Formado em Geologia pela Universidade Eduardo Mondlane foi director do Museu Nacional de Geologia. Liderou diversas iniciativas e projectos para o estudo das gemas, recursos minerais e paleontologia nacional. Descreveu por exemplo a primeira espécie de vertebrado fóssil autóctone de Moçambique, a: Niassodon mfumukasi (= a rainha do Niassa).
Apostou sempre na formação de todos os que trabalhavam com ele e estabeleceu inúmeras parcerias internacionais. Em Portugal colaborou com diversas instituições, desde o Museu da Lourinhã, Fundação Calouste Gulbenkian, Universidade do Minho, Instituto Superior Técnico, Instituto Gulbenkian de Ciência, Geoparque Arouca, entre outras.
Luís Costa Júnior, em visita ao Museu da Lourinhã (2012) |
Sem preconceitos, desenvolveu esforços para unir a CPLP num bloco económico que soubesse utilizar os recursos geológicos comuns como forma de influenciar e promover o desenvolvimento em diversos países.
Lembro-me de me dizer recorrentemente que as reservas de petróleo, gás natural, carvão e pedras preciosas que existem na CPLP são mais do que suficientes para poder mudar muita coisa no tabuleiro geopolítico internacional. A CPLP possui recursos naturais que devem ser só superados pela OPEP. Quantos de nós já se atreveram a pensar que a CPLP pode um dia ditar o preço do petróleo?
Ao longo dos últimos anos tive a oportunidade de poder conhecê-lo bem.
Era um gigante.
Tinha visão, inteligência, e uma generosidade incomuns.
O seu projecto para a promoção, investigação e conservação da geologia moçambicana representa hoje em dia um exemplo típico de uma abordagem moderna alicerçada no desenvolvimento sustentável da ciência num país como Moçambique.
Sabia o que o seu país necessitava e conhecia a forma de chegar lá. Acreditava nos projectos em que se envolvia e confiava na sua equipa sendo sempre leal com todos. Apoiou e garantiu financiamento para que a maior parte dos seus trabalhadores pudessem estudar no estrangeiro.
O Museu Nacional de Geologia era a sua casa. Deixou-nos uma instituição única que agora se encontra em muito boas condições e em excelentes mãos para continuar a desenvolver os seus 3 grandes pilares: a investigação, conservação do património e a divulgação de ciência.
Foi um prazer poder ser seu amigo, ensinou-me que acima de tudo estão as pessoas e que a ciência deve servir todos e não apenas uma classe de iluminados.
As suas qualidades humanas superavam qualquer outro aspecto da sua personalidade, foi um verdadeiro líder.
Moçambique perdeu um gigante mas a sua obra fica.
Obrigado por tudo Luís, continuaremos a desenvolver a ciência em Moçambique, essa é a melhor homenagem que te poderá ser feita.
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