segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para que serve estudar Evolução

Ontem tive um jantar de família, estava lá toda a gente: os meus avós, pais, irmãs e primos. O meu sobrinho de seis anos perguntou-me para que serve estudar a Evolução.

Eu respirei fundo e disse:

- Não sabes para que serve a Evolução? Serve para poderes ver melhor.

Ele respondeu-me:

- Como as cenouras que têm vitaminas?

- Mais ou menos como as cenouras, mas melhor ainda, porque te faz ver o mundo de uma outra forma.

Já pensaram nisso? Para que serve estudar a Evolução?

Actualmente existem entre 1.5 e 1,8 milhões de espécies já descritas. Segundo algumas estimativas, faltam identificar entre 10 a 100 milhões.

Acham muita bicharada?

Podemos multiplicar esse número por mil se quisermos ficar com uma estimativa do número de espécies que existiram mas já se extinguiram.

Caminhamos todos os dias sobre sedimentos com inúmeros fósseis que são a prova literal de que já cá não estão. Por diversas razões não deixaram descendentes.

Portanto, entre as inúmeras espécies que, ao longo da idade da Terra foram evoluindo a partir de um ancestral comum, muito poucas foram bem sucedidas.

Como foi isto possível?

Darwin, melhor que ninguém, resolveu o enigma há 150 anos.

Bastaram 3 palavras: Variação, Hereditariedade, Selecção.

Variação: Facilmente reconhecemos que somos todos diferentes uns dos outros e que não existem dois animais exactamente iguais. Uns são mais altos outros mais baixos, uns correm mais outros correm menos. Existe imensa variação.

Hereditariedade: Somos todos mais parecidos com os nossos pais do que com os pais dos nossos vizinhos… eu, pelo menos, estou convencido que sim e espero que vocês também. ;) Isto é, apesar de sermos diferentes a nossas características são transmitidas de pais para filhos.

Selecção: Nem todos os organismos sobrevivem para deixar descendentes. Se não acreditam em mim façam as contas.

Algumas estirpes de bactérias levam apenas uma hora a dividir-se em duas.

A maioria das bactérias ocupa uma área um milhão de vezes mais pequena que um milímetro quadrado! A Terra tem 510 milhões de quilómetros quadrados.

Se a nossa bactéria se dividisse em duas ao fim de uma hora e essas duas ao fim de outra hora se dividissem em quatro, e por aí fora…Seriam necessárias apenas 90 horas para cobrir toda a Terra. Menos de 4 (quatro) dias!!

Nem todas as bactérias deixam descendentes e o mesmo é verdade para o resto dos seres vivos. Ou seja, a Natureza selecciona a sua própria variação.

Repetindo este ciclo, ao longo de muitas gerações, temos aquilo a que se chama de Selecção Natural. A Natureza selecciona-se a si mesma e todos os animais e plantas que hoje vemos são fruto de uma origem comum, que poderíamos representar numa árvore da vida bem maior que qualquer árvore genealógica alguma vez feita pelo Homem.

Somos todos primos mais ou menos afastados, desde os insectos do nosso jardim até à enorme baleia azul. Mais que isso, nunca nenhum dos nossos antepassados directos ficou sem filhos que também não tivessem outros filhos. Somos o produto deste campeonato ininterrupto sem nunca termos perdido um único jogo.














Da próxima vez que tiverem uma depressão lembrem-se disto, somos todos campeões! É bem melhor que tomar um comprimido. ;) É mais ou menos como as cenouras mas ainda melhor!



Parabéns ao Tomás pela foto.

A árvore filogenética representa apenas 0.18% das espécies já descritas. Imaginem como seria com o resto...

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