sexta-feira, 21 de maio de 2010

Até que enfim...

Estou-me nas tintas, mas aqui fica o parabéns.

Parabéns a todos e todas que se vão poder casar em breve em Portugal e que não o podiam fazer antes.

Agora lá que isto não acaba aqui não acaba... o passo seguinte é por demais óbvio.
A adopção por casais do mesmo sexo é só uma questão de tempo.
Não só porque a lei tal como fica agora, é inconstitucional, como também porque é inevitável que assim seja. A nossa sociedade tratará de fazer a lei mudar de novo.
E se querem que eu vos diga, a pesar de me estar nas tintas, acho muito bem!

Cavaco ficou muito mal na fotografia.
Não concorda, mas promulga.
Podia vetar? Podia
Mas não o vai fazer? Não
E não serve o veto para vetar as leis com as quais não concorda? Sim
Mas vai promulgar? Vou

Enfim... triste figura.
Tudo isto por duas razões:

1. Porque se a lei fosse vetada, provavelmente, seria aprovada de novo no parlamento e teria de ser promulgada em 8 dias pelo Prof. Cavaco.
2. Porque não podemos desviar as atenções da crise actual.

Ou seja, ficámos todos a saber que o nosso Presidente só vetará os projectos lei que tenham a garantia de, caso sejam vetados (e, como é obrigatório, tenham de voltar ao parlamento) não obtenham maioria de novo. Não estou a ver os nosso deputados a brincarem aos políticos: "vamos lá mandar o barro à parede e ver se passa, por que se vier para trás não o aprovamos de novo..."
Ora como não estou a ver que isso alguma vez venha a acontecer, também não estou a ver o nosso Sr. Presidente com coragem, pelo menos até ao final do mandato, para vetar seja o que for.

E de uma só assentada, aprendemos também que não se devem vetar os projectos lei que possam distrair da crise. Como não vamos sair da dita cuja tão rapidamente, o convite fica feito, agora é que é para aprovar tudo o que gere polémica, e quanto mais melhor, porque quanto mais alarido der um projecto lei, menos provável é que o nosso presidente o vete.
Sabem... é que distrai as atenções da crise (a tal que ele nem tem nada a ver).

Obviamente esta história não termina aqui. Copio parcialmente um post do meu amigo Luís Grave Rodriges que diz com muita razão:

Para além de (basicamente) ter alterado a redacção do artigo 1.577º do Código Civil, exactamente a norma que define a noção de casamento civil, retirando-lhe a expressão «de sexo diferente», esta nova lei veio também restringir expressamente no seu artigo 3º a possibilidade da adopção por pessoas casadas com cônjuge do mesmo sexo. Ora, e como é por demais óbvio, esta norma é claramente inconstitucional.

E por três motivos:


- Primeiro, porque estabelece uma distinção entre formas de casamento em razão do sexo e da orientação sexual dos respectivos cônjuges;

- Segundo, porque retira, a quem já antes a tinha, a possibilidade de adopção a quem se case com pessoa do mesmo sexo;

- Terceiro, porque trata o casamento entre pessoas do mesmo sexo como uma espécie de “casamento menor” em relação ao casamento entre pessoas de sexo diferente.


Estas inconstitucionalidades são tão flagrantes que se está mesmo a ver que se devem a uma mera estratégia do Governo (que, diga-se de passagem, não lhe ficou nada bem), que não quis “chocar” muito as pessoas quando apresentou a sua proposta de lei do casamento homossexual à Assembleia da República.


E são tão inequívocas que até o próprio Presidente da República teve o cuidado de não pedir especificamente ao Tribunal Constitucional a apreciação da constitucionalidade deste artigo 3º. Como muito bem sabia o Sr. Presidente, o resultado seria mais do que esperado, e é por isso que a sua atitude revela, da sua parte, uma grande falta de honestidade política.
Perante isto, o que se passará agora a seguir?


Pois bem: Teremos agora de esperar que um casal homossexual se apresente a uma entidade administrativa qualquer, e requeira um processo de adopção. Depois, perante a recusa da adopção com o fundamento de que o casal é composto por dois cônjuges do mesmo sexo, é só recorrer judicialmente da decisão – até ao Tribunal Constitucional.

E aí, como sabemos, “o caminho das pedras” é já de todos conhecido...
Por outras palavras: A adopção de crianças por casais homossexuais em Portugal não é mais do que uma mera e simples questão de tempo.


Vamos lá ver quanto tempo demora agora.

Post 200

Este é o Post número 200 do Conjurado.
A todos os que me aturam há tanto tempo aqui fica uma homenagem em jeito de pensamento:

Se estão a ler este blog na Europa, Ásia ou América, é muito provável que tenham (aproximadamente 4%) de genes Neandertais.
Se o estão a ler em África, podem ter (quase) a certeza que não têm uma pinga de sangue Neandertal.
Esta regra não é totalmente correcta mas dá uma perspectiva engraçada sobre o Mundo.

E fica a dúvida, se os Homo sapiens e os Homo neanderthalensis puderam procriar e deixaram descendentes férteis, então...
... segundo o conceito biológico de espécie, somos a uma só espécie biológica!

Não acham isto lindo?

É claro que ninguém se vai atrever a juntar as duas mas, para dizer a verdade, deveríamos!

Com a quantidade de neandertais que para aí andam já deveríamos todos estar à espera disto, mas enfim, em ciência temos de ter provas.

E aqui fica o link para o artigo da polémica.

PS: Entretanto, é o Zilhão que se deve estar a rir disto tudo. Parabéns, muito embora nem eu estivesse convencido, aqui tiro o chapéu.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A visita do Papa

COISAS DA SÁBADO: A VISITA DO PAPA...



... tem gerado em vários países, Portugal é um deles, um surto de imbecilidade considerável. À falta de anticlericalismo popular, há agora uma nova forma de anticlericalismo intelectual de parte da esquerda « fracturante ». Enquanto não houver um Papa que seja mulher, lésbica, negra, de preferência não crente, e que vote nos EUA no Obama, os Papas, em particular este, são alvos preferenciais. E este acirra os ânimos de forma muito especial porque é branco, alemão, conservador, teólogo, e conhece bem demais a impregnação da doutrina cristã pelas variantes na moda desde os anos sessenta de « progressismo » esquerdizante. A absurda intolerância dos « fracturantes » exerce-se então em toda a sua amplitude.

(Pacheco Pereira, Retirado do Abrupto)

Post roubado

De acordo com o Público primeiro valiam 500 milhões, depois 90 a 100 milhões e o Sol vem agora dizer que a BBC disse que só valiam 500 mil euros.
Seja como for foi um golpe incrível. Um golpe do catano!

As obras roubadas são "Le pigeon aux petits pois" de Pablo Picasso, "La pastorale" de Henri Matisse, "Nature morte aux chandeliers" de Fernand Léger, "L'olivier près de l'Estaque" de Georges Braque e "La femme à l'éventail" de Amédéo Modigliani.

E se os museus do Estado fossem gratuitos?

E se os museus do Estado tivessem entrada gratuita? - Cultura - PUBLICO.PT

terça-feira, 11 de maio de 2010

Protesto fotográfico 2

Mais fotos do protesto fotográfico que está a decorrer pelo país.

Neste momento estão a ser discutidos no Parlamento vários projectos lei que visam a actualização das Bolsas de investigação científica.

Com a intenção de sensibilizar os nossos deputados são já vários os institutos de investigação que se organizaram numa forma de manifestação original em Maio.

Através de um protesto fotográfico descentralizado.

A ideia é que em cada local de trabalho os bolseiros combinem uma hora para se encontrarem e tirarem um foto conjunta (com cartazes reivindicativos, ou outras formas criativas de protesto e apelo à aprovação de um novo Estatuto justo e digno).
As fotos devem ser enviadas à direcção da ABIC que as compilará e tornará públicas.

Sugiro a todos os investigadores que façam o mesmo por mais pequenos que sejam os seus grupos de investigação. Escrevam ao parlamento (é muito simples, vejam como fazê-lo aqui), coloquem as fotos nos vossos blogues e comuniquem a notícia a todos os que puderem por email, carta, telefonemas ... Agora é o momento de agir!

Eu participei no do ITQB em representação dos bolseiros de Oeiras.

Cá está a foto, para que a Ciência cresça em Portugal!















(Clicar na foto para aumentar)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Florestas, capuccinos e fósseis: como ver tudo de pernas para o ar…

Cada um de nós vê o Mundo à sua maneira.

Uns acham que estamos numa crise como nunca vista e por isso é a pior altura para se viver, outros, que agora é o melhor momento para apostar e investir.

Parece-me que não há nada melhor que olhar para o mundo de uma outra forma, com um pouco de ciência.

Reparem. Um biólogo quando olha para uma floresta tropical consegue imaginá-la de uma forma muito diferente do que estamos habituados. Consegue vê-la através dos olhos das espécies que nela vivem. A esmagadora maioria das espécies que que habitam qualquer floresta tropical não está no solo, nem nos ramos, mas sim no topo das copas das árvores. São insectos! E para eles uma floresta é um manto de folhas verdes aos altos e baixos constantemente ao Sol. Por debaixo, existe um inferno escuro, sem luz, onde vivem meia dúzia de espécies estranhas, enormes…que, se os apanharem lá em baixo comem-nos imediatamente.

Quando um astrónomo olha para o céu através de um telescópio, sabe que o que vê está tão longe que os fotões provenientes das estrelas tiveram de percorrer muitos milhares de anos à velocidade da Luz até poderem formar uma imagem na sua retina.

O fisiologista sabe que o que o astrónomo vê não é a luz que viajou tão rápido de tão longe. “Ver” é o resultado de um padrão de vários impulsos eléctricos provenientes das células da retina e descodificados pelos neurónios existentes na parte de trás do nosso cérebro.

O biólogo vê o cérebro humano como uma estrutura fascinante resultado de milhões de anos de evolução em ambientes tão diversos como o mar, a selva, a savana e mesmo as nossas cidades modernas.

E o paleontólogo sabe que esse cérebro surgiu há tão pouco tempo e que esse acontecimento foi tão único, que essa visão só pode aumentar a sua humildade e respeito por todas as formas de vida que nos rodeiam neste nosso planeta azul.

Se quisermos mesmo ser honestos a Terra nem é o nosso planeta, somos apenas habitantes muito recentes e lá porque alguns de nós conseguem escalar o Evereste, viver nos pólos, e atravessar os desertos mais inóspitos achamos que dominamos o mundo. Nada disso. Se quisermos ter uma ideia sobre a importância das bactérias temos, mais uma vez de inverter a nossa percepção do mundo.

Imaginem um copo de capuccino.

A parte líquida seria proporcional à quantidade de bactérias, a espuma à quantidade de plantas e o chocolate no topo seriam o resto dos outros seres vivos na Terra.

As bactérias são sem dúvida as principais habitantes do nosso planeta, vivem em todo o lado, mesmo dentro de nós. Algumas, podem viver enterradas a vários quilómetros de profundidade na crosta terrestre enquanto outras só vivem felizes a nadar em água a ferver.

Quando eu tinha seis anos de idade o meu avô mostrou-me uma foto do Hallucigenia, um fóssil com mais de 500 milhões de anos! O animal extinto era tão estranho que os cientistas só descobriram mais tarde que o tinham desenhado de pernas para o ar. Assim que descobriram mais fósseis, tiveram de fazer novos desenhos e rescrever os livros.

Não sei o que vocês acham, mas eu gosto, enquanto cientista, de ver o mundo assim, como uma criança de seis anos, sempre maravilhada com o Mundo e sempre pronta para por tudo de pernas para o ar, desde que isso faça mais sentido.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Protesto Fotográfico

Neste momento estão a ser discutidos no Parlamento vários projectos lei que visam a actualização das Bolsas de investigação científica.

Com a intenção de sensibilizar os nossos deputados são já vários os institutos de investigação que se organizaram numa forma de manifestação original entre 3-7 de Maio.

Através de um protesto fotográfico descentralizado.

A ideia é que em cada local de trabalho os bolseiros combinem uma hora para se encontrarem e tirarem um foto conjunta (com cartazes reivindicativos, ou outras formas criativas de protesto e apelo à aprovação de um novo Estatuto justo e digno).
As fotos devem ser enviadas à direcção da ABIC que as compilará e tornará públicas.

Eu participei no do ITQB.

O Instituto Gulbenkian de Ciência também teve direito a protesto e aqui segue a foto que tirei há poucos minutos atrás...















(Clicar na foto para aumentar)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

FameLab 2010

Malta, apareçam no sábado às 17h no Pavilhão do Conhecimento (junto ao Oceanário de Lisboa).

Não percam a Final Nacional do primeiro concurso de divulgação de ciência em Portugal.

São 10 finalistas, cada um com 3 minutos para falar sobre Ciência.




Para entrarem inscrevam-se em: http://www.cienciaviva.pt/actividades2010/final_famelab/