space to publish practical-paleontological ideas, but almost to change the status quo that preparators face nowadays. Institutions hire preparators to prepare fossils, not to write scientific articles. However, to my eyes, that is a rather limited view about the role of preparation. Preparation is the technical side of paleontology, and like any other science paleontology has its own methods—methods that are publishable. Actually, methods that are required to be published. Moreover, thinking strictly in an economic perspective, by spreading this sort of knowledge, preparator’s employers will quickly realize that they can save money by KNOWING and SHARING their knowledge.

In order to circumvent this problem, we are trying to present at as many events related to preparation as possible, not only to publicize the journal itself but also to spread the ideas behind it. We are part of mailing lists, groups of geosciences journals, and a gazillion things like that. For every preparation-related paleontological event that we know, we try to contact the organizers in order to publish the abstracts or edit a volume with selected papers. We are currently trying to organize an opinion paper that will be submitted in a mainstream paleontological journal, about the underestimation of the importance of preparation/paleontological techniques as a legitimate science. We recently got a wave of papers submitted, and hopefully it will be sustainable.

What has been the best part of editing a journal like JPT?
What I enjoy most about this project is actually the spirit of the journal and the challenge it represents. I believe the actual scenario is difficult, but not impossible to surpass. Ideally we would like to get help and cooperation from various areas of the preparation community, starting from the preparators themselves, up to the heads of departments, and paleontologists.

Image credit: courtesy Ricardo Araújo, originally published at Palaeontologia Electronica.
Retirado de openpaleo.blogspot.com

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Até que enfim...

Estou-me nas tintas, mas aqui fica o parabéns.

Parabéns a todos e todas que se vão poder casar em breve em Portugal e que não o podiam fazer antes.

Agora lá que isto não acaba aqui não acaba... o passo seguinte é por demais óbvio.
A adopção por casais do mesmo sexo é só uma questão de tempo.
Não só porque a lei tal como fica agora, é inconstitucional, como também porque é inevitável que assim seja. A nossa sociedade tratará de fazer a lei mudar de novo.
E se querem que eu vos diga, a pesar de me estar nas tintas, acho muito bem!

Cavaco ficou muito mal na fotografia.
Não concorda, mas promulga.
Podia vetar? Podia
Mas não o vai fazer? Não
E não serve o veto para vetar as leis com as quais não concorda? Sim
Mas vai promulgar? Vou

Enfim... triste figura.
Tudo isto por duas razões:

1. Porque se a lei fosse vetada, provavelmente, seria aprovada de novo no parlamento e teria de ser promulgada em 8 dias pelo Prof. Cavaco.
2. Porque não podemos desviar as atenções da crise actual.

Ou seja, ficámos todos a saber que o nosso Presidente só vetará os projectos lei que tenham a garantia de, caso sejam vetados (e, como é obrigatório, tenham de voltar ao parlamento) não obtenham maioria de novo. Não estou a ver os nosso deputados a brincarem aos políticos: "vamos lá mandar o barro à parede e ver se passa, por que se vier para trás não o aprovamos de novo..."
Ora como não estou a ver que isso alguma vez venha a acontecer, também não estou a ver o nosso Sr. Presidente com coragem, pelo menos até ao final do mandato, para vetar seja o que for.

E de uma só assentada, aprendemos também que não se devem vetar os projectos lei que possam distrair da crise. Como não vamos sair da dita cuja tão rapidamente, o convite fica feito, agora é que é para aprovar tudo o que gere polémica, e quanto mais melhor, porque quanto mais alarido der um projecto lei, menos provável é que o nosso presidente o vete.
Sabem... é que distrai as atenções da crise (a tal que ele nem tem nada a ver).

Obviamente esta história não termina aqui. Copio parcialmente um post do meu amigo Luís Grave Rodriges que diz com muita razão:

Para além de (basicamente) ter alterado a redacção do artigo 1.577º do Código Civil, exactamente a norma que define a noção de casamento civil, retirando-lhe a expressão «de sexo diferente», esta nova lei veio também restringir expressamente no seu artigo 3º a possibilidade da adopção por pessoas casadas com cônjuge do mesmo sexo. Ora, e como é por demais óbvio, esta norma é claramente inconstitucional.

E por três motivos:


- Primeiro, porque estabelece uma distinção entre formas de casamento em razão do sexo e da orientação sexual dos respectivos cônjuges;

- Segundo, porque retira, a quem já antes a tinha, a possibilidade de adopção a quem se case com pessoa do mesmo sexo;

- Terceiro, porque trata o casamento entre pessoas do mesmo sexo como uma espécie de “casamento menor” em relação ao casamento entre pessoas de sexo diferente.


Estas inconstitucionalidades são tão flagrantes que se está mesmo a ver que se devem a uma mera estratégia do Governo (que, diga-se de passagem, não lhe ficou nada bem), que não quis “chocar” muito as pessoas quando apresentou a sua proposta de lei do casamento homossexual à Assembleia da República.


E são tão inequívocas que até o próprio Presidente da República teve o cuidado de não pedir especificamente ao Tribunal Constitucional a apreciação da constitucionalidade deste artigo 3º. Como muito bem sabia o Sr. Presidente, o resultado seria mais do que esperado, e é por isso que a sua atitude revela, da sua parte, uma grande falta de honestidade política.
Perante isto, o que se passará agora a seguir?


Pois bem: Teremos agora de esperar que um casal homossexual se apresente a uma entidade administrativa qualquer, e requeira um processo de adopção. Depois, perante a recusa da adopção com o fundamento de que o casal é composto por dois cônjuges do mesmo sexo, é só recorrer judicialmente da decisão – até ao Tribunal Constitucional.

E aí, como sabemos, “o caminho das pedras” é já de todos conhecido...
Por outras palavras: A adopção de crianças por casais homossexuais em Portugal não é mais do que uma mera e simples questão de tempo.


Vamos lá ver quanto tempo demora agora.

Post 200

Este é o Post número 200 do Conjurado.
A todos os que me aturam há tanto tempo aqui fica uma homenagem em jeito de pensamento:

Se estão a ler este blog na Europa, Ásia ou América, é muito provável que tenham (aproximadamente 4%) de genes Neandertais.
Se o estão a ler em África, podem ter (quase) a certeza que não têm uma pinga de sangue Neandertal.
Esta regra não é totalmente correcta mas dá uma perspectiva engraçada sobre o Mundo.

E fica a dúvida, se os Homo sapiens e os Homo neanderthalensis puderam procriar e deixaram descendentes férteis, então...
... segundo o conceito biológico de espécie, somos a uma só espécie biológica!

Não acham isto lindo?

É claro que ninguém se vai atrever a juntar as duas mas, para dizer a verdade, deveríamos!

Com a quantidade de neandertais que para aí andam já deveríamos todos estar à espera disto, mas enfim, em ciência temos de ter provas.

E aqui fica o link para o artigo da polémica.

PS: Entretanto, é o Zilhão que se deve estar a rir disto tudo. Parabéns, muito embora nem eu estivesse convencido, aqui tiro o chapéu.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A visita do Papa

COISAS DA SÁBADO: A VISITA DO PAPA...



... tem gerado em vários países, Portugal é um deles, um surto de imbecilidade considerável. À falta de anticlericalismo popular, há agora uma nova forma de anticlericalismo intelectual de parte da esquerda « fracturante ». Enquanto não houver um Papa que seja mulher, lésbica, negra, de preferência não crente, e que vote nos EUA no Obama, os Papas, em particular este, são alvos preferenciais. E este acirra os ânimos de forma muito especial porque é branco, alemão, conservador, teólogo, e conhece bem demais a impregnação da doutrina cristã pelas variantes na moda desde os anos sessenta de « progressismo » esquerdizante. A absurda intolerância dos « fracturantes » exerce-se então em toda a sua amplitude.

(Pacheco Pereira, Retirado do Abrupto)

Post roubado

De acordo com o Público primeiro valiam 500 milhões, depois 90 a 100 milhões e o Sol vem agora dizer que a BBC disse que só valiam 500 mil euros.
Seja como for foi um golpe incrível. Um golpe do catano!

As obras roubadas são "Le pigeon aux petits pois" de Pablo Picasso, "La pastorale" de Henri Matisse, "Nature morte aux chandeliers" de Fernand Léger, "L'olivier près de l'Estaque" de Georges Braque e "La femme à l'éventail" de Amédéo Modigliani.

E se os museus do Estado fossem gratuitos?

E se os museus do Estado tivessem entrada gratuita? - Cultura - PUBLICO.PT

terça-feira, 11 de maio de 2010

Protesto fotográfico 2

Mais fotos do protesto fotográfico que está a decorrer pelo país.

Neste momento estão a ser discutidos no Parlamento vários projectos lei que visam a actualização das Bolsas de investigação científica.

Com a intenção de sensibilizar os nossos deputados são já vários os institutos de investigação que se organizaram numa forma de manifestação original em Maio.

Através de um protesto fotográfico descentralizado.

A ideia é que em cada local de trabalho os bolseiros combinem uma hora para se encontrarem e tirarem um foto conjunta (com cartazes reivindicativos, ou outras formas criativas de protesto e apelo à aprovação de um novo Estatuto justo e digno).
As fotos devem ser enviadas à direcção da ABIC que as compilará e tornará públicas.

Sugiro a todos os investigadores que façam o mesmo por mais pequenos que sejam os seus grupos de investigação. Escrevam ao parlamento (é muito simples, vejam como fazê-lo aqui), coloquem as fotos nos vossos blogues e comuniquem a notícia a todos os que puderem por email, carta, telefonemas ... Agora é o momento de agir!

Eu participei no do ITQB em representação dos bolseiros de Oeiras.

Cá está a foto, para que a Ciência cresça em Portugal!















(Clicar na foto para aumentar)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Florestas, capuccinos e fósseis: como ver tudo de pernas para o ar…

Cada um de nós vê o Mundo à sua maneira.

Uns acham que estamos numa crise como nunca vista e por isso é a pior altura para se viver, outros, que agora é o melhor momento para apostar e investir.

Parece-me que não há nada melhor que olhar para o mundo de uma outra forma, com um pouco de ciência.

Reparem. Um biólogo quando olha para uma floresta tropical consegue imaginá-la de uma forma muito diferente do que estamos habituados. Consegue vê-la através dos olhos das espécies que nela vivem. A esmagadora maioria das espécies que que habitam qualquer floresta tropical não está no solo, nem nos ramos, mas sim no topo das copas das árvores. São insectos! E para eles uma floresta é um manto de folhas verdes aos altos e baixos constantemente ao Sol. Por debaixo, existe um inferno escuro, sem luz, onde vivem meia dúzia de espécies estranhas, enormes…que, se os apanharem lá em baixo comem-nos imediatamente.

Quando um astrónomo olha para o céu através de um telescópio, sabe que o que vê está tão longe que os fotões provenientes das estrelas tiveram de percorrer muitos milhares de anos à velocidade da Luz até poderem formar uma imagem na sua retina.

O fisiologista sabe que o que o astrónomo vê não é a luz que viajou tão rápido de tão longe. “Ver” é o resultado de um padrão de vários impulsos eléctricos provenientes das células da retina e descodificados pelos neurónios existentes na parte de trás do nosso cérebro.

O biólogo vê o cérebro humano como uma estrutura fascinante resultado de milhões de anos de evolução em ambientes tão diversos como o mar, a selva, a savana e mesmo as nossas cidades modernas.

E o paleontólogo sabe que esse cérebro surgiu há tão pouco tempo e que esse acontecimento foi tão único, que essa visão só pode aumentar a sua humildade e respeito por todas as formas de vida que nos rodeiam neste nosso planeta azul.

Se quisermos mesmo ser honestos a Terra nem é o nosso planeta, somos apenas habitantes muito recentes e lá porque alguns de nós conseguem escalar o Evereste, viver nos pólos, e atravessar os desertos mais inóspitos achamos que dominamos o mundo. Nada disso. Se quisermos ter uma ideia sobre a importância das bactérias temos, mais uma vez de inverter a nossa percepção do mundo.

Imaginem um copo de capuccino.

A parte líquida seria proporcional à quantidade de bactérias, a espuma à quantidade de plantas e o chocolate no topo seriam o resto dos outros seres vivos na Terra.

As bactérias são sem dúvida as principais habitantes do nosso planeta, vivem em todo o lado, mesmo dentro de nós. Algumas, podem viver enterradas a vários quilómetros de profundidade na crosta terrestre enquanto outras só vivem felizes a nadar em água a ferver.

Quando eu tinha seis anos de idade o meu avô mostrou-me uma foto do Hallucigenia, um fóssil com mais de 500 milhões de anos! O animal extinto era tão estranho que os cientistas só descobriram mais tarde que o tinham desenhado de pernas para o ar. Assim que descobriram mais fósseis, tiveram de fazer novos desenhos e rescrever os livros.

Não sei o que vocês acham, mas eu gosto, enquanto cientista, de ver o mundo assim, como uma criança de seis anos, sempre maravilhada com o Mundo e sempre pronta para por tudo de pernas para o ar, desde que isso faça mais sentido.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Protesto Fotográfico

Neste momento estão a ser discutidos no Parlamento vários projectos lei que visam a actualização das Bolsas de investigação científica.

Com a intenção de sensibilizar os nossos deputados são já vários os institutos de investigação que se organizaram numa forma de manifestação original entre 3-7 de Maio.

Através de um protesto fotográfico descentralizado.

A ideia é que em cada local de trabalho os bolseiros combinem uma hora para se encontrarem e tirarem um foto conjunta (com cartazes reivindicativos, ou outras formas criativas de protesto e apelo à aprovação de um novo Estatuto justo e digno).
As fotos devem ser enviadas à direcção da ABIC que as compilará e tornará públicas.

Eu participei no do ITQB.

O Instituto Gulbenkian de Ciência também teve direito a protesto e aqui segue a foto que tirei há poucos minutos atrás...















(Clicar na foto para aumentar)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

FameLab 2010

Malta, apareçam no sábado às 17h no Pavilhão do Conhecimento (junto ao Oceanário de Lisboa).

Não percam a Final Nacional do primeiro concurso de divulgação de ciência em Portugal.

São 10 finalistas, cada um com 3 minutos para falar sobre Ciência.




Para entrarem inscrevam-se em: http://www.cienciaviva.pt/actividades2010/final_famelab/

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Papa em Lisboa


















Queluz, no IC 19 a caminho de Lisboa.
Obrigado Hernâni, já tinha tentado tirar uma foto a esta fantástica dupla de cartazes, mas conduzir e fotografar simultâneamente não é o meu forte.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pessoa

Obedeça à gramática quem não sabe pensar o que sente.


Fernando Pessoa (Livro do desassossego)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Over The Rainbow

Mais que uma árvore

Já pensaram por que estamos aqui?

Como surgiram tantas espécies e como se tornaram tão diferentes?

Parecem perguntas de uma criança de seis anos mas Darwin chamou a estas questões o mistério dos mistérios.

A primeira vez que pensei nisto não foi fácil encontrar uma resposta e, deixem-me que vos diga, ao longo da História foram muitas as tentativas para encontrar uma solução.

Desde fantásticas histórias sobre deuses e deusas até animais que sempre existiram e que nunca se modificaram....

Em pleno séc. XIX Charles Darwin esboçou a forma como as espécies evoluíram ao longo dos tempos, desenhando aquela que é a primeira árvore da vida alguma vez feita.

Este desenho continha lá todos os conceitos que actualmente consideramos modernos para estudar biologia evolutiva.

Ao longo do eixo vertical temos o tempo, onde uma espécie deu origem a várias.

Nem todas as espécies chegam aos nossos dias, existem várias que se extinguem. Aliás, hoje sabemos que, ao longo da evolução, o mais comum destino de qualquer espécie é desaparecer. Poder sobreviver, dando origem a novas espécies, é uma pequenina excepção à regra.

Reparem que as que são mais próximas estão ligadas por um ancestral recente e todas as espécies, por mais afastadas que estejam, apresentam sempre um ancestral comum.


E, a melhor parte do desenho talvez seja a pequena frase que ele escreveu no topo do caderno: I think. Acho eu, ou penso eu.

Nunca uma frase tão curta teve tamanha importância na forma como vemos o mundo.

Ainda hoje em dia, o que os biólogos tentam perceber é COMO é que de uma só espécie surgiram tantas e tão belas formas de vida.

Quando, actualmente, queremos saber isto o que fazemos é colocar numa tabela duas listas: uma com espécies e outra com características. Essa tabela é preenchida com muitos e muitos dados. Normalmente usamos zeros e uns, mas podem ser dados moleculares (ou outros). Para terem uma ideia, só preencher a tabela, pode demorar muitos meses. No final, os dados são introduzidos num computador que, usando o mais sofisticado software disponível, calcula todas as relações possíveis entre as espécies em causa e mostra-nos a melhor árvore que as representa.

Chamamos a isso uma análise filogenética.

Após várias horas, senão mesmo dias a calcular, o resultado é um simples esquema em forma de árvore, muito parecido com o que Darwin desenhou há mais de 150 anos. Normalmente tem mais ramos, como é claro, mas tudo o resto, está lá. Aparecem as espécies que se extinguiram, vemos as espécies mais recentes no topo e a ancestrais na base da árvore. Este tipo de análise pode ser aplicada de muitas formas diferentes e pode ser tão robusta que nos permite estudar relações evolutivas entre vírus e determinar quem infectou quem, em que altura e dizer até de onde é proveniente uma determinada estirpe.


E deixem-me que vos diga, pensar que uma simples ideia que surgiu há bem mais de século e meio pode dar sentido a todas as formas de vida que nos rodeiam desde as plantas do nosso jardim até ao maior dinossauro que alguma vez existiu, é simplesmente fascinante.



Somos o produto final deste campeonato ininterrupto a que chamamos Evolução das Espécies, sem nunca termos perdido um único jogo.

É esta afinal, a razão por que todos estamos aqui.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Música

Não vale a pena fazer muitos comentários, é só uma das melhores TED talks de sempre!



Obrigado ao Alex pela dica

terça-feira, 20 de abril de 2010

Igreja e pedofilia

Por enquanto, não quero de forma alguma defender a Igreja no que diz respeito ao que tem vindo a público nos últimos dias.
Mas, como qualquer bom provocador, o Conjurado não podia ficar sem postar nada.
Copio, um texto de José Luís Seixas que encontrei por aí...

« Primeiro lugar-comum: A Igreja Católica é constituída por homens sujeitos às fragilidades da sua condição é um lugar-comum. Poucos são os ungidos pela Santidade. O Povo de Deus é formado por pecadores que esperam a remição das suas faltas. E tantas são.

Segundo lugar-comum: As denunciadas práticas de pedofilia imputadas a sacerdotes católicos são chocantes e indignam de forma especial os próprios católicos. São ofensas gravíssimas às crianças e a Deus, cometidas por quem as devia proteger e educar.


Terceiro lugar-comum: O ocorrido em instituições da Igreja Católica passou-se em instituições de outras Igrejas, de organizações laicas, do próprio Estado e passa-se, infelizmente, no seio de muitas famílias. Entre nós o infindável “Processo Casa Pia” deixou no ar muitas e muitas interrogações sobre os comportamentos de uns e as omissões de outros. E falamos de tempos recentes. Não remontamos a meio século atrás em que a valoração destes actos era outra e os silêncios acobertavam prevaricadores com relevância pública conhecida.


Quarto lugar-comum: Esta factualidade nada justifica ou branqueia. Ao contrário do mundo secular, a Igreja prostrou-se perante o sacrifício e a dor das vítimas de tais perversões. Pediu desculpa num gesto de profundo sofrimento. Reparou o que pôde reparar. E submeteu à Justiça dos homens os crimes praticados.

O que também é lugar-comum: Tudo isto é indiferente ao fundamentalismo ateísta, alimentado por ódios, recalcamentos e muita irresponsabilidade. Ver beliscada a autoridade moral da Igreja através de comportamentos indignos de alguns sacerdotes é uma prebenda que desfruta com indizível deleite. Ao pé desta campanha, o anticlericalismo jacobino da Carbonária era um jogo de playstation! »

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para que serve estudar Evolução

Ontem tive um jantar de família, estava lá toda a gente: os meus avós, pais, irmãs e primos. O meu sobrinho de seis anos perguntou-me para que serve estudar a Evolução.

Eu respirei fundo e disse:

- Não sabes para que serve a Evolução? Serve para poderes ver melhor.

Ele respondeu-me:

- Como as cenouras que têm vitaminas?

- Mais ou menos como as cenouras, mas melhor ainda, porque te faz ver o mundo de uma outra forma.

Já pensaram nisso? Para que serve estudar a Evolução?

Actualmente existem entre 1.5 e 1,8 milhões de espécies já descritas. Segundo algumas estimativas, faltam identificar entre 10 a 100 milhões.

Acham muita bicharada?

Podemos multiplicar esse número por mil se quisermos ficar com uma estimativa do número de espécies que existiram mas já se extinguiram.

Caminhamos todos os dias sobre sedimentos com inúmeros fósseis que são a prova literal de que já cá não estão. Por diversas razões não deixaram descendentes.

Portanto, entre as inúmeras espécies que, ao longo da idade da Terra foram evoluindo a partir de um ancestral comum, muito poucas foram bem sucedidas.

Como foi isto possível?

Darwin, melhor que ninguém, resolveu o enigma há 150 anos.

Bastaram 3 palavras: Variação, Hereditariedade, Selecção.

Variação: Facilmente reconhecemos que somos todos diferentes uns dos outros e que não existem dois animais exactamente iguais. Uns são mais altos outros mais baixos, uns correm mais outros correm menos. Existe imensa variação.

Hereditariedade: Somos todos mais parecidos com os nossos pais do que com os pais dos nossos vizinhos… eu, pelo menos, estou convencido que sim e espero que vocês também. ;) Isto é, apesar de sermos diferentes a nossas características são transmitidas de pais para filhos.

Selecção: Nem todos os organismos sobrevivem para deixar descendentes. Se não acreditam em mim façam as contas.

Algumas estirpes de bactérias levam apenas uma hora a dividir-se em duas.

A maioria das bactérias ocupa uma área um milhão de vezes mais pequena que um milímetro quadrado! A Terra tem 510 milhões de quilómetros quadrados.

Se a nossa bactéria se dividisse em duas ao fim de uma hora e essas duas ao fim de outra hora se dividissem em quatro, e por aí fora…Seriam necessárias apenas 90 horas para cobrir toda a Terra. Menos de 4 (quatro) dias!!

Nem todas as bactérias deixam descendentes e o mesmo é verdade para o resto dos seres vivos. Ou seja, a Natureza selecciona a sua própria variação.

Repetindo este ciclo, ao longo de muitas gerações, temos aquilo a que se chama de Selecção Natural. A Natureza selecciona-se a si mesma e todos os animais e plantas que hoje vemos são fruto de uma origem comum, que poderíamos representar numa árvore da vida bem maior que qualquer árvore genealógica alguma vez feita pelo Homem.

Somos todos primos mais ou menos afastados, desde os insectos do nosso jardim até à enorme baleia azul. Mais que isso, nunca nenhum dos nossos antepassados directos ficou sem filhos que também não tivessem outros filhos. Somos o produto deste campeonato ininterrupto sem nunca termos perdido um único jogo.














Da próxima vez que tiverem uma depressão lembrem-se disto, somos todos campeões! É bem melhor que tomar um comprimido. ;) É mais ou menos como as cenouras mas ainda melhor!



Parabéns ao Tomás pela foto.

A árvore filogenética representa apenas 0.18% das espécies já descritas. Imaginem como seria com o resto...

sábado, 17 de abril de 2010

Futuro

"Prediction is very difficult, especially of the future."

Niels Bohr


Muito bom dia

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Destino

"I have noticed even people who claim everything is predestined, and that we can do nothing to change it, look before they cross the road."

Stephen Hawking


Tenham todos um muito bom dia.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pois é

Sabiam que:
  1. As bolsas de investigação estão congeladas desde 2002, há 8 (oito!) anos que não há qualquer aumento?
  2. Isto equivale a uma perda de poder de compra que chega a 20%?
  3. Somos obrigados a trabalhar em exclusividade (ou seja se eu quiser dar explicações tenho de descontar esse valor da bolsa)?
  4. Não temos subsídio de alimentação?
  5. Nem de férias?
  6. Nem de Natal?
  7. Apesar de sermos os trabalhadores mais instruídos do país, não temos qualquer contracto ou vínculo laboral, sendo a nossa profissão das mais precárias que existe?
  8. Nenhuma bolsa está indexada aos aumentos feitos na função pública?
  9. E que o actual ministro da ciência acha isto tudo muito bem porque as candidaturas a bolsas até aumentaram em número e qualidade de candidatos?
Ou seja ficamos todos a saber que quanto mais e melhores forem os candidatos a bolseiros, menor será a necessidade de se aumentarem as bolsas e as condições sociais das mesmas.
Não acreditam? vejam com os próprios olhos.



Malta, já sabem, se querem aumentos e mais apoios sociais é simples: sejam incompetentes e acima de tudo, não produzam!
Quanto menos capacidade de produção maiores aumentos necessitam... que lindo ministro da ciência.

E agora vou fazer ciência que é isso que me apaixona!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Tristeza

Notícia do Público:

Parlamento rejeita actualização extraordinária das bolsas de investigação

Os projectos de lei do PCP e do Bloco de Esquerda para a actualização extraordinária das bolsas de investigação foram rejeitados no Parlamento com os votos contra do PS e a abstenção do PSD e CDS.








Dá vontade de sair do país...

Pólen

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Hoje: Capa da Science

























Mais um primo(?) afastado a surgir em África.

Que grande dia para a ciência.

Páscoa

Há tradições que não compreendo de todo.
Por que razão tem esta gente toda a necessidade de fazer isto?



Mas uma coisa é certa, o Mundo seria muito menos divertido se não fosse assim.
Não acham?

quinta-feira, 25 de março de 2010

PalNiassa 2009

A pergunta impunha-se há já demasiado tempo: será que Moçambique não é também um país rico em fósseis? Sabemos que vários países vizinhos trouxeram à luz inúmeros animais extintos que são hoje extremamente conhecidos, é exemplo disso a Tanzânia onde foi descoberto o Brachiosaurus brancai, na altura considerado o maior dinossauro alguma vez encontrado. As camadas de Tendaguru representam a localização mais abundante em dinossauros africanos do Jurássico Superior (síncronos da Formação da Lourinhã) e localizam-se no Sul da Tanzânia a poucos quilómetros da fronteira de Moçambique. A África do Sul é outro país repleto em animais bem mais antigos que os dinossauros: os répteis mamalianos. Estes possuíam certas características de mamíferos (ex: uma abertura temporal no crânio, um par de grandes caninos) mas outras tipicamente de répteis (ex: presença de escamas, postura rastejante).

Será que não poderíamos vir a descobrir algo semelhante? Será que não existem outros répteis ou vertebrados tão ou mais fantásticos do que estes ainda no terreno por escavar e estudar? Só o poderíamos saber indo aos locais e pisando o terreno. Foi o que fizemos e a resposta foi um redondo "sim".

Este Verão eu e o Ricardo, enquanto investigadores do Museu da Lourinhã, deslocá-mo-nos a Moçambique numa expedição de prospecção e recolha de fósseis de vertebrados.
A expedição chamou-se PalNiassa 2009 e decorreu ao longo de todo o mês de Julho tendo tido resultados relevantes do ponto de vista científico e institucional. A recepção por parte de todas as instituições Moçambicanas foi extremamente prestável e generosa, o que facilitou todo o trabalho que tivemos de executar no campo. Tivemos ainda a possibilidade de encetar parcerias entre as instituições que representamos o que, para expedições futuras, é indispensável.

Foram descobertas novas jazidas com fósseis (ex: Monte Chipalapala) novas localidades com fósseis (junto a Tulo) mas mais importante que tudo isto foram os fósseis recolhidos que se encontram em estudo no Museu da Lourinhã. São os únicos vestígios de sinapsídeos fósseis recolhidos em Moçambique nos últimos 40 anos. Entre os achados mais relevantes contam-se um esqueleto completo de um Anomodontia (Sinapsida) e um osso extremamente bem preservado da pélvis do mesmo tipo de animais. Estes achados permitirão identificar mais concretamente o animal em causa e estabelecer correlações com outros achados noutras partes do mundo.

Não podemos deixar de agradecer a todos os que participaram ou ajudaram a que este projecto tenha sucesso, nomeadamente, a todos os nossos colegas moçambicanos e a todos os funcionários que nos acompanharam ao campo nas mais diversas e complicadas situações.

Neste momento existe muito trabalho pela frente e só mais expedições podem trazer mais resultados e novas perspectivas para que o passado de Moçambique seja valorizado como deve.

segunda-feira, 22 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

Não vão ver







Só não saí a meio por que não calhou...
...um dos piores filmes dos últimos tempos.

Básico, primário, infantil e até estúpido. Trata o espectador como uma besta acéfala.
Resumindo uma desilusão.
Se gostam de filmes sem nenhum conteudo e só com violência bruta (desculpem o pleonasmo), então este é um filme para vocês.

Caso contrário nem metam lá os pés!

quinta-feira, 18 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Carta Aberta

Caros Deputados Portugueses:

Venho por este meio manifestar o meu apoio ao protesto que decorrerá hoje por volta das 17:30 em frente à Assembleia da República Portuguesa.
É realmente preocupante a falta de sensibilidade deste governo para poder apostar nos bolseiros de investigação no nosso país.
Aqueles que serão os sábios do futuro não recebem os apoios devidos e não vêm as suas bolsas aumentadas há quase uma década. A caricata situação de termos que assinar um contracto de exclusividade sem termos nenhum emprego efectivo, torna tudo ainda mais grave. Urge mudar a situação.
É da mais elementar justiça que a oposição actual não se demita das suas funções e force uma mudança neste cenário. Que não se oiçam desculpas por estarmos em crise, é precisamente em tempos de crise que a justiça não deve ser esquecida.



Um bolseiro de Doutoramento,

Rui Castanhinha

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Aos professores

Transcrevo o convite da Ana aos professores... venham daí!



Caros Professores,

Vimos por este meio lembrar da próxima conversa da série Biologia dos Tempos Modernos - uma série de seminários informais por investigadoes do Instituto Gulbenkian de Ciência, destinados a TODOS os professores do ensino básico e secundário.

O objectivo destes seminários (ou conversas, como preferimos chamar-lhes) é de aproximar os professores da investigação biomédica de excelência internacional, apresentada por alguns dos melhores cientistas a trabalhar em Portugal.

As sessões terão início pelas 14:30, no Auditório Ionians (por cima do refeitório do IGC), em Oeiras (Rua da Quinta Grande, 6 - vejam como chegar ao IGC em http://www.igc.gulbenkian.pt/node/view/17).

27 Novembro 2009 - A Biologia Evolutiva no tempo de Darwin e hoje
Élio Sucena (IGC) - A evolução da forma: de Darwin ao DNA
Rui Castanhinha (IGC e Museu da Lourinhã e Monitor da exposição 'A Evolução de Darwin' da Fundação Calouste Gulbenkian) - Título a confirmar

O número de participantes é limitado a 100, sendo seleccionados por ordem de inscrição.
A inscrição deverá ser enviada para agodinho@igc.gulbenkian.pt, com indicação 'Biologia dos Tempos Modernos' no Assunto.

Convidamo-vos a enviarem questões ou tópicos que gostariam de ver abordados em sessões futuras. Recordo que as sessões se realizam mensalmente, na última Sexta-feira do mês.

Aceitam-se inscrições de professores de outras áreas científicas (ex: matemática, física, química) assim como das humanidades e ciências sociais.

Com os melhores cumprimentos
Ana Godinho

segunda-feira, 27 de julho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sexo, Dinossauros e Darwin


Sendo 2009 o ano Darwin muito já se tem dito sobre o que o próprio escreveu acerca de imensa coisa, mas sobre dinossauros é muito escasso o material existente.
Aqui vos deixo uma passagem do livro The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex publicado em 1971. Esta obra teve felizmente uma novissima edição em Português que foi traduzida pela minha colega Susana Varela. É um excelente livro histórico que vale a pena conhecer. Foi precisamente em 1971 que Darwin apresentou uma outra ideia absolutamente revolucionária: a Selecção Sexual. Pensar-se que as escolhas sexuais dos seres vivos poderiam desempenhar um papel fulcral na evolução de estruturas complexas ou extremamente bizarras era, sem sombra de dúvidas, algum de novo e mais uma vez foi um um choque tremendo. Lembem-se que o sexo foi (quase) sempre um tema tabu nas nossas sociedades ocidentais. A Inglaterra victoriana não era excepção, e vir dizer que quem tem o papel mais importante na escolha sexual é a fêmea... era, no mínimo, complicado. Charles Darwin sempre foi um homem do seu tempo nos costumes, mas quanto às suas ideias ciêntíficas esteve quase sempre à frente de todos os outros, é o melhor exemplo que conhecemos para provar que não é necessário ser-se excêntrico para se ser genial. E como qualquer cientista do seu tempo tambem se interessou por dinossauros, reparem então no que ele escreveu:

« Sabe-se que existiram, ou que ainda existem, grupos de animais que servem para ligar, com maior ou menor intensidade, várias das grandes classes de vertebrados. Vimos, por exemplo, que o ornitorrinco passa gradualmente para o lado dos répteis; e o Professor Huxley descobriu que os dinossauros estão, em muitas características importantes, numa posição intermédia entre certos répteis e certas aves – facto que foi confirmado pelo Sr. Cope e outros –, as quais pertencem à tribo das avestruzes (que evidentemente também são o último vestígio amplamente difundido de um grupo outrora mais vasto) e ao arqueoptérix, estranha ave secundária, com uma longa cauda semelhante à de um lagarto. Além disso, e de acordo com o Professor Owen, os ictiossauros – grandes répteis marinhos providos de barbatanas – apresentavam várias afinidades com os peixes, ou melhor, segundo Huxley, com os anfíbios; que são uma classe que, por incluir na sua divisão mais avançada as rãs e os sapos, é manifestamente aparentada com os peixes ganóides. Estes últimos abundavam durante os primeiros períodos geológicos, e eram formados segundo aquilo a que chamamos modelo generalizado, isto é, apresentavam diversas afinidades com outros grupos de organismos. O Lepidosiren, por exemplo, está tão intimamente ligado aos anfíbios e aos peixes que os naturalistas debateram longamente para decidir em qual destas classes o colocar; tanto ele como alguns peixes ganóides foram preservados de uma completa extinção por habitarem em rios que funcionam como pequenos portos de refúgio, visto que estão ligados às grandes águas dos oceanos da mesma maneira que as ilhas estão ligadas aos continentes. » Citação do livro "A Origem do Homem e a Selecção Sexual" de Charles Darwin, cap. 6, página 182.



É reconhecido todo o mérito aos paleontólogos Richard Owen e Edward D. Cope o facto de já se considerar a hipótese de que as aves e os dinossauros estavam mais realicionados do que à primeira vista se poderia pensar. A ideia não era de Darwin, mas é de facto muito engraçado pensarmos que tamanha beleza e complexidade nas formas possa ser tão semelhante na sua origem.



Obrigado à Susana Varela por ter alertado para esta passagem.