Esteve tudo isto – sempre transparente – na minha mente.
Esteve, no pretérito, mas já não está.
Conversando e conversando, converti-me. Sou monárquico. Não um monárquico qualquer mas sim um monárquico especial. Melhor que me catalogar deixem-me contar-vos como me converteram.
Segue-se o meu caminho de Damasco, foi mais ou menos assim:
Eu – Olá, viva a República!
- E define lá isso de “comissão de sábios”.
- Era simples… bem… quer dizer… olha só para não dizeres que não defendo a democracia até nem me chocava que fossem os parlamentares a avaliar os príncipes e as princesas.
- Sim isso era giro mas voltando um pouco atrás. Se os filhos bastardos do rei quisessem ser avaliados pelo parlamento podiam ou não podiam? Afinal eram filhos do Rei.
- Como se o reis actuais tivessem assim tantos filhos bastardos. Mas ok, não fugindo à tua pergunta, podiam sim, não havia problema. A regra é serem filhos do Rei.
- Só os filhos do Rei? Só esses?
- Sim só esses.
- E se o Rei não tivesse filhos?
- Lá estás tu a complicar. Bom se não houvessem filhos, íamos aos sobrinhos e irmãos do Rei e por ai fora… tínhamos era de os educar para serem chefes de estado, logo desde pequeninos.
- Mas não valem só os filhos do Rei? Afinal os sobrinhos e a família real (desde que educados para tal) são perfeitamente capazes de se tornarem chefes de Estado, certo?
- Sim certo. Isso era ainda mais seguro e justo. Era uma monarquia aperfeiçoada.
- Devíamos era educar todos os familiares do Rei para poderem ser avaliados pelo parlamento quando chegasse a infeliz notícia da morte do Rei.
- Sim sim, isso mesmo. Não me choca nada.
- Pois a mim também não. Só acho é que era ainda melhor se não restringíssemos aos familiares do Rei. Porque não às famílias dos nobres todos e aos seus amigos mais próximos?
- Ok pronto…Vá lá dos nobres e os seus amigos mais próximos. Mas a mais ninguém!
- Mas mais ninguém? Porquê mais ninguém? O que é que os amigos dos nobres são mais que tu e eu? Era só que faltava.
- Ok ok. Pronto ganhaste tenho de concordar. Podiam ser todos, desde que tivessem educação e fossem os melhores.
- E a que tipo de educação te referes?
- Conhecer o mundo, saber falar várias línguas, ser culto, saber ciência e politica… esse tipo de assuntos.
- Deixa ver se eu percebo. Começávamos por educar essas pessoas desde muito jovens, desde os 3 ou 4 anos em escolas especiais com professores especiais. Depois continuavam a sua educação estudando Português, Matemática, Musica, Línguas estrangeiras, informática e Desporto. Em seguida ensinávamos-lhe a pensar sobre o mundo em escolas para príncipes mas crescidos onde aprendiam para além disso Geografia, Historia, Literatura, Ciências Naturais, Física e Química, etc. Quando fossem mais crescidinhos até podiam escolher as disciplinas dentro da área que mais gostavam. Claro que poderiam tirar um curso e posterior doutoramento na melhor universidade real e pronto. Tudo isto pago com dinheiro do estado claro. Quando fossem maiores e após tantos anos de educação podiam apresentar-se para serem avaliados em igualdade de competição.
- Já estou a ver onde queres chegar… mas não me apanhas, o Rei era nomeado (não por todos mas apenas pelo parlamento) vitaliciamente! Até morrer, capiche?
- Ok ok. Tudo bem não cedes aí. Mas e se o Rei começasse a fazer disparates por loucura ou por malvadez?
- Aí o parlamento demitia-o!
- Então não era vitalício?
- Era quase, tinha de haver um controlo.
- E se em vez de vitalício o parlamento fosse obrigado periodicamente a avaliar o Rei. Digamos de 10 em 10 anos. Passado esse tempo o parlamento voltava a avaliar o Rei e a renomeá-lo ou não, nesse caso nomeavam outro para ocupar o cargo.
- Pois podia ser não vejo grande problema, até podiam ser períodos mais curtos, desde que fossem suficientemente longos. Tinham de ter alguma representatividade das suas reais competências.
- E isso seria mais ou menos quanto tempo?
- Sei lá no mínimo 5 ou 6 anos…
- Pois. E se em vez de nos apresentarmos todos à molhada para sermos avaliados no parlamento, existissem organizações que nomeavam ou apoiavam candidatos a essa eleição do Rei?
- Eleição? Tas louco? Isso não, jamais!
- Desculpa queria dizer nomeação.
- Ok, aí tudo bem. Até era mais simples. O pessoal organizava-se, discutia as suas ideias e esses grupos nomeavam os melhores de entre eles para serem avaliados. Boa ideia.
- Como?... Pensa lá…
- Mas isso… isso… não é uma monarquia.
- É sim Sr. é uma Monarquia das bananas!
- Ah, então defendes uma monarquia.
- Sim mas uma Monarquia das bananas!
É que no fundo no fundo há uma só coisa que distingue uma monarquia de uma república. Na primeira é apenas uma família Real que tem o direito e o dever de gerar os sucessivos representantes vitalícios de todos cidadãos. Na segunda o dever e o direito é de todas as famílias dos cidadãos que são chamadas a gerar sucessivamente potenciais representantes reais.
E digam lá se não é muito mais giro sermos todos príncipes e princesas deste nosso querido Portugal?
1 comentário:
aprovado!
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