sábado, 16 de abril de 2016

Luís Costa Júnior (1966-2015)

Precisamente em Abril do ano passado faleceu em Maputo um dos mais importantes impulsionadores da geologia Moçambicana: Luís Costa Júnior.

Formado em Geologia pela Universidade Eduardo Mondlane foi director do Museu Nacional de Geologia. Liderou diversas iniciativas e projectos para o estudo das gemas, recursos minerais e paleontologia nacional. Descreveu por exemplo a primeira espécie de vertebrado fóssil autóctone de Moçambique, a: Niassodon mfumukasi (= a rainha do Niassa).

Apostou sempre na formação de todos os que trabalhavam com ele e estabeleceu inúmeras parcerias internacionais. Em Portugal colaborou com diversas instituições, desde o Museu da Lourinhã, Fundação Calouste Gulbenkian, Universidade do Minho, Instituto Superior Técnico, Instituto Gulbenkian de Ciência, Geoparque Arouca, entre outras.



Luís Costa Júnior, em visita ao Museu da Lourinhã (2012)

Sem preconceitos, desenvolveu esforços para unir a CPLP num bloco económico que soubesse utilizar os recursos geológicos comuns como forma de influenciar e promover o desenvolvimento em diversos países.

Lembro-me de me dizer recorrentemente que as reservas de petróleo, gás natural, carvão e pedras preciosas que existem na CPLP são mais do que suficientes para poder mudar muita coisa no tabuleiro geopolítico internacional. A CPLP possui recursos naturais que devem ser só superados pela OPEP. Quantos de nós já se atreveram a pensar que a CPLP pode um dia ditar o preço do petróleo?

Ao longo dos últimos anos tive a oportunidade de poder conhecê-lo bem.
Era um gigante.
Tinha visão, inteligência, e uma generosidade incomuns.
O seu projecto para a promoção, investigação e conservação da geologia moçambicana representa hoje em dia um exemplo típico de uma abordagem moderna alicerçada no desenvolvimento sustentável da ciência num país como Moçambique.

Sabia o que o seu país necessitava e conhecia a forma de chegar lá. Acreditava nos projectos em que se envolvia e confiava na sua equipa sendo sempre leal com todos. Apoiou e garantiu financiamento para que a maior parte dos seus trabalhadores pudessem estudar no estrangeiro.

O Museu Nacional de Geologia era a sua casa. Deixou-nos uma instituição única que agora se encontra em muito boas condições e em excelentes mãos para continuar a desenvolver os seus 3 grandes pilares: a investigação, conservação do património e a divulgação de ciência.

Foi um prazer poder ser seu amigo, ensinou-me que acima de tudo estão as pessoas e que a ciência deve servir todos e não apenas uma classe de iluminados.

As suas qualidades humanas superavam qualquer outro aspecto da sua personalidade, foi um verdadeiro líder.
Moçambique perdeu um gigante mas a sua obra fica.

Obrigado por tudo Luís, continuaremos a desenvolver a ciência em Moçambique, essa é a melhor homenagem que te poderá ser feita.





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