sexta-feira, 21 de maio de 2010

Post 200

Este é o Post número 200 do Conjurado.
A todos os que me aturam há tanto tempo aqui fica uma homenagem em jeito de pensamento:

Se estão a ler este blog na Europa, Ásia ou América, é muito provável que tenham (aproximadamente 4%) de genes Neandertais.
Se o estão a ler em África, podem ter (quase) a certeza que não têm uma pinga de sangue Neandertal.
Esta regra não é totalmente correcta mas dá uma perspectiva engraçada sobre o Mundo.

E fica a dúvida, se os Homo sapiens e os Homo neanderthalensis puderam procriar e deixaram descendentes férteis, então...
... segundo o conceito biológico de espécie, somos a uma só espécie biológica!

Não acham isto lindo?

É claro que ninguém se vai atrever a juntar as duas mas, para dizer a verdade, deveríamos!

Com a quantidade de neandertais que para aí andam já deveríamos todos estar à espera disto, mas enfim, em ciência temos de ter provas.

E aqui fica o link para o artigo da polémica.

PS: Entretanto, é o Zilhão que se deve estar a rir disto tudo. Parabéns, muito embora nem eu estivesse convencido, aqui tiro o chapéu.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A visita do Papa

COISAS DA SÁBADO: A VISITA DO PAPA...



... tem gerado em vários países, Portugal é um deles, um surto de imbecilidade considerável. À falta de anticlericalismo popular, há agora uma nova forma de anticlericalismo intelectual de parte da esquerda « fracturante ». Enquanto não houver um Papa que seja mulher, lésbica, negra, de preferência não crente, e que vote nos EUA no Obama, os Papas, em particular este, são alvos preferenciais. E este acirra os ânimos de forma muito especial porque é branco, alemão, conservador, teólogo, e conhece bem demais a impregnação da doutrina cristã pelas variantes na moda desde os anos sessenta de « progressismo » esquerdizante. A absurda intolerância dos « fracturantes » exerce-se então em toda a sua amplitude.

(Pacheco Pereira, Retirado do Abrupto)

Post roubado

De acordo com o Público primeiro valiam 500 milhões, depois 90 a 100 milhões e o Sol vem agora dizer que a BBC disse que só valiam 500 mil euros.
Seja como for foi um golpe incrível. Um golpe do catano!

As obras roubadas são "Le pigeon aux petits pois" de Pablo Picasso, "La pastorale" de Henri Matisse, "Nature morte aux chandeliers" de Fernand Léger, "L'olivier près de l'Estaque" de Georges Braque e "La femme à l'éventail" de Amédéo Modigliani.

E se os museus do Estado fossem gratuitos?

E se os museus do Estado tivessem entrada gratuita? - Cultura - PUBLICO.PT

terça-feira, 11 de maio de 2010

Protesto fotográfico 2

Mais fotos do protesto fotográfico que está a decorrer pelo país.

Neste momento estão a ser discutidos no Parlamento vários projectos lei que visam a actualização das Bolsas de investigação científica.

Com a intenção de sensibilizar os nossos deputados são já vários os institutos de investigação que se organizaram numa forma de manifestação original em Maio.

Através de um protesto fotográfico descentralizado.

A ideia é que em cada local de trabalho os bolseiros combinem uma hora para se encontrarem e tirarem um foto conjunta (com cartazes reivindicativos, ou outras formas criativas de protesto e apelo à aprovação de um novo Estatuto justo e digno).
As fotos devem ser enviadas à direcção da ABIC que as compilará e tornará públicas.

Sugiro a todos os investigadores que façam o mesmo por mais pequenos que sejam os seus grupos de investigação. Escrevam ao parlamento (é muito simples, vejam como fazê-lo aqui), coloquem as fotos nos vossos blogues e comuniquem a notícia a todos os que puderem por email, carta, telefonemas ... Agora é o momento de agir!

Eu participei no do ITQB em representação dos bolseiros de Oeiras.

Cá está a foto, para que a Ciência cresça em Portugal!















(Clicar na foto para aumentar)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Florestas, capuccinos e fósseis: como ver tudo de pernas para o ar…

Cada um de nós vê o Mundo à sua maneira.

Uns acham que estamos numa crise como nunca vista e por isso é a pior altura para se viver, outros, que agora é o melhor momento para apostar e investir.

Parece-me que não há nada melhor que olhar para o mundo de uma outra forma, com um pouco de ciência.

Reparem. Um biólogo quando olha para uma floresta tropical consegue imaginá-la de uma forma muito diferente do que estamos habituados. Consegue vê-la através dos olhos das espécies que nela vivem. A esmagadora maioria das espécies que que habitam qualquer floresta tropical não está no solo, nem nos ramos, mas sim no topo das copas das árvores. São insectos! E para eles uma floresta é um manto de folhas verdes aos altos e baixos constantemente ao Sol. Por debaixo, existe um inferno escuro, sem luz, onde vivem meia dúzia de espécies estranhas, enormes…que, se os apanharem lá em baixo comem-nos imediatamente.

Quando um astrónomo olha para o céu através de um telescópio, sabe que o que vê está tão longe que os fotões provenientes das estrelas tiveram de percorrer muitos milhares de anos à velocidade da Luz até poderem formar uma imagem na sua retina.

O fisiologista sabe que o que o astrónomo vê não é a luz que viajou tão rápido de tão longe. “Ver” é o resultado de um padrão de vários impulsos eléctricos provenientes das células da retina e descodificados pelos neurónios existentes na parte de trás do nosso cérebro.

O biólogo vê o cérebro humano como uma estrutura fascinante resultado de milhões de anos de evolução em ambientes tão diversos como o mar, a selva, a savana e mesmo as nossas cidades modernas.

E o paleontólogo sabe que esse cérebro surgiu há tão pouco tempo e que esse acontecimento foi tão único, que essa visão só pode aumentar a sua humildade e respeito por todas as formas de vida que nos rodeiam neste nosso planeta azul.

Se quisermos mesmo ser honestos a Terra nem é o nosso planeta, somos apenas habitantes muito recentes e lá porque alguns de nós conseguem escalar o Evereste, viver nos pólos, e atravessar os desertos mais inóspitos achamos que dominamos o mundo. Nada disso. Se quisermos ter uma ideia sobre a importância das bactérias temos, mais uma vez de inverter a nossa percepção do mundo.

Imaginem um copo de capuccino.

A parte líquida seria proporcional à quantidade de bactérias, a espuma à quantidade de plantas e o chocolate no topo seriam o resto dos outros seres vivos na Terra.

As bactérias são sem dúvida as principais habitantes do nosso planeta, vivem em todo o lado, mesmo dentro de nós. Algumas, podem viver enterradas a vários quilómetros de profundidade na crosta terrestre enquanto outras só vivem felizes a nadar em água a ferver.

Quando eu tinha seis anos de idade o meu avô mostrou-me uma foto do Hallucigenia, um fóssil com mais de 500 milhões de anos! O animal extinto era tão estranho que os cientistas só descobriram mais tarde que o tinham desenhado de pernas para o ar. Assim que descobriram mais fósseis, tiveram de fazer novos desenhos e rescrever os livros.

Não sei o que vocês acham, mas eu gosto, enquanto cientista, de ver o mundo assim, como uma criança de seis anos, sempre maravilhada com o Mundo e sempre pronta para por tudo de pernas para o ar, desde que isso faça mais sentido.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Protesto Fotográfico

Neste momento estão a ser discutidos no Parlamento vários projectos lei que visam a actualização das Bolsas de investigação científica.

Com a intenção de sensibilizar os nossos deputados são já vários os institutos de investigação que se organizaram numa forma de manifestação original entre 3-7 de Maio.

Através de um protesto fotográfico descentralizado.

A ideia é que em cada local de trabalho os bolseiros combinem uma hora para se encontrarem e tirarem um foto conjunta (com cartazes reivindicativos, ou outras formas criativas de protesto e apelo à aprovação de um novo Estatuto justo e digno).
As fotos devem ser enviadas à direcção da ABIC que as compilará e tornará públicas.

Eu participei no do ITQB.

O Instituto Gulbenkian de Ciência também teve direito a protesto e aqui segue a foto que tirei há poucos minutos atrás...















(Clicar na foto para aumentar)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

FameLab 2010

Malta, apareçam no sábado às 17h no Pavilhão do Conhecimento (junto ao Oceanário de Lisboa).

Não percam a Final Nacional do primeiro concurso de divulgação de ciência em Portugal.

São 10 finalistas, cada um com 3 minutos para falar sobre Ciência.




Para entrarem inscrevam-se em: http://www.cienciaviva.pt/actividades2010/final_famelab/

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Papa em Lisboa


















Queluz, no IC 19 a caminho de Lisboa.
Obrigado Hernâni, já tinha tentado tirar uma foto a esta fantástica dupla de cartazes, mas conduzir e fotografar simultâneamente não é o meu forte.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pessoa

Obedeça à gramática quem não sabe pensar o que sente.


Fernando Pessoa (Livro do desassossego)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Over The Rainbow

Mais que uma árvore

Já pensaram por que estamos aqui?

Como surgiram tantas espécies e como se tornaram tão diferentes?

Parecem perguntas de uma criança de seis anos mas Darwin chamou a estas questões o mistério dos mistérios.

A primeira vez que pensei nisto não foi fácil encontrar uma resposta e, deixem-me que vos diga, ao longo da História foram muitas as tentativas para encontrar uma solução.

Desde fantásticas histórias sobre deuses e deusas até animais que sempre existiram e que nunca se modificaram....

Em pleno séc. XIX Charles Darwin esboçou a forma como as espécies evoluíram ao longo dos tempos, desenhando aquela que é a primeira árvore da vida alguma vez feita.

Este desenho continha lá todos os conceitos que actualmente consideramos modernos para estudar biologia evolutiva.

Ao longo do eixo vertical temos o tempo, onde uma espécie deu origem a várias.

Nem todas as espécies chegam aos nossos dias, existem várias que se extinguem. Aliás, hoje sabemos que, ao longo da evolução, o mais comum destino de qualquer espécie é desaparecer. Poder sobreviver, dando origem a novas espécies, é uma pequenina excepção à regra.

Reparem que as que são mais próximas estão ligadas por um ancestral recente e todas as espécies, por mais afastadas que estejam, apresentam sempre um ancestral comum.


E, a melhor parte do desenho talvez seja a pequena frase que ele escreveu no topo do caderno: I think. Acho eu, ou penso eu.

Nunca uma frase tão curta teve tamanha importância na forma como vemos o mundo.

Ainda hoje em dia, o que os biólogos tentam perceber é COMO é que de uma só espécie surgiram tantas e tão belas formas de vida.

Quando, actualmente, queremos saber isto o que fazemos é colocar numa tabela duas listas: uma com espécies e outra com características. Essa tabela é preenchida com muitos e muitos dados. Normalmente usamos zeros e uns, mas podem ser dados moleculares (ou outros). Para terem uma ideia, só preencher a tabela, pode demorar muitos meses. No final, os dados são introduzidos num computador que, usando o mais sofisticado software disponível, calcula todas as relações possíveis entre as espécies em causa e mostra-nos a melhor árvore que as representa.

Chamamos a isso uma análise filogenética.

Após várias horas, senão mesmo dias a calcular, o resultado é um simples esquema em forma de árvore, muito parecido com o que Darwin desenhou há mais de 150 anos. Normalmente tem mais ramos, como é claro, mas tudo o resto, está lá. Aparecem as espécies que se extinguiram, vemos as espécies mais recentes no topo e a ancestrais na base da árvore. Este tipo de análise pode ser aplicada de muitas formas diferentes e pode ser tão robusta que nos permite estudar relações evolutivas entre vírus e determinar quem infectou quem, em que altura e dizer até de onde é proveniente uma determinada estirpe.


E deixem-me que vos diga, pensar que uma simples ideia que surgiu há bem mais de século e meio pode dar sentido a todas as formas de vida que nos rodeiam desde as plantas do nosso jardim até ao maior dinossauro que alguma vez existiu, é simplesmente fascinante.



Somos o produto final deste campeonato ininterrupto a que chamamos Evolução das Espécies, sem nunca termos perdido um único jogo.

É esta afinal, a razão por que todos estamos aqui.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Música

Não vale a pena fazer muitos comentários, é só uma das melhores TED talks de sempre!



Obrigado ao Alex pela dica

terça-feira, 20 de abril de 2010

Igreja e pedofilia

Por enquanto, não quero de forma alguma defender a Igreja no que diz respeito ao que tem vindo a público nos últimos dias.
Mas, como qualquer bom provocador, o Conjurado não podia ficar sem postar nada.
Copio, um texto de José Luís Seixas que encontrei por aí...

« Primeiro lugar-comum: A Igreja Católica é constituída por homens sujeitos às fragilidades da sua condição é um lugar-comum. Poucos são os ungidos pela Santidade. O Povo de Deus é formado por pecadores que esperam a remição das suas faltas. E tantas são.

Segundo lugar-comum: As denunciadas práticas de pedofilia imputadas a sacerdotes católicos são chocantes e indignam de forma especial os próprios católicos. São ofensas gravíssimas às crianças e a Deus, cometidas por quem as devia proteger e educar.


Terceiro lugar-comum: O ocorrido em instituições da Igreja Católica passou-se em instituições de outras Igrejas, de organizações laicas, do próprio Estado e passa-se, infelizmente, no seio de muitas famílias. Entre nós o infindável “Processo Casa Pia” deixou no ar muitas e muitas interrogações sobre os comportamentos de uns e as omissões de outros. E falamos de tempos recentes. Não remontamos a meio século atrás em que a valoração destes actos era outra e os silêncios acobertavam prevaricadores com relevância pública conhecida.


Quarto lugar-comum: Esta factualidade nada justifica ou branqueia. Ao contrário do mundo secular, a Igreja prostrou-se perante o sacrifício e a dor das vítimas de tais perversões. Pediu desculpa num gesto de profundo sofrimento. Reparou o que pôde reparar. E submeteu à Justiça dos homens os crimes praticados.

O que também é lugar-comum: Tudo isto é indiferente ao fundamentalismo ateísta, alimentado por ódios, recalcamentos e muita irresponsabilidade. Ver beliscada a autoridade moral da Igreja através de comportamentos indignos de alguns sacerdotes é uma prebenda que desfruta com indizível deleite. Ao pé desta campanha, o anticlericalismo jacobino da Carbonária era um jogo de playstation! »

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para que serve estudar Evolução

Ontem tive um jantar de família, estava lá toda a gente: os meus avós, pais, irmãs e primos. O meu sobrinho de seis anos perguntou-me para que serve estudar a Evolução.

Eu respirei fundo e disse:

- Não sabes para que serve a Evolução? Serve para poderes ver melhor.

Ele respondeu-me:

- Como as cenouras que têm vitaminas?

- Mais ou menos como as cenouras, mas melhor ainda, porque te faz ver o mundo de uma outra forma.

Já pensaram nisso? Para que serve estudar a Evolução?

Actualmente existem entre 1.5 e 1,8 milhões de espécies já descritas. Segundo algumas estimativas, faltam identificar entre 10 a 100 milhões.

Acham muita bicharada?

Podemos multiplicar esse número por mil se quisermos ficar com uma estimativa do número de espécies que existiram mas já se extinguiram.

Caminhamos todos os dias sobre sedimentos com inúmeros fósseis que são a prova literal de que já cá não estão. Por diversas razões não deixaram descendentes.

Portanto, entre as inúmeras espécies que, ao longo da idade da Terra foram evoluindo a partir de um ancestral comum, muito poucas foram bem sucedidas.

Como foi isto possível?

Darwin, melhor que ninguém, resolveu o enigma há 150 anos.

Bastaram 3 palavras: Variação, Hereditariedade, Selecção.

Variação: Facilmente reconhecemos que somos todos diferentes uns dos outros e que não existem dois animais exactamente iguais. Uns são mais altos outros mais baixos, uns correm mais outros correm menos. Existe imensa variação.

Hereditariedade: Somos todos mais parecidos com os nossos pais do que com os pais dos nossos vizinhos… eu, pelo menos, estou convencido que sim e espero que vocês também. ;) Isto é, apesar de sermos diferentes a nossas características são transmitidas de pais para filhos.

Selecção: Nem todos os organismos sobrevivem para deixar descendentes. Se não acreditam em mim façam as contas.

Algumas estirpes de bactérias levam apenas uma hora a dividir-se em duas.

A maioria das bactérias ocupa uma área um milhão de vezes mais pequena que um milímetro quadrado! A Terra tem 510 milhões de quilómetros quadrados.

Se a nossa bactéria se dividisse em duas ao fim de uma hora e essas duas ao fim de outra hora se dividissem em quatro, e por aí fora…Seriam necessárias apenas 90 horas para cobrir toda a Terra. Menos de 4 (quatro) dias!!

Nem todas as bactérias deixam descendentes e o mesmo é verdade para o resto dos seres vivos. Ou seja, a Natureza selecciona a sua própria variação.

Repetindo este ciclo, ao longo de muitas gerações, temos aquilo a que se chama de Selecção Natural. A Natureza selecciona-se a si mesma e todos os animais e plantas que hoje vemos são fruto de uma origem comum, que poderíamos representar numa árvore da vida bem maior que qualquer árvore genealógica alguma vez feita pelo Homem.

Somos todos primos mais ou menos afastados, desde os insectos do nosso jardim até à enorme baleia azul. Mais que isso, nunca nenhum dos nossos antepassados directos ficou sem filhos que também não tivessem outros filhos. Somos o produto deste campeonato ininterrupto sem nunca termos perdido um único jogo.














Da próxima vez que tiverem uma depressão lembrem-se disto, somos todos campeões! É bem melhor que tomar um comprimido. ;) É mais ou menos como as cenouras mas ainda melhor!



Parabéns ao Tomás pela foto.

A árvore filogenética representa apenas 0.18% das espécies já descritas. Imaginem como seria com o resto...