quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
IDiotas.
Este pseudo-documentário não passa de um chorrilho de falsidades apresentadas da forma mais desonesta possível com o intuito de convencer os espectadores menos informados.
Desculpem o desabafo, mas é revoltante para um biólogo assistir a tantas mentiras e meias-verdades sem mostrarem um pingo de vergonha na cara.
Fé é acreditar sem provas.
Acreditar forjando as provas é estupidez.
Mais uma tentativa ridícula de fazer xeque-mate num jogo de futebol.
(Nem me atrevo a colocar o resto do programa, mas se tiverem curiosidade podem encontrar o resto no YouTube)
É dar-lhes com força!
...é que simplesmente por cá não existem anticorpos para lhes resistir!
É de facto curioso, e isso é que me preocupa: muitas vezes nem os cientistas sabem o que é, nem como funciona, a Evolução!!!
São demasiadas as vezes que colegas meus, achando-se muito sábios, dizem enormes barbaridades sobre os processos evolutivos, confundindo mais do que explicando.
A segurança escudada numa arrogância não esclarecida por parte da nossa comunidade científica é uma porta aberta a todos os fanáticos (religiosos ou ateus).
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
Palestras no Museu da Lourinhã
O Museu da Lourinhã vai organizar no próximo Domingo, dia 4 de Março de 2007, pelas 15:00, duas palestras proferidas por paleontólogos internacionais:
Yoshitsugu Kobayashi (Hokkaido University Museum, Japão)
Sobre: "Ornithomimosaurs: fast-running bird mimic dinosaurs"
Yuong Nam-Lee (Korea Institute of Geoscience, Coreia do Sul)
Sobre: "Vertebrate Paleontology in Korea"
Palestras seguintes:
21 de Março de 2007
Evento: Palestra "Fósseis de Transição: a excepção ou a regra? Testemunhos da Evolução" por Octávio Mateus
Integrado no colóquio Darwinismo Vs. Criacionismo, na Universidade de Lisboa. Ver detalhes em: http://cfcul.fc.ul.pt/coloquios/coloquio_criacionismo.htm
24 de Março de 2007
Evento: Assembleia Geral do GEAL- Museu da Lourinhã
Local e hora: Museu da Lourinhã, 21:00
domingo, 25 de fevereiro de 2007
sábado, 24 de fevereiro de 2007
70 Milhões de peregrinos em Allahabad (Índia).
Chama-se Maha Kumbh Mela (Maha -Grande; Kumbh - Urna; Mela - Festival).
Nestas fotografias de alta-resolução, tirada pelo satélite Ikonos notam-se as diferenças brutais no leito do rio que o festival provoca.
A fotografia da esquerda foi tirada em Maio de 2000, à direita vemos outra tirada a 23 de Janeiro de 2001, durante o festival, podem-se distinguir inúmeras tendas em terra e pequenos pontinhos no meio do rio, são pessoas a banharem-se nas águas sagradas do Ganges e do Yamuna.
(Clicar nas fotos para aumentar)
Acabar com a Religião? Por que não.
Afirmam que nada seria melhor e mais eficaz para exterminar todos os grandes males mundiais. De acordo com estes ateus através da argumentação, lógica, discussão pública, alterações sociais e da luta pacífica (e violenta em alguns casos) poderemos um dia viver num mundo sem Deuses, Religiões, Dogmas ou Fé. Mas será isso moralmente defensável?
Será que Dawkins tem razão quando se refere à Religião como «A raiz de todo o Mal»?
Será isto verdade? Que implicações terá uma conclusão como esta?
E que premissas têm de se verificar para que possamos aceitar lutar por um mundo assim?
Como é lógico, para compreender o problema, não basta definir o termo "religião" como tudo aquilo que produz o mal.
Seria circular.
Se alguém apresentasse um exemplo de um bem que resultasse da religião, como a Obra da Madre Teresa em Calcutá, bastaria dizer que isso não era exactamente algo com uma origem realmente religiosa, já que, a verdadeira Religião (por definição) é raiz de todo o mal. Assim, o exemplo de Calcutá não encaixaria na nossa definição de um acto religioso. E mesmo que apresentássemos um outro contra-exemplo de atrocidades cometidas por regimes seculares como os de Pol Pot, Mao, Estaline ou Hitler poderia ser argumentado que esses regimes são outras formas de Religião já que a verdadeira Religião é a raiz de todo o Mal.
É uma variante do famoso argumento do no true scotsman, para melhor o apresentar vejamos o que escreveu Antony Flew em 1975:
"Imagine Hamish McDonald, a Scotsman, sitting down with his Press and Journal and seeing an article about how the "
Este argumento é uma falácia, já que a definição de Escocês não depende de se cometer ou não crimes horrorosos. Mas, para mantermos a afirmação de que nenhum Escocês cometeria um crime desses, temos de alterar a sua definição caso nos deparemos com uma excepção: alteramos Escocês para verdadeiro Escocês e pronto, resolvemos o problema. Ou seja um Escocês deixaria de ser alguém que nasceu na Escócia (ou que tem a nacionalidade escocesa) para passar a incluir mais um requisito: não cometer atrocidades; mas isso era exactamente o que queríamos testar! Alterando a definição, estamos a excluir (ou incluir) arbitrariamente do termo em causa precisamente aquilo que queremos testar, é no mínimo estúpido e no máximo desonesto.
O mais curioso é que este exemplo foi utilizado por A. Flew, um ateu convicto, para criticar as definições de termos como cristãos ou religiosos e, de facto, expôs alguns argumentos falaciosos que defendem que nada de mal pode resultar das Religiões. Actualmente são raras as pessoas que acreditam nisso, é um lugar comum criticar a Inquisição, a opressão de Galileu Galilei, etc mesmo pela própria hierarquia da Igreja Católica.
Triste é deparar-me tantas vezes com a incompreensão desta falácia quando discuto com certos ateus fervorosos sobre a independência do Mal.
Quando o erro serve para provar que a Religião só pode ser a "raiz de todos os males" aí, a falácia do verdadeiro Escocês, já não é tão evidente.
No entanto nada disto nos ajuda a perceber se um mundo sem religiões ficaria ou não melhor.
Para se poder concluir que um mundo totalmente secular seria preferível a um mundo religioso temos de provar cinco pressupostos:
1º O que todas as religiões acreditam é falso (ou que mesmo não sendo falso, ou não se conseguindo provar a sua falsidade, é preferível vivermos como se fosse).
2º A existência da Religião tem mais efeitos negativos do que positivos na humanidade.
3º O mal resultante ao se destruir a Religião não produzirá um mal ainda maior que o que resultaria deixando tudo como estava.
4º O modelo alternativo que propomos para o mundo é melhor que o actual paradigma.
5º É possível acabar com a Religião.
Basta que uma destas premissas não seja verdade para não valer a pena lutar pela abolição da Religião das nossas sociedades. Os cinco pontos são independentes e necessários para que se conclua que a humanidade não pode, nem deve tolerar esse "mal". Só assim reunimos as condições necessárias e suficientes para valer a pena acabar com a Religião, bastaria que apenas um ponto não se verificasse para que isso não fosse defensável.
Assim sendo, suspeito sempre de ataques contra a Igreja que se limitam a apresentar um conjunto de males resultantes da Fé seguidos de uma lista dos gloriosos feitos da Ciência para depois concluir que a primeira é horrorosa e que a segunda é a Luz do mundo.
Torna-se então imperativo mostrar que o núcleo das crenças religiosas é falso, caso contrário é bom que nos comportemos como Deus nos aconselha.
(Em caso de dúvida parece ser mais prudente seguir o exemplo da aposta Pascal?)
De qualquer forma, o ponto 1 parece-me bastante difícil de provar já que muitas das afirmações religiosas são por definição não “falseabilisáveis”. Nunca poderemos provar que algo imaterial não existe (ou que é falso) já que é impossível executar testes em algo imaterial como almas, anjos, ou Deus.
Quando muito podemos dizer que Popper tinha razão, e que, respeitando a sua definição de Ciência o que não é empiricamente refutável não diz respeito à Ciência. Neste caso, seguindo uma abordagem estritamente científica, comporta-mo-nos como se as afirmações religiosas que não são empiricamente refutáveis fossem falsas. Mas seria desejável abordar todas as nossas questões quotidianas do ponto de vista estritamente científico? O que pode a ciência estritamente empírica dizer-nos sobre a estética e a Arte? Sobre o amor e a paixão? Não são todas estas realidades imateriais e empiricamente não refutáveis? Serão por isso menos válidas e vitais à humanidade?
Viveríamos num mundo melhor caso partíssemos todos do pressuposto que essas realidades não existem, ou não são úteis, só porque a Ciência não é a melhor linguagem para as descrever? Duvido.
Não chega dizer que em nome da religião se fizeram (ou se fazem) coisas terríveis. Dizer mal da religião é facílimo (se as nossas fontes forem o jornal nacional da TVI), mas isso é uma enorme simplificação do que é ser-se religioso.
Eu também posso fazer uma lista gigantesca sobre: tsunamis, afogamentos, naufrágios, desastres ecológicos, cheias, secas, tempestades, chuvas ácidas, epidemias devidas a águas contaminadas, dizer que a maior parte da água que existe não é potável e que a maior parte da que o é não está facilmente acessível já que se encontra sob a forma de gelo, etc…. Nada disto prova que água faz mais mal do que bem à humanidade.
Com o ateísmo militante acontece algo de semelhante, assume-se que basta dizer mal das religiões para se poder concluir que são algo que se deve combater.
Duvido sinceramente que o bem que resulta (e deve resultar) das religiões (principalmente de algumas delas) não exceda o mal que pode (e não deveria) surgir das religiões. E já agora, duvido ainda mais que alguém consiga fazer um honesto balanço de todos os males e bens que já resultaram de todas as religiões sem dar em louco primeiro.
Relativamente ao ponto 3 pensemos num caso análogo (para não sairmos dos líquidos): o da proibição das bebidas alcoólicas. Para surpresa de muitos, hoje em dia, até sabemos que o consumo do bebidas alcoólicas também produz alguns benefícios na nossa saúde mas o que é claro para todos é que o álcool produz mais efeitos negativos que positivos. Agora, porque não proibimos o álcool já que ele faz mais mal que bem?
Uma explicação simples (que está por detrás de muitas das leis actuais) é que o mal que resultaria de o proibir seria ainda maior que o que é provocado pelo seu consumo livre. Basta recordar a lei seca na América do século passado.
Torna-se então evidente que ao advogarmos o fim da religião como um bem a priori devemos contabilizar o mal que resultaria da implementação desse bem. Mais uma vez nunca vi nenhum estudo que se debruçasse seriamente sobre este assunto.
Se não estivermos certos do ponto 3 como podemos propor o fim da Fé?
O ponto 3 e o ponto 4 podem parecer o mesmo mas no quarto refiro-me a uma realidade alternativa onde a Ciência ocuparia o lugar da Religião. Desta forma, penso que estamos longe de aceitar a Ciência como única forma de lidar com o mundo. O senso comum poderá ser, neste caso, um bom conselheiro. Não passa pela cabeça de ninguém dizer que viveríamos melhor se a Arte (ou a Politica, ou o Direito, ou até a Filosofia, etc) fosse substituída pela experimentação e deduções lógicas da Ciência pura. Seria ridículo dizer que viveríamos melhor, seria sem dúvida diferente, mas não estou nada convencido que seria melhor, viveríamos bem pior até. Ora, se este exemplo é válido para todas as áreas onde a Ciência pouco pode ajudar, porque insistem alguns ateus em tentar apresentar como desejável um mundo alternativo onde a Ciência ocuparia o lugar da Religião? Utilizamos instintivamente estes critérios todos os dias para quase tudo mas quando nos deparamos com assuntos que nos revoltam, parece que já não são válidos.
Talvez este seja o obstáculo mais prático de todos. Mesmo que os quatro anteriores sejam verdade pode ser que seja impraticável (mesmo a longo prazo) a erradicação total de qualquer pensamento religioso da face da Terra. Talvez os (ou alguns) Seres Humanos necessitem de algo irracional e inexplicável como a Fé para viver. Talvez a crença irracional em algo que nos transcenda seja tão vital para alguns seres humanos como o oxigénio e, assim sendo, que direito temos de impor a nossa verdade ao mundo. Mesmo que se prove que a Religião é actualmente um mal a combater, ela poderá ter desempenhado um papel indispensável como paradigma moral básico em determinadas circunstâncias Históricas. Talvez.
Agora, no que diz respeito a um mundo sem Religião não vejo (da parte de quem deseja fervorosamente viver num mundo ateu) provas nenhumas de nada disto, vejo apenas meros palpites baseados em: suposições, especulações, convicção pessoal, desejos impulsivos, experiências individuais... Bom, resumindo: pura fé...
…e é aí que os meus caros amigos ateus militantes não estão em muito melhor posição que os fundamentalistas religiosos ao afirmarem (sem o demonstrar) que um mundo como eles o imaginam seria muito melhor para todos, só revelam menos coragem ao ponto de não se fazerem explodir pelo que acreditam.
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
A sério. O judeu, o ateu e o islâmico.
Caso tenham vontade de assistir a uma conversa entre um judeu, um muçulmano e um ateu sobre o papel da religião no mundo, não percam.
Dura 90 minutos mas vale bem mais a pena que um jogo de Futebol...
(Julgo nunca ter discordado tanto de um ateu e concordado tanto com um muçulmano como neste vídeo.)
sábado, 17 de fevereiro de 2007
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
Um golo numa partida de xadrez. (1)
O que não é tão evidente é a influência que cada uma tem na outra. O mundo encontra-se cheio. A sociedade exige-o, já não conseguimos viver no silêncio, o vazio assusta-nos, não o suportamos, incomoda, tem de ser preenchido.
Se não acontece nada nada somos.
Se não fazemos nada nada temos.
Nada nos move mais que o vácuo.
No entanto poucos são aqueles que na sua sede de conhecer distinguem o "Quê" do "Como".
A nós, cabe-nos apenas escolher de que forma queremos preencher esse caos: que Cosmos queremos construir, dentro de nós.
Atenção que o método que escolhemos não é independente do resultado. Neste caso ele molda inevitavelmente a forma do universo que criamos, é um filtro ou um molde, bem mais que um veículo de transporte de informação. Optar entre um ou outro filtro é cunhar o tipo de informação que estamos dispostos a aceitar.
O método que usamos para conhecer a realidade nunca foi inocente. O problema da nossa constante incompreensão deste facto reside apenas na pressa com que somos obrigados a encher-nos do que nos rodeia. "Não há tempo, estou atrasado..." curiosamente o coelho da Alice espelho-o bem. Existir sempre implicou tempo, mas o coelho só existe se não tiver tempo para nada e é essa mesma ausência de tempo que o torna real: só somos se não tivermos tempo.
Leonardo dizia: " A pressa, mãe da ignorância, admira a brevidade." Vivemos num mundo de pressas, brevidades, instantâneos e de ignorâncias, sem que umas sejam obrigatoriamente as causas e as outras as suas consequências nítidas.
É notório que num mundo cada vez mais globalizado e menos global, cada vez com mais informação e menos saber e cada vez mais instantâneo e menos imediato, a sociedade procure encontrar segurança nas mais duvidosas fontes. Independentemente de se virem a revelar falsas, como diz Richard Dawkins:
«A fé é a grande escapatória, a grande desculpa para se fugir à necessidade de pensar e avaliar as evidências. A fé é acreditar "apesar de", e até talvez precisamente "por causa", da falta de provas».
As provas não são válidas no domínio da Fé (por isso é que é Fé!).
É como querer fazer xeque-mate num jogo de futebol.
As regras são outras, não é válido.
Acreditar através da Fé é algo interior, algo inexplicável, como diz Dawkins: «(...)"apesar de", e até talvez precisamente "por causa", da falta de provas».
Querer fazer o inverso também é ridículo: acreditar numa ciência através de um passo de Fé é querer marcar um golo numa partida de xadrez, é ridículo.
cont...
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
Sic transit gloria mundi
“…nada impede e tudo aconselha que a lei venha a prever uma consulta prévia e um período de dilação da execução do aborto.”
Vital Moreira (Público 23 de Janeiro de 2007)
Um dia depois:
«Alberto Martins e Sócrates responsáveis por nova lei
Modelo alemão com aconselhamento inspira PS
O projecto do PS para a lei do aborto, que deverá começar a ser trabalhada esta semana no Parlamento, é inspirado no modelo alemão para a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG).
O modelo em causa obriga a que a mulher comprove que foi a uma consulta de aconselhamento, em centros oficiais criados par ao efeito, destinada a prestar esclarecimentos médicos e sociais sobre os apoios para ter um filho e sobre os riscos de fazer um aborto.»
(TSF 12 de Fevereiro de 2007)
Dois dias depois:
«O líder parlamentar socialista, Alberto Martins, afirmou hoje que não haverá aconselhamento obrigatório na lei para as mulheres que queiram abortar até às dez semanas, porque isso seria uma imposição “à revelia” do resultado do referendo.
“Não haverá naturalmente aconselhamentos obrigatórios, à revelia do que foi o mandato popular”, frisou o líder parlamentar socialista.»
(Público.pt 13 de Fevereiro de 2007)
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
Conversas com LGR e PG...
Post:
Independentemente dos critérios que levarão os portugueses a votar «SIM» ou «NÃO» no próximo referendo sobre a despenalização do aborto, e (longe vá o agoiro) se o «NÃO» ganhar?
O que mudará neste caso em Portugal?
A resposta é por demais simples, e tão óbvia que até chateia: nada vai mudar; tudo ficará na mesma como agora.
Quer então isto dizer que depois do referendo vai deixar de haver mulheres a abortar em Portugal?
Claro que não!
Como é por demais óbvio, nem uma só mulher em Portugal que pretenda abortar (e independentemente dos motivos que a tiverem levado a tomar essa decisão) e tenha decidido nesse sentido, vai deixar de o fazer em função do resultado de um referendo.
O número de abortos que se vão realizar em Portugal será precisamente o mesmo.
Então, e se o «NÃO» ganhar, a prática do aborto que não se insira na lei já actualmente em vigor (violação, malformação do feto ou perigo para a saúde da mãe) continuará a ser criminalizada e penalizada.
Mas, apesar disso continuará a haver abortos em Portugal, já que a penalização, como é sabido, nunca constituiu o menor motivo de dissuasão para as mulheres que pretendam abortar.
É por isso que as mulheres que tenham decidido abortar se dividirão em dois grupos: as que têm dinheiro e as que não têm.
As que têm dinheiro irão fazê-lo em clinicas inglesas, ou até aqui bem pertinho, em Badajoz. E o número de abortos, quanto a estas, será precisamente o mesmo.
Aliás, se eu fosse um dono sem escrúpulos de uma clínica de Badajoz o que eu faria melhor era financiar o mais possível a campanha do «NÃO». Mas isso é outra conversa.
As mulheres que não têm dinheiro e que tenham decidido abortar recorrerão a uma clínica clandestina, a um qualquer «vão de escada», ou até a uma «parteira» amiga, que tem muita experiência em meter agulhas de tricot por mulheres adentro, e até lhes faz um desconto.
Então, por sua vez, as mulheres sem dinheiro que tenham decido abortar clandestinamente dividir-se-ão em dois grupos: aquelas a quem a coisa corre bem, e aquelas a quem a coisa corre mal.
Aquelas a quem a coisa correr bem, pode ser que se safem e que não sejam descobertas pelas autoridades policiais.
Aquelas a quem a coisa correr mal, vão de urgência para o Hospital.
Mas são estas que se safam precisamente aquelas que vão ter um processo crime às costas, porque o médico que as safou é obrigado a participar a ocorrência à Polícia.
Quer então isto dizer que se o «NÃO» ganhar no referendo as mulheres que abortem e as pessoas que as auxiliem continuarão a ser perseguidas criminalmente.
Serão julgadas e, provado o crime, serão condenadas na pena correspondente, já que o aborto é punido com pena de prisão até três anos.
Mas atenção: só as mulheres que não têm dinheiro.
Porque as que têm dinheiro não terão praticado qualquer crime, porque terão abortado num país estrangeiro onde, porque essa conduta não é punível, ela não deixará qualquer rasto.
Serão então julgadas somente as mulheres mais pobres e com menos recursos que tenham abortado num «vão de escada» e, mesmo dentre estas, provavelmente só aquelas a quem «a coisa correu mal» e que por isso tenham sido «apanhadas».
Essas serão sentadas no correspondente «banco dos réus».
Serão fotografadas por jornalistas à entrada e à saída do tribunal, serão humilhadas perante toda a gente e obrigadas a contar e a explicar, para quem quiser ouvir, os motivos mais íntimos e pessoais que as terão levado a uma decisão tão trágica como é a de abortar.
Provado o crime, serão então condenadas na pena correspondente, já que o aborto é punido com pena de prisão até três anos.
Em suma, se o «NÃO» ganhar, tudo ficará na mesma em Portugal.
Porque foi nesse sentido que as pessoas que terão votado «NÃO» no referendo terão decidido.
E terá sido nesse mesmo sentido, aliás, que terão decidido as pessoas que optem por abster-se no referendo.
Todas elas terão decidido por si próprias e, obviamente, e porque se acham nesse pleno direito, terão decidido também pelas outras pessoas.
Se o «NÃO» ganhar, presumo que essas pessoas fiquem satisfeitas.
Afinal, e pelos vistos, pensam que como está é que tudo está bem....
Comentários:
Por outro lado se o «Sim» ganhar tudo, repito, TUDO o que disseste será verdade mas depois das dez semanas.
Porque depois já não faz mal nenhum, pois não?
"Afinal, e pelos vistos (depois das dez semanas), pensam que como está é que tudo está bem...."
Rui Castanhinha
Pois é, Rui: deixaste de fazer sentido.
E o pior é que não te apercebes disso.
Mas sei que és um bom e fervoroso católico.
E que, como tal, tomas a vida como um bem absoluto. Sem excepções!
És, portanto, contra o aborto em todas e quaisquer circuntâncias. Sem excepções.
És contra os comprimidos abortivos, mesmo antes da nidação do ovo.
És contra o aborto mesmo em caso de violação da mulher, de malformação do feto ou de perigo para a mãe.
Porque mesmo em todos esses casos existe vida.
E a vida é um bem absoluto.
E como bom católico, és também contra a mastrubação.
Porque os espermatozóides também são vida.
E a vida é um bem absoluto.
E és contra a pílula anticoncepcional.
E contra o preservativo.
Afinal, és um bom católico, é isso que a Igreja Católica defende.
E a vida é um bem absoluto.
És também a favor da pena de morte.
Porque como és um bom católico, aceitas a pena de morte, porque o Catecismo da Igreja Católica também o admite.
E aqui a vida é um valor relativo.
Mas só aqui, não é.
Porque só aqui é que a Igreja Católica assim o determinou.
E assim tu o aceitas.
Porque és um bom católico.
E como és um bom católico, queres determinar a tua vida de acordo com os cânones da Igreja Católica.
E como és um bom católico, queres também determinar a vida das OUTRAS pessoas, de acordo com os cânones da Igreja Católica.
Porque são esses que são bons.
Para ti, e para os outros.
Afinal foi a Igreja Católica que assim o disse.
E tu és um bom católico.
E se és um bom católico, para ti a vida é um valor absoluto.
E como é absoluto, aplica-se a TODOS os casos.
Bem, a não ser na pena de morte.
Mas essa não conta.
Afinal, vem no Catecismo da Igreja Católica.
E os bons católicos sabem que o Catecismo da Igreja Católica é que é, afinal, o valor absoluto.
Para os católicos e para os que não são católicos, claro está.
Parabens, Rui: és um bom católico!
Eu devia aprender a estar calado...
..mas eu gosto de ti e acho-te piada, pronto, tu és uma boa pessoa.
Só tenho pena que neste caso estejas errado (para dizer a verdade não é só sobre o aborto, mas enfim aqui é evidente).
Caro Luís:
Antes de começares a procurar incoerências e falsidades nos outros responde sinceramente à única pergunta que te fiz e que, pelos vistos, te irritou tanto:
Caso vença o Sim, o que deve dizer um médico a uma mulher desesperada que está grávida de 11 semanas?
«A senhora desculpe lá mas agora tem de se aguentar à bronca! Viesse umas semanas mais cedo! Agora é crime!»
Como ateu, ser racional e lógico diz-me se isto faz sentido...
Foi só isto que perguntei.
Até posso responder uma a uma, todas a acusações que me fizeste mas isso seria fugir ao que te perguntei e não me respondeste.
Rui Castanhinha
Rui:
A resposta à tua pergunta está na pergunta que vai ser referendada.
É tão óbvio, que até chateia!
LGR
...............................
Boas!!
Eu devo dizer que sou um dos indecisos, mas que nesta altura estou assim 55% não, 45% sim...
Concordo... se o não ganhar, os números estatísticos de abortos clandestinos ou de abortos "estrangeirados" vão se manter. Mas será que, se o sim ganhar, irão o número de abortos efectivos aumentar?? Primeiro, deixam de se fazer abortos clandestinos, e segundo deixam as mulheres de ter de ir a badajós abortar... segundo, criam-se até condições que podem até facilitar a decisão de uma mulher abortar. Se calhar actualmente, uma mulher com poucos recursos, sabe o risco que corre ao tomar uma decisão de abortar clandestinamente, e muitas são as que, por receio, não o fazem... será que com o aborto despenalizado, não irão essas mulheres ter menos "argumentos" contra o aborto que pretendem fazer??
Porque, há uma coisa que eu defendo, e que julgo todos (ou quase todos) os defensores do sim, tambem devem defender: que é o ser contra o Aborto. Será que uma despenalização, não irá permitir a mais mulheres poderem abortar??
Pedro Garcia
Caro Pedro Garcia:
A resposta à sua pergunta é evidente...
...basta ver o que aconteceu nos outros países:
Suécia (1960-2004)......aumentou 1134%
Reino Unido (1968-2002)..aumentou 733%
Espanha (1987-2003).....aumentou 376%
Grécia (1989-2001) ......aumentou 201%
(dados do EUROSTAT)
Rui Castanhinha
Caro Pedro Garcia:
Não dê muita importância ao Rui.
Ele é daqueles que acha que como está é que tudo está bem.
Dotado de uma misoginia conatural à sua condição de católico, repugna-lhe que a uma mulher possa ser dada capacidade de escolha.
Prefere antes ser ele a escolher por elas...
Ao mesmo tempo, como católico, tem uma peculiar forma de avaliar os valores e tem critérios éticos muito próprios.
Por exemplo, diz que a vida humana é um valor absoluto.
Mas isso não é para levar a sério.
O que é para levar a sério e aquilo que ele pensa mesmo é que o que é um valor absoluto é o «Catecismo da Igreja Católica».
Por exemplo, ele, como católico, enquanto é contra o aborto porque se acha a «favor da vida», já acha perfeitamente natural ser a favor da pena de morte, pois o Catecismo é isso que admite também.
Ao mesmo tempo tem uma outra curiosa forma de ver as coisas.
Por exemplo, pergunte-lhe se um dia ele se casar e a mulher dele (longe vá o agoiro) tiver uma gravidez ectópica e der entrada nas urgências de um hospital em risco de vida, permitirá que abortem o feto.
Vai ver que diz que prefere que morram os dois, a mulher e o feto, pois é CONTRA o aborto.
Porque a vida é um valor absoluto.
A não ser no caso da pena de morte.
Mas isso, como já vimos, é só porque o Catecismo da Igreja Católica vale mais que os valores absolutos...
Mas, apesar de tudo, ele é bom rapaz!
As missas é que o têm estragado um pouco...
LGR
Luís:
Só tenho pena que sempre que alguém discorda de ti tu aches que não deves responder aos seus argumentos com argumentos lógicos o é estranho para um advogado (ou talvez não).
achas que a melhor forma de responderes é criticar um bocadinho ao lado, é a mentalidade do como-não-consigo-rebater-arranjo-outro-suposto-problema-e-pode-ser-que-ele-se-cale.
É pena, mas um dia como pessoa lógica que normalmente és verás a Luz...
Um abraço,
Rui Castanhinha
Caro Rui:
Faz como aconselhas: rebate.
Ou pensas que isso de acusares os outros de falta de argumentos te serve de argumento?...
LGR
Luís:
Ainda bem que mostraste que tinha razão...
até parece que estavas a falar de ti:
«Ou pensas que isso de acusares os outros de falta de argumentos te serve de argumento?...»
um abraço, toma juízo...
Rui Castanhinha
Acho que há uma questão que entra em jogo nesta coisa do "SIM" e do "NÃO". Liberalizar totalmente uma acção deixada ao livre arbítrio da mulher;
Parece-me aqui uma coisa: um feto, tenha ele 1 semana, 2 semanas 3 meses, 9 meses, é uma vida humana, num estado "parasital" (perdoem-me o termo forte e bruto) em que a sua mãe o concebe dentro de si, partilhando parte do seu corpo, do seu ar, do seu alimento, das suas celulas, etc, etc, etc...
Deve ser da escolha da mulher saber se quer conceber um filho ou não, mas tambem deve a sociedade, enquanto sociedade, mobilizar-se para proteger todos os indivíduos que dela façam parte. Aquilo que a sociedade deve fazer, em primeira instancia, é ajudar a educar a mulher, com valores morais, que possam ajudá-la a evitar situações em que tenha de tomar essa decisão. Depois, se for decisão da mulher assumida e pensada, deve a sociedade garantir que essa mulher será apoiada nessa decisão. Porque, efectivamente, essa e todas as mulheres é que estão sob alçada da sociedade, não ainda o ser que habita dentro dela (esta é a minha opinião).
Acho que a liberalização é um passo "fácil" que nos faz abrir os olhos para um problema de responsabilização, não pelos abortos, mas pelo bem estar das mulheres que o praticam. E julgo que, nesta altura, é o passo a dar... no entanto, não pode (nem deve) a sociedade ficar por aqui, e deve educar os seus membros de que o aborto é uma prática que deve ser evitada. Não podemos permitir a criação de clínicas cuja principal fonte de rendimentos sejam os "abortos"... não devemos permitir que o aborto seja mais uma opção para uma mulher jovem e vivaça... o aborto deve ser a última opção pensada e julgada, e antes de pensar "se engravidar, ainda tenho hipótese de resolver o problema com um aborto", temos de continuar a educar nas nossas jovens assumam as responsabilidades e consequencias dos actos. E esta deve ser o próximo passo concreto a dar pela sociedade.
Voto pelo SIM, e voto tambem para que a sociedade evolua, não no sentido de negar a preciosidade de um feto de 10 semanas, mas para que lhe de ainda mais valor!! Quero votar SIM, lamentando e chorando a decisão das mulheres que optem por fazer, mas afirmando que as devemos apoiar na (má) decisão que tomem, procurando educar toda a gente, que um aborto não é uma solução fácil para um problema difícil... tem o aborto de continuar a ser uma decisão difícil e penosa para quem a toma, e compete a nós todos ajudar a manter esse tom.
Abraços!!
Pedro Garcia
Caro Pedro Garcia:
É pena de facto que vá votar para que tudo aquilo que disse que era contra se venha a verificar, eu explico:
Disse «um feto, tenha ele 1 semana, 2 semanas 3 meses, 9 meses, é uma vida humana, num estado "parasital" (...) em que a sua mãe o concebe dentro de si, partilhando parte do seu corpo, do seu ar, do seu alimento, das suas celulas...»
Repare que um recém-nascido também é uma vida humana num estado "parasital" da sua mãe, ou da sua familia ou em última instância da sociedade como um todo. E não é por isso que deve caber à mãe (ou à familia, ou à sociedade) o direito de vida ou morte desse ser humano inocente.
Desde quando é que o direito à vida varia consoante a maior ou menor dependência de terceiros? Terá menor direito à vida um idoso demente do que um jovem saudável só porque o primeiro se encontra totalmente dependente do segundo para comer, beber, dormir, ir à casa-de-banho, até respirar (caso necessite de oxigénio)? Terá mais direito à vida um feto com 12 semanas (ou 16, ou 24, ou 9 meses) do que um com 10 semanas? Não estão os primeiros igualmente dependentes e num "estado parasital" igualzinho ao feto de 10 semanas (como você próprio admitiu)?
Então porque protegemos uns e apoiamos a morte de outros com os nossos impostos e sem nos preocuparmos com alternativas?
Acho que é claro que o direito à vida depende exclusivamente da existência de uma vida e não do grau de autonomia que essa vida possui.
Se você é o primeiro a admitir que:«... um feto, tenha ele 1 semana, 2 semanas 3 meses, 9 meses, é uma vida humana(...)» então porque não concorda que ao destruir essa vida humana se está perante um delito? Só porque a vida é frágil? porque é dependente?
Repare que até existe uma diferença entre a vida de 10 semanas e a outra que apresentei: é que esta vida deixará em breve de ser dependente, irá ser autónoma muito em breve (ou seja a sua dependência é transitória e decrescente), enquanto que a do idosos só tende a piorar (tenderá a estar cada vez mais num estado "parasital", ou seja, é crescentemente dependente).
Porque damos o direito sobre a vida do feto (cada dia mas autónomo) e não sobre o avozinho doente (cada dia mais dependente)?
Isto só acontece porque nos reconhecemos muito mais numa vida de um idoso do que na de um feto, é o argumento da invisibilidade do feto: como não o vemos como um igual podemos matá-lo.
Foi precisamente este tipo de argumentos que permitiu as maiores atrocidades ao longo dos tempos:
como não são como nós (cristãos) podemos matá-los (muçulmanos)
como não são iguais a nós (brancos) podemos matá-los (pretos)
como não são iguais a nós (arianos) podemos matá-los (judeus)
como não são iguais a nós (homens) podemos espancá-las (mulheres)
E todos estes raciocínios horrorosos foram a prática corrente em diferentes sociedades (algumas delas continuam infelizmente) e foram aceites por pessoas de bem.
Não se engane, não foram só psicopatas que mataram judeus, escravizaram populações, bateram nas mulheres, ou queimaram ínfieis. Muitas dessas pessoas (eu diria a maioria delas) foram pessoas que estavam profundamente convencidas que estavam a fazer um bem, só que acontecia por que estavam ENGANADAS.
Tudo isto mudou quando reconhecemos no outro um igual, alguém que partilha connosco algo fundamental: ser-se Humano!
É este o pondo fundamental que estaremos a votar dia 11.
Reconhecemos ou não que os mais fracos de entre nós, os seres humanos com 10 semanas de gestação, devem ou não ter protecção legal.
Será uma votação entre visões diferentes do Mundo, podemos não estar conscientes disso mas o resultado (espero) enviará uma mensagem a todos, que o caminho não é retirar direitos ao feto, mas sim protegê-lo e apoiar a sua mãe para que o possa ter em condições dignas.
Será um "pequeno passo" na nossa democracia mas um "enorme salto" civilizacional para o nosso país: fomos os primeiros a abolir a pena de morte para os culpados, não nos tornemos nos últimos a permiti-la para os inocentes!
Rui Castanhinha
Caro Rui:
Continuas com uns critérios éticos engraçados.
Por isso, é já agora, faço-te copy/paste de um comentário que fiz mesmo lá em cima, e a que curiosamente não respondeste...
Cá vai:
Pois é, Rui: deixaste de fazer sentido.E o pior é que não te apercebes disso.
Mas sei que és um bom e fervoroso católico.
E que, como tal, tomas a vida como um bem absoluto.
Sem excepções!
És, portanto, contra o aborto em todas e quaisquer circuntâncias. Sem excepções.
És contra os comprimidos abortivos, mesmo antes da nidação do ovo.
És contra o aborto mesmo em caso de violação da mulher, de malformação do feto ou de perigo para a mãe.
Porque mesmo em todos esses casos existe vida.
E a vida é um bem absoluto!
E como bom católico, és também contra a mastrubação.
Porque os espermatozóides também são vida.
E a vida é um bem absoluto!
E és contra a pílula anticoncepcional. E contra o preservativo.
Afinal, és um bom católico, é isso que a Igreja Católica defende.
E a vida é um bem absoluto!
És também a favor da pena de morte.
Porque como és um bom católico, aceitas a pena de morte, porque o Catecismo da Igreja Católica também o admite.
E aqui a vida é um valor relativo.
Mas só aqui, não é?
Porque só aqui é que a Igreja Católica assim o determinou.
E assim tu o aceitas.
Porque és um bom católico.
E como és um bom católico, queres determinar a tua vida de acordo com os cânones da Igreja Católica.
E como és um bom católico, queres também determinar a vida das OUTRAS pessoas, de acordo com os cânones da Igreja Católica.
Porque são esses que são bons.
Para ti, e para os outros.
Afinal foi a Igreja Católica que assim o disse.
E tu és um bom católico.
E se és um bom católico, para ti a vida é um valor absoluto.
E como é absoluto, aplica-se a TODOS os casos.
Bem, a não ser na pena de morte.
Mas essa não conta.
Afinal, vem no Catecismo da Igreja Católica.
E os bons católicos sabem que o Catecismo da Igreja Católica é que é, afinal... o valor absoluto.
Para os católicos e para os que não são católicos, claro está.
Parabens, Rui: és um bom católico!
LGR
Queres mesmo que te responda a essas barbaridades todas...?
Eu faço-te a vontade, pronto, como prometido é devido:
«Mas sei que és um bom e fervoroso católico.
E que, como tal, tomas a vida como um bem absoluto.
Sem excepções!»
Sim, tens razão (nem sequer é preciso ser católico para defender isto, como é o teu caso).
«És, portanto, contra o aborto em todas e quaisquer circunstâncias. Sem excepções.»
Não.
Existe uma excepção em que caberá á mãe decidir (e tem toda a gravidez para o fazer, não só até às dez semanas!!!!), é o caso de perigo de vida da mulher grávida.
Aqui estão duas vidas em perigo e se, só podemos salvar uma delas, então que decida a única que o pode fazer.
Mas isto já está na lei e nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«És contra os comprimidos abortivos, mesmo antes da nidação do ovo.»
Depende, porque a maioria das pilula-do-dia-seguinte não provocam a morte de um embrião.
Eu explico:
A maioria das relações sexuais (mesmo sem qualquer tipo de contracepção), não originam uma gravidez, isto é, a probabilidade de isso acontecer depende de:
1º O sémen introduzido no corpo da mulher tem de ser suficiente e em qualidade e quantidade para poder fecundar o óvulo que se encontra numa das trompas de Falópio;
2º A mulher tem de estar em período fértil e isso só ocorre durante 3-4 dias num mês (no resto dos dias não existe óvulo disponível para ser fecundado);
3º Mesmo que ocorra uma fecundação, existe uma enorme quantidade de embriões que (por razões naturais, independentemente de se tomar a pílula-do-dia-seguinte) nunca chegam a nidar na parede do útero e acabam por ser expelidos na próxima menstruação.
Assim a probabilidade de, ao se tomar a pílula do dia seguinte, a mulher provocar um aborto é muito (mesmo muito) menor do que habitualmente se pensa.
Mas essa possibilidade existe, não o escondo.
E só nos casos em que ela actua é que podemos considerar que evitou uma gravidez (destruindo um embrião é certo).
E sempre que isto acontece, só posso ser contra, mas como quem toma pílula do dia seguinte não sabe se está a matar um ser humano, tem mais atenuantes que alguém que o faz sabendo que ele já existe (por exemplo às 5,6,7,8,9,10 semanas !!).
Eu só posso ser favorável ao actual regime de distribuição da pílula-do-dia-seguinte se com isso se evitar a morte de outros seres humanos e se a mulheres que recorrem a essa contracepção de emergência não a utilizarem como contracepção de recorrência (que é o que acontece cada vez mais). Aliás foi este o argumento que os defensores da livre distribuição sempre defenderam (como as mulheres iriam ser responsáveis e saberiam ser moderadas no uso dessa pílula). Vê-se que tem sido verdade, não é?
Mas isto tudo já existe e nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«És contra o aborto mesmo em caso de violação da mulher, de malformação do feto ou de perigo para a mãe.
Porque mesmo em todos esses casos existe vida.
E a vida é um bem absoluto!»
Acho que já respondi a isto.
E isso já está na lei e nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«E como bom católico, és também contra a mastrubação.
Porque os espermatozóides também são vida.
E a vida é um bem absoluto!»
Vou fazer um esforço para não te responder no mesmo tom ridículo.
É claro que quando se fala em "vida" na questão do aborto estamos sempre a referir-nos à Vida de um Ser Humano, não à vida de parte de um ser humano!
Os espermatozóides são células que pertencem ao corpo do pai e os óvulos são células que pertencem ao corpo da mãe e que, em condições naturais têm como destino natural a sua destruição (a maioria dos espermatozóides formados pelo homem ao longo da sua vida são reabsorvidos ainda interior dos testículos).
Se entregares um espermatozóide do pai e um óvulo da mãe a um biólogo molecular ele dir-te-á que aquele espermatozóide provém do corpo do "João" e não de outro, e que o óvulo provém da "Maria" e não de outra mulher.
Agora, nada disto é verdade se lhe apresentares um zigoto humano ( = óvulo fecundado), aqui ele diz-te que essa célula é totalmente diferente da do João e da Maria, ele dirá que provem de um ser humano que não consta na sua base de dados (não consta porque só surgiu naquele momento único).
Ou seja é um outro ser humano, um novo Ser Humano.
Por isso é óbvia a diferença entre destruir óvulos + espermatozóides e destruir embriões humanos, neste caso o todo é diferente da soma das partes.
Assim como cada célula individual do teu corpo não possui direito à vida, mas o TODO das células do teu corpo têm. Não é isto óbvio?
É esta a diferença que eu suspeito que tu já soubesses, não é Luis?
E isto nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«E és contra a pílula anticoncepcional. E contra o preservativo.
Afinal, és um bom católico, é isso que a Igreja Católica defende.
E a vida é um bem absoluto!»
Ser católico não quer dizer que não se lute dentro da Igreja para a mudar e melhorar, tu sabes disso.
Em algumas situações sou a favor noutras sou contra, nestas questões nem se põem o direito à vida dos espermatozóides ou dos óvulos, como já vimos, não é Luís?
São outras questões ao lado e isto nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«És também a favor da pena de morte.
Porque como és um bom católico, aceitas a pena de morte, porque o Catecismo da Igreja Católica também o admite.
E aqui a vida é um valor relativo.
Mas só aqui, não é?
Porque só aqui é que a Igreja Católica assim o determinou.
E assim tu o aceitas.
Porque és um bom católico.»
E tu como bom ateu devias ser mais humilde e aceitar quando alguém te mostra através de factos que (como foi o caso do PKS) o que acabas de escrever não corresponde à verdade.
Mas isto nem sequer vai a referendo, não é Luis?
«E como és um bom católico, queres determinar a tua vida de acordo com os cânones da Igreja Católica.»
Sim.
Mas não é isto vai a referendo, não é Luis?
«E como és um bom católico, queres também determinar a vida das OUTRAS pessoas, de acordo com os cânones da Igreja Católica.»
Não.
Lutarei sempre por uma sociedade onde todos tenham direito a pensar e agir de formas diversas da minha, mesmo que não concordem comigo, principalmente pelo direito a discordar de mim (acho que aqui estamos de acordo).
Agora o que não me peçam é que permita que o Estado se descarte das suas responsabilidades e permita que (sobre o pretexto de estar a dar maior liberdade) os mais fortes imponham sobre os mais fracos o seu livre arbítrio.
«Porque são esses que são bons.
Para ti, e para os outros.
Afinal foi a Igreja Católica que assim o disse.
E tu és um bom católico.»
Sim, o que não implica que queira impor nada a ninguém, nem admito que alguém imponha a sua concepção individual de quando começa a vida a todo um país (principalmente quando todas a evidências apontam para que a vida começa muito antes das 10 semanas)!
«E se és um bom católico, para ti a vida é um valor absoluto.
E como é absoluto, aplica-se a TODOS os casos.
Bem, a não ser na pena de morte.
Mas essa não conta.
Afinal, vem no Catecismo da Igreja Católica.
E os bons católicos sabem que o Catecismo da Igreja Católica é que é, afinal... o valor absoluto.
Para os católicos e para os que não são católicos, claro está.
Parabens, Rui: és um bom católico!»
Muito provavelmente nem sequer sou um bom católico, mas procuro estar bem informado e ser honesto no que defendo.
Penso que um bom ateu como tu concordará comigo.
Em resumo defendo que:
Primeira premissa: É um crime matar um ser humano inocente.
Segunda premissa: Um feto humano é um ser humano inocente.
Conclusão: Logo, é um crime matar um feto humano.
Perante este raciocínio só podes discordar da conclusão se provares que alguma das premissas está errada.
Prova-o, converterás todos o apoiantes do Não, caso contrário põem em causa a lógica da tua posição.
Pois é, Rui:
Só te falta perceberes uma coisa:
- Um valor que não é absoluto, é um valor relativo.
E uma vez que admites que a vida é um valor relativo, a menos tem a honestidade intelectual de admitires que és contra o aborto não porque defendes a «vida», mas por qualquer outro motivo.
Porque a «vida», já vimos que só defendes... às vezes...
Admite que vais votar «não», porque queres impor os teus critérios éticos às outras pessoas.
Queres, isso sim, impor-lhes as tuas escolhas.
Porque se o «sim» ganhar, abre-se a possibilidade de uma mulher que queria abortar o poder fazer, e se outra mulher, pelos seus valores, não quiser abortar, não é, obviamente, obrigada a fazê-lo.
Ganhando o «não», são impostos a ambas as mulheres os valores, as escolhas e as opções de quem acha que não se deve abortar.
E um critério ético de um grupo, acaba a ser imposto a outro grupo.
Isto, caro Rui, não é correcto!!!
*
Só mais uma coisa, porque tenho (como sabes) muita consideração e amizade por ti:
Por favor lê a minha última resposta e diz-me que não és da mesma opinião que o PKS...
LGR
……………………………………
Só posso sentir pena...
Não percebeste nada do que disse, não respondes ao que te perguntei e foges constantemente sempre que vês que não tens razão.
É pena que assim seja.
Afinal nem só de lógica vive um ateu!
Um abraço,
Rui Castanhinha
…………………………………
Caro Rui:
Ainda bem que não disseste.
Ufff!!!
LGR
domingo, 4 de fevereiro de 2007
Ser pelo Sim.
Ser pelo Sim é ser contra a humilhação das mulheres nos tribunais mas armar um circo mediático tão grande à volta dos poucos julgamentos que tiveram lugar, de forma a que toda a gente ficasse a conhecer os nomes e as caras das mulheres que só querem permanecer incógnitas e ao mesmo tempo dizer que como os julgamentos são uma vergonha, temos que mudar a lei, porque toda a gente viu o circo que armámos em frente aos tribunais para atrair atenções precisamente para aquilo a que nenhuma mulher que aborta quer que se saiba mas é preciso que se saiba porque senão não há razão para mudar a lei.
Ser pelo Sim é querer uma outra lei que não condene as mulheres porque são todas umas coitadinhas mas que as condene depois das dez semanas porque aí já são umas debochadas, e isso é inadmissível!
Ser pelo Sim é ser pela tolerância antes das dez semanas mas nunca depois porque aí já não se admite ser-se tolerante!
Ser pelo Sim é confiar na decisão íntima de cada mãe quando escolhe não ter aquele filho porque as mulheres não abortam por capricho, mas defender que depois das dez semanas ninguém deve confiar nas mulheres porque aí sim (quando a barriga aumenta) é que elas abortam por capricho, e isso é inadmissível!
Ser pelo Sim é querer acabar com uma lei que julgue uma dúzia de mulheres por década porque isso é inadmissível e dizer que essa lei não é aplicada e que é hipócrita porque não prende as mulheres que ninguém quer prender. É isto tudo e defender uma formidável alteração, para acabar com a hipocrisia de existir uma norma que não é cumprida, e simultaneamente propor uma outra que julgue e condene centenas de mulheres anualmente depois das dez semanas mesmo sendo essa a razão para acabar com as penas antes dessa data.
Ser pelo sim é querer acabar com todas as clínicas clandestinas porque são uma mina de ouro para pessoas horrorosas e sem escrúpulos mas defender que essas mesmas pessoas serão as mais honestas e responsáveis se se legalizarem e pagarem impostos porque aí já está tudo bem: podem viver só à custa do desespero de inúmeras grávidas mas desde que contribuam com impostos até serão ajudadas através de comparticipações a 100% das IVG com o orçamento geral do Estado. Porque assim é que está certo!
Porque, como o SNS não vai dar conta do recado, vão ser as clínicas privadas que irão garantir que exista alguém para ouvir e dissuadir a grávida de exercer um direito seu (legal, seguro e gratuito) e muito proveitoso para a clínica.
Porque até vão ser essas clínicas que vão verificar se as mulheres que lá chegam foram ou não coagidas por alguém e se suspeitarem que sim, mandarão logo investigar o caso.
Ser pelo Sim é ainda ir a tempo de aprovar uma lei que dá o direito a qualquer mãe sobre qualquer pretexto a matar o seu filho até às dez semanas porque toda a Europa o faz. Sim, ser pelo Sim é ser moderno.
Ser pelo Sim é achar que ainda vamos bem a tempo de fazer passar uma lei que muitos países já se arrependeram de a ter e estão agora a tentar mudá-la. Sim, ainda vamos bem a tempo de nos arrependermos (talvez com um atrasozinho de trinta anos, mas ainda vamos bem a tempo) , isto é ser pelo Sim!
Ser pelo Sim é querer proteger a liberdade de escolha das mulheres mais fracas mas não se ralar com a liberdade das que já existem mas ainda não nasceram. É querer proteger os mais fracos mas só os mais fracos que tenham passado para lá das dez semanas, porque assim é que é ser moderado.
Ser pelo Sim é não falar sobre quando começa a vida humana porque isso é muito complicado e, como ninguém tem certezas se "aquilo" é uma vida humana, querer dar liberdade para que cada um decida conforme acha, mas só até às dez semanas e em estabelecimento legalmente autorizado; se for depois das dez semanas ou num estabelecimento não autorizado, "aquilo" já deve ser considerado uma vida humana e quem a "interrompeu" uma vil criminosa!
Ser pelo Sim é defender que financiar anualmente, com os impostos de todos, milhares de IVG é um enorme passo em frente com a certeza que só pode contribuir para que haja cada vez menos abortos no país. É defender que legalizar faz diminuir uma prática, é defender que tornar uma prática gratuita vai fazer baixar o seu número e defender que esse é o caminho para acabar com o aborto, porque se houvessem indícios de que a legalização aumentava o número de abortos isso seria inadmissível!
Ser pelo Sim é ser pela vida humana das mulheres grávidas que querem "interromper" essa gravidez já que em Portugal todos os anos morrem dezenas (?), ou centenas (?), ou milhares (?), ou serão milhões (?) de mulheres só pelo simples facto de serem pobres e quererem acabar com a vida do seu próprio filho, que ainda não é filho porque não é pessoa mas é um ser humano que não tem os direitos de todos os seres humanos porque é só mais-ou-menos-ser-humano, e assim é que está certo!
Ser pelo Sim é achar que a gravidez pode tornar-se uma doença bastando para isso que a grávida assim o diga, já que, no nosso país as grávidas infelizes são um grave problema de saúde pública!
Ser pelo Sim é pensar que não há qualquer problema em obrigar as nossas mulheres a irem parir a Badajoz mas se lá forem abortar já é um grande problema porque não pode ser, não pode ser, e não pode ser. E se alguma mulher levantar esta questão basta chamá-la de nacionalista xenófoba para a calar e podermos descansar porque temos razão!
Ser pelo Sim é permitir que uma mulher possa "optar" cedendo às pressões do marido, da família, do patrão, da sociedade para que ela possa escolher em "liberdade" e para que não seja: espancada (pelo marido), renegada (pela família), despedida (pelo patrão), desapoiada (por todos nós) só por ser teimosa e querer ser mãe.
Ser pelo Sim é querer um mundo onde nos revoltamos com isto mas ajudamos os mais fortes a pressionar os mais fracos ao legalizar e tornar gratuito o que esses horrorosos querem impor às coitadas das grávidas.
É fazer o jogo dos horrorosos que condenamos e dizer com toda a certeza que é para o bem das mulheres.
Ou será que é para que todos possamos ter sempre mulheres bonitas, magras e disponíveis (?), afinal assim é que é ser jovem, moderno e desenvolvido: pelas mulheres-mulheres desprezando as mulheres-mãe. Que descanso é ser feminista e progressista, sempre contra todas as ideias machistas e conservadoras dos que defendem o Não...
Ser pelo Sim não é criar associações para apoiar todas as grávidas que estão desesperadas, isso não? isso é trabalho para os intolerantes obscurantistas do Não, ser pelo Sim é ver mais longe e oferecer um aborto em vez de ajuda, isso é sim é ser Sim!
Ser pelo Sim é ser-se coerente e ser-se superior aos outros, "é ser maior do que os homens" e ver mais alto.
É ser honesto intelectualmente e possuir uma lógica aristotélica inatacável já que nunca se contradiz nem é o resultado dos mais básicos sentimentos humanos mas sim o fruto da Razão Pura!
Assim Sim, vale a pena ir votar...
Viva a liberdade, igualdade e fraternidade!
Assim é o SIM. Viva o Sim!
SIM OBRIGADO!
A Vida Nasce
ADAV Aveiro
ADAV Coimbra
ADAV Leiria
ADAV Viseu
AFEP – Associação de Formação de Pais
Ajuda de Berço
Ajuda de Mãe
APFN – Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Associação Centro Social e de Promoção Maria Mãe da Igreja
Associação Família e Sociedade
Associação Famílias
Associação Missão: Vida
Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família
Associação Protectora Florinhas da Rua
Associação Vida Universitária
ATPV
Tudo pela Vida
CAF – Centro de Aconselhamento Familiar
Casa de Protecção e Amparo de Stº António
Casa de Santa Isabel, Casa de Acolhimento
Casa de SantAna
CENOFA - Centro de orientação Familiar
Centro de Apoio à Vida da Caritas Diocesana da Guarda
Centro de Mãe e Movimento de Apoio à Grávida
Comissão de Defesa da Vida de Lamego
Comunidade Cristo de Betânea (Fátima)
Comunidade de Cristo de Betânea (Famalicão)
Convergência – Grupo de solidariedade
Enxovais da Mana
Federação Portuguesa Pela Vida
Gabinete de Apoio à Grávida
Irmãs Adoradoras – Casa de Coimbra
Irmãs Adoradoras – Casa dos Olivais
Jovens Pró-Vida
Juntos Pela Vida
Lar de S. José
Lar de Sta Helena
Lar Divino Salvador
MariAjuda Portugal
Maternidade e Vida
Movimento de Defesa da Vida – Lisboa
Movimento de Defesa da Vida - Núcleo Norte
Mulheres em Acção - Associação Lisboa
Mulheres em Acção - Associação Porto
PAV - Talentuus - Inserção Profissional
Ponto de Apoio à Vida
Presépio na Cidade
Santa Casa da Mesiricórdia de Lisboa
Sta. Casa da Misericórdia de Albufeira
VEB – Voluntariado para enxovais de bebé
Vida Norte
VIDA SIM
Vidas com Vida
Vinhas de Raquel
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
Ribeiro 2
Sr. R. Ribeiro:
Já agora deixe-me levantar uma questão: porque é que ninguém se lembra de acusar os defensores do Sim de não terem feito nada para apoiar as mulheres que tanto apregoam defender?
Se de um lado estão os "defensores do feto" e do outro os "defensores das mulheres" é estranho que a coerência só imponha aos primeiros o apoio ás mulheres e aos segundos não. (diga-se de passagem que os primeiros aceitaram o desafio enquanto os segundos só os ouvimos nos últimos 8 anos aos berros sempre que existiam julgamentos e mesmo que as mulheres julgadas tivessem abortado muito depois das 10 ou 12 semanas).
Há-de convir que se temos que exigir a alguém que apoie as mulheres grávidas esse alguém são aqueles que estão sempre com a boca cheia da "liberdade da mulher para decidir".
Ou pode haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria com mais um filho para alimentar ou o aborto? Será que ganhando o SIM existirá liberdade de escolha?
É curioso que de todas as associações que lidam com mulheres que já abortaram não exista nenhuma que se manifeste pelo Sim.
É curioso, não acha?
Sr Rui castanhinha
É de facto curioso!!! Porquê os do "sim"? Não são os do "não" que se arreganham todos contra essas mulheres a ponto de as quererem meter na cadeia e de as humilharem publicamente? E não são as mulheres mais desprotegidas que vão a tribunal? Então, se são tão defensores da vida como valor absoluto, por que não as defendem, repito, defendem para que não tenham necessidade de praticarem o que os senhores condenam? É de facto curioso. E é curioso, como de facto o sr cai em contradição: "Ou pode haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria mais um filho para alimentar ou o aborto"? Esqueceu-se de dizer ...e a seguir a cadeia. É também curioso que o Sr não entenda que a maioria das mulheres que abortaram não venham fazer gala do seu acto. Entende as consequências, não? Mas, mesmo assim, se estivesse com atenção, algumas já o afirmaram publicamente.
O sr tem os seus argumentos e eu respeito-os. Só não aceito que a igreja católica venha com comparações ridículas como as apresentadas pelos bispos de Viseu, Guarda e Bragança. Sem esquecer as afirmações da vigararia episcopal de Vila Real e sem esquecer certos procedimentos como uma missa seguida de uma procissão com a imagem de Nossa Senhora da Esperança (imagem com a santa grávida) numa paróquia lá para os lados de Alcobaça, suplicando e apelando contra o voto na despenalização. Não acha isto lamentável? Finalmente, quero dizer-lhe que muitas das associações que protegem mulheres em dificuldades têm gente que votou e votará "sim" e "não". Mas, se desconhece associações defensoras do "sim" formadas depois do referendo, eu desconheço as formadas pelos defensores do "não". Curiosamente, depois do referendo, os defensores do "não" na época continuaram a encher os meios de comunicação social com NADA...
R. Ribeiro
Caro R.Ribeiro, começando pelo fim quando diz:
«Mas, se desconhece associações defensoras do "sim" formadas depois do referendo, eu desconheço as formadas pelos defensores do "não".»
Eu não disse é que desconhecia.
Eu disse que não existiam! (por acaso até o ajudo e digo que existe uma, a APF, mas é a excepção que infelizmente só confirma a regra)
Mas se acha que estou enganado desminta-me, basta dizer onde estão elas!
O ónus da prova é de quem afirma que existem!
Se quiser uma lista de associações que se preocupam e lidam de perto com mães desesperadas e bebés não desejados tome nota:
Ajuda de Berço
Associação Missão Vida
Associação Portuguesa das Famílias Numerosas
Federação Portuguesa pela Vida
Fórum da Família Juntos pela Vida
Movimento de Defesa da Vida
Ponto de Apoio à Vida
Sinais de Vida
Refúgio Aboim Ascensão
Vida Universitária
Vinhas de Raquel
ETC (são mais de 50!!!!)...
(Quase todas têm site na net, vá lá ver e deixe de dizer: «eu desconheço as associações formadas pelos defensores do "não"»)
Antes de prosseguir gostaria de lhe pedir para não entrarmos numa conversa ridícula sobre quem é que tem mais "soldadinhos de chumbo".
Até poderia ser ao contrário, seria irrelevante para a validade dos argumentos de fundo sobre o referendo.
Eu apenas quero alertar para o ridículo que é criticar o Não por não se ralar com as mulheres, quando do lado do Sim nada se vê de concreto.
Só isso, mais nada, acho que aqui concorda comigo e é pena que só um lado se empenhe em ajudar as mulheres desesperadas.
A bem da verdade você vai dizer-me que também quer ajudar as mulheres: quer ajudar as que querem abortar!
Mas quanto às que estão indecisas e às que querem ter os filhos nada diz, ou seja, o Sim só ajuda com um aborto quem pondera abortar, o Não ajuda todas as mulheres para que esse aborto não tenha razão de ser e mesmo que decidam abortar nunca é recusado o apoio posterior. Protegendo a mãe e o filho.
Não acha que é diferente?
Quando pergunto:
«poderá haver liberdade para decidir se não houver alternativa? Como pode uma mulher ter liberdade de escolha se não houver escolha? se a escolha for continuar na miséria e ter mais um filho para alimentar ou o aborto?» refiro-me a um cenário de liberalização do aborto. Onde as mães deveriam poder escolher livremente, isto é, num cenário onde a escolha para a mulher é: de um lado uma sociedade que abandona a mulher a si própria e não se organiza para a apoiar e, do outro, um Estado que lhe oferece em alternativa um aborto rápido, gratuito, e limpo!
Que mundo é este?
Ela continuará miserável mas pelo menos pode escolher entre matar ou não o seu filho!
É esta a sociedade que a esquerda quer mais livre, mais justa e mais fraterna?
É irónico que, se ganhar o Sim, sejam precisamente os movimentos que defenderam o Não que mais vão lutar para que a mãe possa ter condições para ter o filho. Serão essas associações que permitirão, aí sim, que haja uma escolha livre entre duas alternativas: entre um aborto e uma maternidade com ajuda!
Eu quase que aposto que, seja qual for o resultado, assim que passar o dia 11 não existirá um único movimento pelo Sim a dar origem a uma organização que ajude as mulheres.
Foi assim em 1998 e será assim em 2007 (infelizmente). Quer apostar?
Rui Castanhinha